HIJIOKA, Akemi ; JOAQUIM, Bianca.; INO, Akemi. Minka - The houses of Japanese imigrants in Ribeira valley, São Paulo, Brazil. In: Mariana Correia; Gilberto Carlos; Sandra Rocha (Orgs.). Vernacular Heritage and Earthen Architecture - Contributions for sustainable development. 1 ed. London: Taylor & Francis, 2013, v. 1, p. 99-104.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Akemi Ino é formada em Engenharia Civil pela USP (1979), com mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela USP (1984), especialização na Osaka City University, Japão (1987) e doutorado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP (1992). É professora Livre Docente no Instituto de Arquitetura e Urbanismo – USP, coordenando o Grupo HABIS (Habitação e Sustentabilidade), criado em 1993.
Akemi Hijioka é formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Braz Cubas (1992), com mestrado em Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2007) e Doutorado em andamento na Universidade de São Paulo/São Carlos sobre as moradias dos imigrantes japoneses no Vale do Ribeira. É ainda pesquisadora do Grupo Habis (Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade) pela USP/São Carlos e atua, entre outras coisas, na restauração do patrimônio histórico com ênfase na arquitetura de origem japonesa.
O artigo apresenta as moradias dos imigrantes japoneses no Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo, em frente de ocupação iniciada em 1913 e baseada em agricultura familiar numa área inóspita. As habitações repetiam as características da minka, a casa popular japonesa, com emprego do tsuchikabe – técnica desenvolvida gradualmente no Japão a partir do séc. VII. Trata-se de sistema construtivo que utiliza terra misturada à palha aplicada sobre entramado de madeira que possui função estrutural, além de vedação, já que seus sarrafos verticais e horizontais travam o vão. Sobre estes são postos bambus roliços. Depois, uma trama de bambus partidos e, por fim, a terra, preparada com antecedência, com mescla de palha e água. A minka constitui-se de uma planta retangular com divisórias, construída em dois níveis. A parte térrea, a doma, é pavimentada com terra misturada à cal, água de cinzas e outros elementos para dar maior consistência, recebendo as atividades que utilizam água e fogo, como preparo de alimentos e atividades produtivas. A parte elevada, a cerca de 40 cm acima do solo, é de madeira e a ela se deve aceder sem os calçados. A minka se divide em tipos conforme a atividade do proprietário (se pescador, agricultor, etc.). As casas do vale do Ribeira são quase todas em terra e madeira. Num primeiro momento, foram construídas com material extraído do local e por meio de mutirão. Depois, surgiram serrarias, diminuindo o trabalho individual. Encontrou-se também o emprego do sistema estrutural japonês em madeira, o kiyorogumi e o oriokigumi, com sambladuras de peças e o uso de cobertura em duas águas, chamada kiritsuma, simples e econômico. Mencionam-se os estudos de Teiji Itoh sobre a minka, até então não reconhecida como arquitetura. A técnica construtiva em terra e bambu era pouco difundida no Japão, sendo os saberes e ofícios a ela associados preservados em sistemas familiares análogos às guildas medievais. O uso do tsukichave, contudo, é milenar, tendo sido empregado em castelos e templos. O barro, mesclado com palha de arroz ou trigo, é fermentado por um período de até um ano, empregado em camadas sucessivas, até uma dezena, no acabamento. Nas misturas das camadas finais empregam-se aglomerantes e agregados como cal, areia, fibras vegetais e resinas a base de algas marinhas. O uso da terra foi recomendado em cartilhas aos imigrantes japoneses, durante a viagem, orientando-se a construção de casas salubres com uma técnica que já lhes era familiar. Houve adaptações no Brasil: em vez de bambus, foram usadas ripas de juçara; no lugar da corda shuronawa, o cipó local; para o preparo do barro, palha de arroz ou sapê; mais duas camadas de menor espessura após a consolidação da primeira camada e, por fim, a caiação. Nos primeiros exemplares estudados encontrou-se a unidade de medida shakkanhou, usada então no Japão e ainda empregada em sistemas tradicionais. Na ausência de desenhos, o desenvolvimento da planta dava-se num diálogo entre morador e carpinteiro, com as informações do projeto postas em ezuitga (pedaço de tábua) e com malha traçada a cada 3 shaku (30,3 cm), modulando o espaço. Em relatos, apareceram exemplos de casas desmontadas e remontadas.
