Biblioteca Amadeu Amaral do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, Rio de Janeiro.
Referência bibliográfica:
FREYRE, Gilberto. A Casa Brasileira. Rio de Janeiro: Grifo Edições, 1971.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Gilberto Freyre (1900-1987), nasceu em Recife-PE, e foi sociólogo e ensaísta. Autor de "Casa Grande & Senzala”, obra vista como a mais representativa sobre a formação da sociedade brasileira, recebeu ao longo de sua vida diversos prêmios em reconhecimento da qualidade de sua obra sociológica. Na Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, graduou-se artes liberais e especializou-se em política e sociologia. Fez pós-graduação na Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, obtendo o grau de mestre com o trabalho "Vida Social no Brasil em Meados do século XIX", orientado pelo antropólogo Franz Boas, de quem recebeu grande influência intelectual. Entre 1933 e 1937 escreveu três livros voltados para o problema da formação da sociedade patriarcal no Brasil: Casa Grande & Senzala, Sobrados e Mucambos e Nordeste. Lecionou Sociologia na Universidade do Distrito Federal a convite de Anísio Teixeira e foi funcionário do antigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), hoje IPHAN, em cuja revista colaborou diversas vezes. O texto em exame foi publicado pela primeira vez em 1937, pelo Ministério da Educação e Saúde na série Publicações do SPHAN.
. Sobre uma singularidade brasileira no estudo de tipos regionais de casa
. A casa como centro da formação social do Brasil
. A propósito do sobrado brasileiro de origem açoriana: sua relação com outros sobrados de residência
. O mucambo do nordeste como expressão brasileira de arquitetura popular de residência
. Casas de residência no Brasil: patriarcal: em tôrno do testemunho de um arquiteto francês
Resumo :
A obra é uma tentativa de síntese de três abordagens preliminares do autor: a antropológica, a histórica e a sociológica. É também uma reunião e desenvolvimento de obras anteriores que versam sobre o tema. A tese central é que a casa – patriarcal e materna, ao mesmo tempo - governou a formação social do Brasil e é ainda atuante na formação do ethos brasileiro, donde a necessidade de incorporar a psicanálise, e até a autoanálise, nesse estudo. O processo de formação do Brasil, segundo Freyre, seria mais de auto-colonização do que de colonização por europeus. Nele, a família – a unidade patriarcal, cristã e escravocrata – teria agido em cooperação com governo e Igreja, em vez de ser subordinada. A casa seria, portanto, local de confluência e de influências culturais – européia, ameríndia, africana - nos valores, higiene, recreação, dança, música, caça, pesca e lavoura. Ao mesmo tempo, seria centro de irradiação da cultura europeia – por meio da catequese, educação e moralização – e laboratório de experimentos na cozinha e na farmacopéia. A casa seria, assim, o centro de uma europeização, em uma ecologia tropical e semitropical, e expressão coletiva e anônima, não de arquitetos eruditos e ou de talentos individuais. Seria ainda característica de uma civilização luso-tropical, estilisticamente à parte das outras grandes civilizações, com artes puras e aplicadas próprias, assim como com uma concepção de tempo específica e com alguma convergência com o mundo hispano-tropical. Singularidade evidente, ao se constatar a flexibilidade maior do português diante dos trópicos quando comparado com o holandês e o inglês. O ápice seria a casa-grande patriarcal: de engenho, fazenda, estância, sítio ou chácara, e sua versão urbana, o sobrado. Este, adaptando-se ao espaço social e geométrico da cidade, teria passando do “privatismo” ao civismo. A casa teria também versões mais simples como a casa do caboclo e o mucambo rural ou urbano. Se a casa-grande era símbolo e espelho da sociedade centrada na família patriarcal, “terratenente” e escravocrata, sua contraparte, o mucambo, era de confluência ameríndia e africana. Na conquista do território, duas espécies de auto-colonização teriam ocorrido: a da casa-grande senhorial, vertical, dominando sesmarias, engenhos, fazendas e estâncias; e a da casa do bandeirante, horizontal, de extrema mobilidade, correspondendo a choças frágeis vividas por homens rijos. O tipo de família patriarcal, com algo de feudal, foi no Império a base da estabilidade social e econômica, fornecendo