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
BERTUSSI, Paulo Iroquez. “Italian (Brazil s)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World.Cambridge - UK: Cambridge University Press,1997, p. 1693-1694.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Paulo Iroquez Bertussi é, atualmente, profissional liberal e diretor da empresa Bertussi Design Industrial Ltda.
O verbete informa que, durante o último quartel do século XIX, grande número de italianos imigrou do norte da Itália para o Brasil, Argentina e EUA. No Brasil, a maioria teria se localizado no nordeste do Rio Grande do Sul, buscando reproduzir suas tradições construtivas e modo de vida. As primeiras construções eram feitas de alvenaria, com a pedra basáltica abundante na região ou com tijolos artesanais. De início, as casas isoladas no campo eram construções imponentes e grandes para abrigar numerosos filhos. Com o tempo, contudo, o uso da madeira foi o que permitiu a criar a arquitetura que de fato expressa esse momento histórico da imigração. Seu surgimento e desenvolvimento estão ligados à cultura de vinhedos e à preparação doméstica do vinho. A abundância de araucárias foi decisiva nessa mudança. As primeiras casas eram compostas de apenas dois cômodos: cozinha com lareira e sala de jantar onde também se poderia dormir. Os dormitórios eram construídos noutra casa afastada cerca de 20 m, devido ao medo de incêndios. Com o surgimento dos fogões modernos, as cozinhas foram construídas mais próximas dos dormitórios e ligadas a esta edificação por passagem coberta. Em seguida, a cozinha tornou-se um anexo e, por fim, foi incorporada à edificação que contém os quartos de dormir. A casa rural típica tem três andares. O primeiro é parcialmente enterrado e abriga a adega, sendo feito de alvenaria de pedras ou de tijolos e com poucas janelas para manutenção da temperatura. Aí são estocados queijos, salsichas e grãos, além de ferramentas. O segundo pavimento é feito de madeira e tem um cômodo central utilizado como sala de jantar nos domingos e feriados, e outros alinhados em duas alas à esquerda e à direita da entrada principal. No sótão há mais quartos, destinados aos filhos e à estocagem de grãos e outros alimentos que necessitam de ambiente seco. A latrina é sempre construída bem afastada da casa. Os primeiros telhados eram bem inclinados e cobertos com tabuinhas de madeira, denominadas scandole no dialeto local. Depois foram usadas telhas cerâmicas e, por fim, telhas corrugadas de zinco. Portas e janelas eram totalmente em madeira e somente a partir dos anos de 1930 foram dotadas de caixilhos e vidro. A expansão da indústria madeireira foi responsável pela difusão das casas de madeira no meio rural e também urbano. Como as tintas não eram acessíveis, as casas eram sempre na cor natural da madeira. Depois a cal foi usada como tinta. Como não havia conhecimento sobre técnicas e produtos para conservação da madeira, as casas se deterioravam e acabaram sendo substituídas por casas de alvenaria. Ao lado disso, devido à falta de políticas de reflorestamento, as araucárias logo se esgotaram, tornando essas casas testemunhos do passado. O verbete finaliza mencionando o tombamento das casas de madeira de Antônio Prado, um dos últimos conjuntos remanescentes desse período. O verbete é ilustrado com foto de uma casa antiga de alvenaria de pedra.
BERTUSSI, Paulo Iroquez. “Elementos de Arquitetura da Imigração Italiana”. In: Arquitetura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora Mercado Aberto, 1983.
BERTUSSI, Paulo Iroquez. “Arquitetura Aqui (1875-1950)”. In: Nós os Ítalos Gaúchos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1996.
POSENATO, Júlio. Arquitetura do Imigrante Italiano no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EDUCS, 1988
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Francisco Riopardense de Macedo
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
MACEDO, Francisco Riopardense de. “Azorean: Immigrant (Brasil, S)” In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1.683-1.684.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Francisco Riopardense de Macedo (1921-2007) foi um historiador, paisagista, poeta, urbanista, artista plástico, arquiteto e engenheiro gaúcho. Formado em Engenharia e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, lecionou História da Arte, História das Ciências e História dos Espaços Abertos nesta universidade. Trabalhou na Secretaria Estadual de Obras, foi diretor do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, membro da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, membro do Instituto de Arquitetos do Brasil, membro do Instituto Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Suas principais pesquisas ocorreram no campo da arquitetura e artes plásticas.