chefes políticos no interior, parlamentares, estadistas, ministros e diplomatas, que ainda mantinham vínculos com a terra, como o Barão de Penedo, o Barão de Cotegipe, o Visconde de Camaragipe. Tal “familismo” passaria ainda à República. Freyre acredita que haveria correlação entre os traços característicos das personalidades ou das figuras mais ilustres da época e os tipos sociais e regionais das casas em que cresceram, prolongando-se no estudo de Joaquim Nabuco, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. A seguir, estuda o sobrado brasileiro de origem açoriana, no Rio Grande do Sul, e assinala a necessidade de identificar a intensidade e extensão de tal origem e de sua adaptação ao Brasil. Como a eliminação da chaminé grande, simplificação que já vinha ocorrendo nas ilhas e em Portugal, e que poderia ser explicada sociologicamente, pelo fato de as casas serem habitadas por casais de hábitos de poupança e sobriedade, e psicologicamente, por serem pioneiros desdenhosos de conforto. Registra a presença da “pombinha”, como proteção contra forças sobrenaturais, e a necessidade de estudo, com compilação e comparação, da sobrevivência das práticas profiláticas. Quanto às similaridades entre Norte e Sul do país, aponta que o mobiliário doméstico dos fidalgos, da aristocracia da banha, é similar aos da casa-grande e sobrados nordestinos. Freyre estuda em seguida a casa popular, o “mucambo”, ressaltando os preconceitos contra os mesmos. Salienta os seus valores eminentemente funcionais, como a adaptação climática superior e a higiene, e mesmo os valores estéticos, por meio de sua sobriedade e da beleza dos trançados. Apesar de arcaísmo nas grandes metrópoles, o mucambo ainda teria, segundo ele, seu lugar no restante do país e, adaptado como vinha sendo a novas funções e mediante a absorção de materiais industriais, tornara-se pós-moderno. O mucambo estaria atrelado à vegetação, sendo, mais que matéria-prima, um verdadeiro complexo cultural, podendo-se identificar sua presença em quatro grandes zonas: da carnaúba, do buriti, da barriguda e do coqueiro da índia. Por último, Freyre fala do testemunho do engenheiro e arquiteto francês Louis Leger Vauthier, que esteve no Brasil de 1840 a 1846, sobre a arquitetura doméstica a partir de correspondências, diários, relatórios e artigos publicados. O seu testemunho confirmaria as teses do autor, como a influência moura, a relação das plantas das casas com a vida patriarcal e escravocrata e as semelhanças entre habitações nobres do Sul e do Norte, tais como a continuidade da varanda como comunicação perimetral protegida. Contemporâneo das mudanças técnicas e estéticas das habitações e das cidades, Vauthier teria estudado com simpatia a arquitetura tradicional e assimilado os seus valores.
Biblioteca Amadeu Amaral do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, Rio de Janeiro.
Referência bibliográfica:
FREYRE, Gilberto. Mucambos do Nordeste: algumas notas sobre o tipo de casa popular mais primitivo do nordeste do Brasil. 2.ed. rev. e pref. pelo autor. Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, Imprensa Universitária, 1967.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Gilberto Freyre (1900-1987), nasceu em Recife-PE, e foi sociólogo e ensaísta. Autor de "Casa Grande & Senzala”, obra vista como a mais representativa sobre a formação da sociedade brasileira, recebeu ao longo de sua vida diversos prêmios em reconhecimento da qualidade de sua obra sociológica. Na Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, graduou-se artes liberais e especializou-se em política e sociologia. Fez pós-graduação na Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, obtendo o grau de mestre com o trabalho "Vida Social no Brasil em Meados do século XIX", orientado pelo antropólogo Franz Boas, de quem recebeu grande influência intelectual. Entre 1933 e 1937 escreveu três livros voltados para o problema da formação da sociedade patriarcal no Brasil: Casa Grande & Senzala, Sobrados e Mucambos e Nordeste. Lecionou Sociologia na Universidade do Distrito Federal a convite de Anísio Teixeira e foi funcionário do antigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), hoje IPHAN, em cuja revista colaborou diversas vezes. O texto em exame foi publicado pela primeira vez em 1937, pelo Ministério da Educação e Saúde na série Publicações do SPHAN.
Prefácio do Diretor do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional à 1ª Edição, de Rodrigo Melo Franco de Andrade
Prefácio do Autor à 2ª Edição, de Gilberto Freyre
Mucambos do Nordeste
Resumo :
A obra é bem ilustrada, por meio de pinturas. Ao abordar o mucambo, Gilberto Freyre observa que se a influência portuguesa, enriquecida pela moura, foi dominante na arquitetura doméstica mais nobre até o século XIX, na construção popular, a influência maior foi a africana ou a indígena, com algumas introduções européias, como portas e janelas de madeira. O mucambo, definido como o tipo de casa popular mais primitivo do nordeste, varia com a diversidade da vegetação e serviria como ilustração dos processos ecológicos do homem com o meio, tanto no sentido mais imediato, de obtenção de sua matéria-prima, como no sentido dado pela Escola Sociológica de Chicago, ou seja, em sua relação com fenômenos tais como competição, seleção, mobilidade e recesso. Identifica e delimita quatro grandes zonas – as da carnaúba, do buriti, da barriguda e do coqueiro da índia – onde o tipo de mucambo acompanharia a presença de tais espécies. Existem ainda mucambos feitos com coqueiro tucum e palha de cana na cobertura, mas sem área abrangente. Tal relação entre espécies e moradia corresponderia a verdadeiros complexos culturais. A carnaúba fornece não apenas o material da casa (armação, tapume, cobertura), como a esteira da vida cotidiana, a corda, a vassoura e chapéus. O buriti, por sua vez, também é empregado para a construção de balsas, verdadeiros mucambos flutuantes, usadas como habitação durante as longas viagens pelo rio Parnaíba. Nos mucambos feitos a partir do coqueiro da índia, pelo contrário, as paredes são de barro ou massapé, comparecendo o coqueiro na cobertura de palha e nos trançados de folhas das portas e janelas, que se repetem nos balaios, esteiras e chapéus. Nas construções mais primitivas, sem pregos, o cipó ou corda vegetal junta os componentes. O mucambo, segundo Freyre, teria várias qualidades. A iluminação e ventilação se davam por aberturas na empena, melhor do que por meio de janelas, o que, somado ao isolamento térmico da cobertura, lhe daria superioridade no desempenho climático. E, esteticamente, seria artisticamente honesto, com linhas simples e economia de ornamentos. Mesmo sua pequenez teria algo de encanto, além de favorecer a monogamia. Freyre observa estar havendo mudanças no material empregado nos mucambos. A cobertura vegetal, em vez de palha, cada vez mais emprega o capim-açu, mais barato e vendido já preparado para cobertura, nos mercados do Recife. Aponta também casos de troca da palha por telhas de zinco, como parte da absorção gradual de elementos da técnica europeia e do material industrial. No Prefácio do Autor à 2ª Edição, Freyre assinala o pioneirismo da obra e defende o mucambo contra o que chama de “mucambofobia”. Argumenta que os males que lhes são atribuídos têm outras causas, pois não só não seria anti-higiênico, como apresentaria melhor relação entre aeração e insolação do que as construções de alvenaria. Seus arquitetos anônimos seriam funcionais, mas sem desprezar a arte que estaria presente nos rebuscados trançados feitos com a palha. E se seria um arcaísmo nas paisagens urbanas do Nordeste, não seria no Nordeste como um todo. Ao contrário, seria a resposta ao problema da fixação do homem no espaço tropical, como construção vegetal que mescla tradições européias, ameríndias e africanas no âmbito do processo de destribalização e de ajustes à vida “civilizada”. Observa, por fim, a curiosa persistência das formas onde substâncias e funções se alteraram.
CUNHA, Marianno Carneiro da. Da Senzala ao Sobrado: arquitetura brasileira na Nigéria e na República Popular do Benim. São Paulo: Nobel: EDUSP, 1985.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Marianno Carneiro da Cunha (1926-1980) estudou filosofia na Universidade de São Paulo e realizou seu doutorado sobre o pensamento religioso da Babilônia na École des Hautes Études de Paris. No Museu de Arqueologia e Etnologia da USP desenvolveu seus estudos sobre a África, onde também lecionou na Universidade de Ifé, Nigéria. Este livro, editado pela primeira vez em 1985, é o resultados das pesquisas desenvolvidas por Marianno na Nigéria e na República Popular do Benim, entre 1975 e 76. Esta publicação bilíngue, em português e inglês, conta com uma Introdução de Manuela Carneiro da Cunha que, em vários aspectos, complementa o estudo de Marianno e com um importante ensaio fotográfico de Pierre Verger sobre a influência da arquitetura brasileira nessa região africana.
Informações obtidas na obra fichada.