Neste verbete o autor informa que os açorianos chegaram ao Brasil em 1792, como parte da política de consolidação do território português no sul do Brasil, para construir vilas nas proximidades do canal do Rio Grande, da boca do rio Jacuí até a atual cidade de Rio Pardo. Trouxeram métodos construtivos e planos para casas e moinhos de trigo. A casa do camponês açoriano é funcional e organizada em três áreas: à esquerda a cozinha, com a prancha do pão, o forno e o fogão; no centro, um cômodo denominado “casa do meio”, com um tablado onde as mulheres jovens sentam e costuram, e à direita o quarto de dormir. Um nicho é construído nas paredes grossas do cômodo do meio para guardar o material de costura das mulheres e, no lado oposto, é posta a cristaleira com os tesouros da família, retratos e lembranças. Transferido para a cidade, esse plano foi modificado. O cômodo do meio foi deslocado para trás e os da frente foram separados por um corredor lhe dá acesso. O cômodo da esquerda, ou cozinha, passou a abrigar o “nicho das agulhas” e o da direita deu lugar à sala de estar que era desnecessária no campo. Por fim, o quarto de dormir foi para cima, no sótão. Esse esquema geral se desenvolveu em habitações maiores como a que existe na Travessa Joaquim Lisboa, em Rio Pardo. São edifícios de grossas paredes de pedra, umbrais maciços e beirais curtos. Os cunhais e umbrais são de pedra lavrada e o resto da alvenaria é feita com pedras irregulares. As paredes internas são de taipa de mão, ou pau a pique, armadas com bambus, galhos e cipós. Nas casas urbanas de dois andares, a planta da casa camponesa original é reproduzida no piso superior, ficando o térreo para comércio ou alojamento de escravos. Os camponeses açorianos logo passaram a se dedicar à criação de gado, estabelecendo um negócio doméstico composto por: moinho, para a produção de farinha de mandioca; celeiro para estocagem de vegetais e grãos; “casa da carne seca”; alojamentos dos escravos; pomar; jardim e área da carruagem. O centro desse espaço produtivo é a casa de dois pisos onde, no térreo, fica também o depósito geral. No Rio Grande do Sul, a herança açoriana é reconhecida no forno oval, na trempe, na grelha, na arca, no banco de madeira com encosto, cujo assento é uma tampa, na cristaleira, nas danças e músicas. Nas áreas urbanas pode-se encontrar também a tipologia do “correr de casas”, que são construídas sob uma única cobertura e têm plantas simétricas que, segundo o autor, decorreriam da simplificação da casa camponesa açoriana. Conhecidas como casas de porta e janela, teriam agora planta de três cômodos organizada ao longo de um corredor lateral. Os moinhos de água e de vento açorianos foram muito usados e documentados no século XIX, sendo lembrados na toponímia de cidades do Rio Grande do Sul. O verbete é ilustrado com plantas e fotografia.
REIS, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978, 4ª Ed.
SAIA, Luís. “Notas sobre Arquitetura Rural do Segundo Século”. In: Revista do SPHAN, n. 08. Rio de Janeiro: MES, 1944.
ISBN ou ISSN:
0101-1766
Autor(es):
Celina Kuniyoshi, Hugo Segawa e Walter Pires
Onde encontrar:
Acervo Prof. Daniel J. Mellado Paz
Referência bibliográfica:
KUNIYOSHI, Celina; SEGAWA, Hugo; PIRES, Walter. Arquitetura da Imigração Japonesa. In: Projeto – revista brasileira de arquitetura, planejamento, desenho industrial e construção, n.72, 1985. São Paulo: Projeto Editores Associados Ltda, p.99-104.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Celina Kuniyoshi possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo (1977), mestrado em Museologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1980), doutorado em História pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo (1996) e pós-doutorado junto à Universidad Nacional Autonoma de Mexico (2005). Presidiu comissão responsável pela elaboração e implantação do Curso de Museologia da Universidade de Brasília (2007-2010). Atualmente é conselheira do Conselho Federal de Museologia e professor adjunto II da Universidade de Brasília. Tem experiência na área de Museologia, História e Arquitetura, atuando principalmente nos seguintes temas: museologia, história e patrimônio cultural.