Sumário obra:
INTRODUÇÃO: por Manuela Carneiro da Cunha
Trajetórias: africanos no Brasil e brasileiros na África
Os libertos em Lagos
Lagos, mosaico de comunidades
Uma territorialidade construída
Casas, um investimento
Arquitetura tradicional iorubá
Notas
DA SENZALA AO SOBRADO. ARQUITETURA BRASILEIRA NA NIGÉRIA E NA REPÚBLICA POPULAR
DO BENIM: por Marianno Carneiro da Cunha
A comunidade brasileira e sua influência
A difusão de uma nova arquitetura
A arquitetura ioruba tradicional: sua evolução interna
A casa colonial brasileira. A casa de planta simétrica
As casas novas e as concepções tradicionais do espaço
Notas
Bibliografia
ENSAIO FOTOGRÁFICO: por Pierre Verger
APÊNDICES
Resumo :
Embora o estudo principal publicado nesta obra seja de Marianno Carneiro da Cunha, na Introdução, Manuela Carneiro da Cunha fornece importantes informações históricas sobre o processo de retorno de ex-escravos brasileiros à África e sobre como constroem na região da Nigéria e do Benim uma nova territorialidade. Nela criam uma nova arquitetura baseada na casa colonial brasileira de corredor central. A autora atribui este retorno às perseguições e leis discriminatórias promulgadas no Brasil contra os escravos a partir de 1830, às deportações freqüentes que ocorrem a partir desta época, bem como ao incremento do comércio entre África e Brasil, o que incentivou o movimento de retorno de libertos a esta região africana. Em Lagos, capital da atual Nigéria, os retornados formam uma primeira burguesia de cultura eminentemente ocidental, cuja referência principal era a Bahia, sediada no chamado “bairro brasileiro”. Neste bairro, que Manuela Carneiro da Cunha define como “a transposição do Brasil em terras d´África" (p.45), realizavam-se celebrações religiosas e folguedos populares, como a burrinha, típicos da Bahia. Os brasileiros encontraram na região de língua iorubá a arquitetura tradicional dos compounds à qual contrapuseram a arquitetura e as técnicas construtivas desenvolvidas no Brasil. Os compounds são conjuntos quadrados ou retangulares que abrigam famílias extensas, formados por unidades construtivas voltadas para um pátio interior que concentra a vida doméstica e social do grupo, tendo apenas, em geral, uma abertura para o exterior. Os compounds são formados de pequenas unidades residenciais mais ou menos retangulares, com aproximadamente 3,00 x 1,5 m, dispostas lado a lado, com uma porta de entrada voltada para a varanda que se desenvolve em torno do pátio central. O conjunto é construído com adobe e cobertura de palha ou de telhas cerâmicas nas construções de maior prestígio, materiais que, paulatinamente, foram sendo substituídos por telhas corrugadas. O estudo de Marianno Carneiro da Cunha demonstra como a arquitetura brasileira foi introduzida neste contexto e, principalmente, como e porque alcançou uma enorme difusão e prestígio, chegando mesmo a alterar o panorama da arquitetura secular autóctone dessa região africana. Marianno atribui esse fato à competência e ao conhecimento dos artesãos e construtores brasileiros que aportaram em Lagos no século XIX, mas, principalmente, ao modo como a organização espacial da arquitetura que trouxeram adequava-se à cultura iorubá e ao seu padrão espacial. Ao realizar esta análise, Marianno filia-se à abordagem de Rapoport sobre o substrato cultural da forma arquitetônica. Afirma que a modificação da arquitetura tradicional iorubá, a partir das construções brasileiras, teria se dado sem grandes rupturas porque não teria havido alteração da essência da sua concepção espacial. Para demonstrar essa tese, Marianno associa a organização espacial em torno de uma centralidade – o pátio - do compound iorubá, obtida progressivamente a partir da junção de unidades provenientes do modelo de casa rural isolada, à centralidade também presente na casa colonial brasileira de corredor central. O autor mostra exemplos dessa apropriação e traça paralelos entre a cultura patriarcal do Brasil colonial e a cultura também patriarcal e hierarquicamente marcada da região iorubá.
Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia - IPAC
Referência bibliográfica:
BERTUSSI, Paulo Iroquez; WEIMER, Gunter(org.). A arquitetura no Rio Grande do Sul. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Günter Weimer é arquiteto, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestre em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul. A obra é uma coletânea de artigos de vários estudiosos gaúchos sobre a arquitetura produzida no Rio Grande do Sul, com foco em seus aspectos étnicos e vernaculares. A primeira edição é de 1983.
Não foram encontradas informações sobre Paulo Iroquez Bertussi.
Sumário obra:
Apresentação
A habitação subterrânea: Uma adaptação ecológica (Fernando La Salvia)
O espaço urbano a arquitetura e produzidos pelos Sete Povos das Missões (Júlio Nicolau Barros de Curtis)
Arquitetura luso brasileira (Francisco Riopardense de Macedo)
A arquitetura rural da imigração alemã (Gunter Wimer)
Elementos de arquitetura da imigração italiana (Paulo Iroquez Bertussi)
Estruturas sociais gaúchas e arquitetura (Gunter Weimer)
Arquitetura moderna (Nelson Souza)
Arquitetura espontânea no Rio Grande do Sul (Geraldo Mário Rohde)
Resumo :
O primeiro texto dessa coletânea, “A habitação subterrânea: Uma adaptação ecológica”, de Fernando La Salvia, discorre sobre as habitações subterrâneas e semi-subterrâneas produzidas na pré-história no Nordeste do planalto gaúcho, na região de colonização italiana. Analisa parâmetros como meio ambiente, histórico da ocupação humana, além de descrever os materiais utilizados, as técnicas construtivas e as tipologias, ilustrando com plantas e cortes. Júlio Nicolau Barros de Curtis analisa no segundo artigo desta obra, “O espaço urbano e arquitetura produzidos pelos Sete Povos das Missões”, o assentamento missioneiro e a produção arquitetônica no fim do século XVII e no decorrer do século XVIII, caracterizada pela utilização de materiais locais e pela escolha de regiões estratégicas para sobrevivência, com foco na análise das igrejas. O terceiro capítulo “Arquitetura luso brasileira”, de Francisco Riopardense de Macedo, aborda a produção arquitetônica desde o século XVIII e analisa as fortificações, quarteis, residências, igrejas, estâncias e charqueadas, apresentando plantas e ilustrações e descrevendo as tipologias, materiais e técnicas construtivas. O artigo “A arquitetura rural da imigração alemã”, de Günter Weimer, é um resumo da sua dissertação de mestrado. O autor faz, inicialmente, um breve histórico da vinda dos imigrantes alemães para o Brasil e tece considerações acerca da organização das cidades e condições climáticas. Analisa também as tipologias das aldeias gaúchas e dos seus edifícios e discorre sobre a evolução da arquitetura rural na Alemanha e seu partido arquitetônico; sobre a organização social da picada teuto-gaúcha e das propriedades rurais – fortemente influenciadas pelo contexto sócio econômico e geográfico. O autor ainda aborda os detalhes da arquitetura da casa do imigrante e das colônias isoladas, ilustrando essa abordagem com fotografias. Paulo Iroquez Bertussi é o autor do artigo “Elementos de arquitetura da imigração italiana” no qual resume um estudo mais amplo que abrange outros elementos culturais além da arquitetura. Aborda a arquitetura desenvolvida de 1875 a 1950, analisando o traçado estabelecido para as colônias, o modo de ocupação do lote rural, os materiais e técnicas construtivas como também a organização social dos assentamentos. Apresenta fotos e mapas ilustrativos. O sexto texto, “Estruturas sociais gaúchas e arquitetura”, de Günter Weimer, questiona a relação entre a luta de classes e materialização da obra arquitetônica, analisando o período imperial e o republicano até antes da II Guerra Mundial. Nelson Souza, em “Arquitetura moderna”, objetiva apontar alguns elementos teóricos para fundamentar a análise crítica da arquitetura moderna no Rio Grande do Sul. Por fim, o oitavo artigo, “Arquitetura espontânea no Rio Grande do Sul”, de Geraldo Mário Rohde, se dedica, inicialmente, a apresentar e comparar os conceitos de arquitetura erudita, espontânea e kitsch, analisando, em seguida, a distribuição histórica e geográfica da arquitetura “espontânea” – termo que utiliza para designar a arquitetura popular – no Rio Grande do Sul, ressaltando suas tipologias e defendendo a importância dessa arquitetura como patrimônio e base para a solução do problema de moradia no mundo. Apresenta fotos ilustrativas.
ZAMBUZZI, Mabel. O espaço material e imaterial do candomblé na Bahia: o que e como proteger?. 2010. 142 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de arquitetura, 2010.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Mabel Zambuzzi é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (2002), Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela mesma universidade (2010). Trabalhou como consultora em conservação e restauro no Programa Monumenta (2003/2004), foi Chefe do Escritório Técnico da 7ª SR/IPHAN, em Rio de Contas/BA (2004/2007). Entre 2008 e 20010 foi professora substituta na disciplina Atelier IV na FAUFBA e Coordenadora do NEPAUR/UNIFACS. Atualmente é professora de projeto do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Salvador - UNIFACS, Coach da Coordenação do Curso e Supervisora de Atividades Complementares do mesmo curso.
3. COMENTÁRIOS CRÍTICOS ACERCA DA APLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO
AOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ
4. OS TERREIROS DE CANDOMBLÉ TOMBADOS
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências
Glossário
Anexos
Resumo :
A partir de questionamentos acerca do real objetivo do tombamento dos terreiros de candomblé, a autora se aprofunda na avaliação da aplicação desse instrumento de proteção a esse universo. No decorrer do estudo enfatiza a importância de se conhecer e de se documentar as práticas religiosas nos terreiros de candomblé para fundamentar a necessidade do tombamento. O primeiro capítulo analisa a visão de mundo do povo de santo e suas relações com o espaço do terreiro e da cidade, enfatizando a importância dessas duas escalas para os rituais. A relevância para o tema arquitetura popular é encontrada no quarto item deste capítulo, onde a autora aborda a capacidade de adaptação e transformação do espaço, uma vez que os terreiros tiveram que ser assentados em diferentes tipos de terreno, além da mudança da sua forma circular original para quadrangular e tipicamente brasileira, como também a substituição do barro e da palha pelo tijolo e pela telha cerâmica na técnica construtiva. A legislação sobre a proteção do patrimônio é abordada no segundo capitulo. No terceiro, autora critica o processo de aplicação da legislação vigente para proteção dos terreiros e, no quarto, analisa o processo de tombamento de vários terreiros em Salvador, Bahia. A autora conclui questionando o atual processo de proteção e sugerindo soluções para os problemas encontrados.
Estudante voluntária: Sarah Diana Frota de Albuquerque
Data da revisão:
sábado, 12 Julho, 2014 - 12:00
Responsável pela Revisão:
Marcia Sant’Anna
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Humberto Tetsuya Yamaki
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
YAMAKI. Humberto “Japanese (Parana)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1694-1695.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Humberto Tetsuya Yamaki possui graduação em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (1976), é Mestre (1981) e Doutor (1984) em Planejamento Ambiental pela Universidade de Osaka, Pós-Doutorado (1989) em Desenho Urbano pelo Joint Centre for Urban Design JCUD - Oxford Polytechnic. Professor Associado e Coordenador do Laboratório de Paisagem da Universidade Estadual de Londrina. Leciona na Pós Graduação em Geografia (Mestrado e Doutorado) e no Curso de Arquitetura e Urbanismo. Membro Titular do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo e Geografia e atua nos seguintes temas: morfologia urbana, paisagem cultural e etnográfica e reabilitação da arquitetura imigrante. Bolsista PQ – CNPq.
O verbete trata da arquitetura produzida por imigrantes japoneses no Paraná, a partir do processo de imigração iniciado em 1908. Desde então, surgiram assentamentos espontâneos e planejados de acordo com os princípios de organização de cada comunidade, mas, com a necessidade de ampliação das áreas de plantação, grandes assentamentos planejados por companhias de imigração japonesa foram implantados no Paraná nos anos de 1930. A arquitetura vernacular de Assaí, antigo assentamento de Três Barras, realizado pela BRATAC – Sociedade Colonizadora do Brasil, que foi construído entre 1930 e 1950, é o foco deste texto. Além de uma área central urbana, a área rural foi dividida em lotes de 25 ha ligados por uma rede de estradas. A arquitetura desse assentamento resulta da adaptação de modelos tradicionais japoneses adaptados às circunstâncias locais. Em substituição à cabana temporária inicial, as casas eram construídas por carpinteiros japoneses trazidos pela companhia para a construção de equipamentos públicos. Logo estes foram substituídos por locais que aprenderam o ofício. A casa reúne suas funções em torno de um pátio. As principais características do exterior são o enorme telhado de telhas cerâmicas e a grande varanda ornamentada. O telhado do tipo irimoya é a característica mais evidente da arquitetura japonesa e corresponde a uma cobertura de grande inclinação, que exige habilidades especiais em sua construção e, por vezes, pode resultar num intrincado volume de várias águas. Varandas dotadas de ornamentos e cobertas no mesmo estilo do telhado marcam a entrada principal. Diferentemente do Japão em que os ornamentos vazados têm função de cruzamento de ventilação, no Brasil sua função é apenas decorativa. Embora sejam sempre padrões geométricos, cada carpinteiro desenvolve sua linguagem ornamental. As telhas que cobrem a cumeeira e os espigões, chamadas onigawara, são cravejadas com argamassa onde são gravados padrões geométricos e simbólicos. Algumas casas exibem condutores de zinco cuidadosamente recortados com formas de flores e nós de pinheiros. A madeira é o material básico de construção, sendo a peroba a mais utilizada nas partes principais. Troncos eram usados nas fundações e o cedro para esquadrias. A planta da casa é, frequentemente, resultado da negociação entre o proprietário e o carpinteiro. Seja em forma de “L” ou “U”, é sempre semelhante e varia apenas quanto ao número e tamanho dos compartimentos. A planta em L tem um espaço central de estar com quatro quartos distribuídos simetricamente em torno. Além disso, completam a casa a cozinha e a varanda. Os compartimentos têm uso definido e inflexível. O teto é alto e mantem a temperatura em níveis razoáveis. Poço, banho (furô) e latrinas são construções independentes. Embora o piso de madeira seja elevado do solo, o costume de usar tatames e de retirar os sapatos não foi incorporado no Brasil. Os conceitos de cerimonial e de informal no uso do hall de entrada e do espaço de estar foi raramente utilizado. A vida social e diária se dava em torno da cozinha e outro aspecto significativo é a presença de altares budistas e xintó nas casas, às vezes no mesmo compartimento, mas em lugares estratégicos. O verbete é ilustrado com foto de uma casa do assentamento de Assaí.
MORSE, E. Japanese House and Their Surroundings. Tokyo: Charles E. Turde, 1977.
SAITO, H. “Habitação rural dos Japoneses nos Estados de São Paulo e Paraná”. Anais da II Reunião Brasileira de Antropologia. Salvador, 1957.
YAMAKI, Humberto. “O Ambiente Vivencial dos NIkkeys no Brasil”. Relatory of the Toyota Foundation Grant Program. Londrina-PR, 1996.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Humberto Tetsuya Yamaki
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
YAMAKI. Humberto “Polish (Parana)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1696-1697.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Humberto Tetsuya Yamaki possui graduação em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (1976), é Mestre (1981) e Doutor (1984) em Planejamento Ambiental pela Universidade de Osaka, Pós-Doutorado (1989) em Desenho Urbano pelo Joint Centre for Urban Design JCUD - Oxford Polytechnic. Professor Associado e Coordenador do Laboratório de Paisagem da Universidade Estadual de Londrina. Leciona na Pós Graduação em Geografia (Mestrado e Doutorado) e no Curso de Arquitetura e Urbanismo. Membro Titular do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo e Geografia e atua nos seguintes temas: morfologia urbana, paisagem cultural e etnográfica e reabilitação da arquitetura imigrante. Bolsista PQ – CNPq.
O verbete informa que a imigração de poloneses para o Paraná teve início em 1870 como resultado de um processo interno de migração a partir do estado vizinho de Santa Catarina. O assentamento no Paraná começou oficialmente em 1875 em torno dos núcleos urbanos emergentes, aliado à produção e ao suprimento de legumes. Por isso, muitos distam entre 3 e 20 Km da capital, Curitiba. Inicialmente, a arquitetura dos imigrantes poloneses correspondeu a cabanas de troncos, evoluindo depois para casas de madeira. Ambas retiveram, contudo, as características de distribuição espacial e aspecto geral e influenciaram as edificações da região de Curitiba que são chamadas de “Casas Polonesas”. As cabanas de tronco, usadas mais tarde principalmente como depósitos, são consideradas as geradoras dessa arquitetura de imigração. Possuem um exterior bastante rústico e são feitas com mão de obra local, sendo o principal material troncos pesados de pinho araucária. Essas cabanas possuem empenas e telhado em duas águas coberto com telhas planas, conhecidas como “telhas alemãs”. São térreas, mas possuem sótãos, e a entrada principal fica usualmente no lado maior. Este tipo de construção demanda trabalho coletivo de retirada, corte e acabamento das madeiras, além de competências específicas para que uma estrutura sólida seja obtida. Os troncos são colocados horizontalmente, mas no triângulo das empenas, as peças são colocadas na vertical. As frestas entre os troncos são preenchidas com barro. A planta retangular é comumente dividida em dois cômodos, um vestíbulo e um quarto, ficando o sótão destinado ao dormitório das crianças. As cozinhas ficam geralmente em um anexo ou são acrescentadas depois ao bloco principal. Algumas casas foram ampliadas com a adição de varandas ao longo do lado maior. O verbete é ilustrado com fotografia de uma casa polonesa de madeira.
VALENTINI, Jussara. A Arquitetura do Imigrante Polonês na Região de Curitiba. Curitiba: Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico do Paraná, 1982.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Günter Weimer
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
WEIMER, Günter. “Westfalian”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1691.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Günter Weimer possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestrado em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul.
Segundo Weimer, 20% dos imigrantes alemães vieram da Vestifália, uma região de cultura saxônica e onde se encontrariam os melhores exemplos de arquitetura vernacular germânica. Nesta região, os assentamentos urbanos são lineares abrindo-se, a uma certa distância, em uma praça. A habitação consiste em um grande celeiro que abriga os instrumentos e ferramentas da fazenda, cujo portão está voltado para a rua do assentamento. Este celeiro tem vários andares, os quais são utilizados para armazenamento de grãos e feno. Ao longo do térreo, há vários currais onde os animais são abrigados. Nos fundos desse conjunto vinculado ao trabalho há uma área dividida em cozinha, sala de jantar e latrina que, por sua vez, é separada de um salão por uma grossa parede de alvenaria de pedra. Este cômodo é restrito à família e pode estar conjugado a dois quartos, um de cada lado. Segundo Weimer, a casa da região do Reno é semelhante, sendo um dos quartos para os pais e o outro para as filhas, já que os filhos dormiam no sótão quando não se tornou mais necessário estocar feno. No Brasil, o salão se reduziu para que os quartos fossem ampliados e tornou-se uma área de convívio social ou invés de exclusiva da família. Weimer avalia que esta transformação deveu-se à falta das estruturas típicas das vilas da Vestifália, como bares e locais de encontro. A cozinha dos imigrantes vestifalianos restringiu-se aqui às áreas de cocção e de jantar, ficando a latrina do lado de fora, no centro do terreiro. Com a melhoria das condições de vida, um lavatório e depois um chuveiro foram acrescentados à área de jantar/cozinha, fazendo com que o partido original fosse, de certa forma, retomado.
WEIMER, Günter. Arquitetura da Imigração Alemã. São Paulo, Porto Alegre: Nobel e UFRGS, 1983.
WEIMER, Günter. Arquitetura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Günter Weimer
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
WEIMER, Günter. “Pomeranian”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1690-1691.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Günter Weimer é arquiteto, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestre em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul.
Segundo Günter Weimer, um quinto dos imigrantes alemães veio da região da antiga Pomerânia para o Brasil. Suas vilas ancestrais, como observado no verbete “German (Brazil Sul)”, são circulares e com as casas voltadas para um terreiro ou praça central. As habitações tradicionais, construídas na Europa, consistem de uma varanda que leva a um vestíbulo, o qual, por sua vez, dá acesso à cozinha e à sala de estar. Sendo a cozinha a fonte de calor, o estábulo fica ligado a ela e pode ter várias divisões conforme os tipos de animais criados. Em cima desse espaço fica o depósito de feno. A cozinha é sempre dividida em duas zonas: uma para preparo da comida e outra para o abrigo de uma sólida mesa de refeições. No Brasil, este arranjo da cozinha foi mantido, mas com uma abertura no meio. Além disso, houve, inicialmente, a separação da cozinha do resto da casa, ficando esta última agenciada do seguinte modo: um corredor central que atravessa toda a edificação, tendo o cômodo correspondente à sala de estar ou ao quarto de dormir de um lado e, do outro, um quarto que servia, eventualmente, como escola, depósito ou simplesmente como outro cômodo. À medida que os fogões foram sendo incorporados à cozinha e que o fogo aberto foi abandonado, esta voltou a ser incorporada à casa, retendo-se assim, em grande parte, o partido tradicional europeu.
WEIMER, Günter. Arquitetura da Imigração Alemã. São Paulo, Porto Alegre: Nobel e UFRGS, 1983.
WEIMER, Günter. Arquitetura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Günter Weimer
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
WEIMER, Günter. “German (Brzsil-S)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1689-1690.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Günter Weimer é arquiteto, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestre em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul.
O autor assinala neste verbete que a imigração de alemães para o Brasil começa nas últimas décadas do século XIX, em consequência da revolução industrial, envolvendo principalmente pessoas das regiões da Vestifália e da Pomerânia. Parte desse contingente teria vindo também da área do Reno e se alojado nas costas montanhosas do Rio Grande do Sul. Devido ao isolamento, esses grupos mantiveram grande parte de suas tradições arquitetônicas e de assentamento. Na região do Reno, as casas eram edificadas para cumprir três funções, dispostas linearmente e sob um único telhado: habitação, estábulo e celeiro. Várias
atividades, entretanto, podiam ser realizadas do lado de fora de acordo com o clima. Na Vestifália, a forma das vilas é linear e na Pomerânia, circular. Como cada casa tinha um quintal e um pomar nos fundos, as vilas possuíam um cinturão verde. O restante da terra disponível para agricultura era de uso e propriedade comum, dividida entre os moradores conforme suas necessidades. Havia sempre uma floresta contígua, de onde se retirava madeira e lenha para o enfrentamento dos invernos rigorosos. Esses colonos foram assentados no Brasil em glebas geométricas e rigorosamente definidas, de propriedade individual, o que não permitiu reconstituir aqui essas vilas ancestrais. Mas o clima mais ameno permitiu que os animais ficassem abrigados do lado de fora e a casa unitária foi então dividida em várias unidades funcionais. A habitação propriamente dita foi dividida em “cozinha” e espaço de convívio diurno, além da “casa” para visitantes e convívio social nos fins de semana. O autor assinala que os padrões dessa subdivisão são curiosos: no caso dos imigrantes vindos da região do Reno, o arranjo das construções no espaço é bastante livre; no caso daqueles da Vestifália, as edificações são dispostas em torno de um grande terreiro que serve de passagem entre a estrada e as plantações; já os da Pomerânia, organizam suas construções em torno de um terreiro circular. Uma vez que as vilas não puderam ser reproduzidas aqui, seus padrões de arranjo espacial foram retomados na organização do espaço da propriedade familiar. Por exemplo, os colonos encompridaram e estreitaram o pomar de modo que ele envolvesse o conjunto edificado e as hortas foram plantadas entre ou ao lado das edificações. Assim, formou-se um anel de vegetação em torno das construções, ainda que irregular. A floresta ancestral também foi mantida, deixando-se sempre uma área de mata nas propriedades. As lavouras, contudo, incorporaram novas plantas como a cana de açúcar e o milho, o que promoveu modificações no sítio. No primeiro caso, a adição de nova construção para o processamento do açúcar e do melaço, colocada na periferia do conjunto, segundo o autor, por não ter origem europeia. O milho, por sua vez, foi estocado em uma construção especial ou no estábulo. Dessa forma, os imigrantes alemães teriam tentado preservar suas tradições de morar e de organizar o assentamento.