Hugo Massaki Segawa é Professor Titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto. Livre-docente pela Escola de Engenharia de São Carlos/USP, Doutor e Mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP. Membro do Advisory Board do DOCOMOMO International (2004-2008), é coordenador do DOCOMOMO Brasil (2002-2007), Editor Regional do The Journal of Architecture (Londres, RIBA). Autor, entre outros livros, de Architecture in Brazil 1900-1990 (New York, 2013), Arquitectura Contemporánea Latinoamericana (Barcelona, 2005), Prelúdio da Metrópole (São Paulo, 2000; 2. ed., 2004), Arquiteturas no Brasil 1900-1990 (São Paulo, 1998; 3. ed., 2010), Ao Amor do Público (São Paulo, 1996). Co-autor dos livros Complexo do Gasômetro (São Paulo, 2007), Ver Zanine (Rio de Janeiro, 2002), Oswaldo Arthur Bratke (São Paulo, 1997; 2. ed., 2012). Líder do Grupo de Pesquisa Arquitetura e Cidade Moderna e Contemporânea, pesquisador do Grupo Paisagem, Cidade e História. Dedica-se à docência, pesquisa e orientação de pós-graduação em temas de História da Arquitetura moderna e contemporânea brasileira e internacional, com ênfase no Brasil e América Latina, bem como à História da Paisagem, com ênfase ao estudo dos espaços
públicos e jardins públicos urbanos. Atualmente Diretor do Museu de Arte Contemporânea da
Walter Pires é arquiteto e dedica-se à preservação do patrimônio cultural há 30 anos. Foi diretor do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de São Paulo, instituição junto à qual continua atuando como parte do corpo técnico. Possui artigos publicados sobre patrimônio cultural e, em particular, sobre a arquitetura produzida pela imigração japonesa.
Resumo :
Nos estudos sistemáticos sobre a imigração japonesa – processo imigratório, assimilação e integração cultural, estruturas de parentesco, etc. -, a análise do habitat do imigrante está ausente. São registradas três formas de fixação do imigrante: como mão-de-obra na lavoura cafeeira; como arrendatário ou meeiro e como proprietário, ascendendo das duas condições anteriores como colonizador e dono de terras. No primeiro caso, o imigrante vivia em galpões, moradias para colonos, tulhas e terreiros, entre outras estruturas pertencentes ao empregador. No segundo caso, seu relacionamento com a terra era precário e, somente no terceiro, por haver permanência, ocorria o desafio de trabalhar em áreas inexploradas e o surgimento de uma arquitetura específica. O estudo focaliza o município de Registro, no Vale do Ribeira, cuja colonização se deu pela Companhia Imperial de Imigração – empresa responsável pela introdução dos japoneses nos cafezais. Em 1912, contrato celebrado com o governo de São Paulo organizou a colonização de 50.000 hectares de terras devolutas. Definem-se dois momentos naquela colonização: de 1913 a meados dos anos 30, e daí até a década de 1960. Na primeira etapa, a população era escassa, com carência de infraestrutura básica. Iniciara-se com as culturas programadas de café, arroz, cana-de-açúcar e bicho-da-seda, concentrando na sede do município as instalações de administração (escritórios da companhia, sede da cooperativa de agricultores), beneficiamento e comercialização (armazéns e engenhos, mercado) e serviços (ambulatório médico, farmácia, hospedaria), tornando a base do núcleo atual. Os edifícios, obras da companhia nipônica Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha (KKKK), subsidiária da Companhia Imperial, não apresentam traços japoneses. Houve êxito das culturas implantadas, com exceção da do bicho-da-seda, garantindo a fixação do imigrante. Nas moradias, as madeiras duras foram usadas na estrutura independente. Tramas de ripas de jiçara, tipo de palmeira, amarradas com raízes de imbé, formavam a trama que recebia o bairro misturado com palha de arroz para a taipa de mão. O piso era assoalhado, afastado do chão por apoios de madeira ou de tijolos. A cobertura era de palha ou lascas de madeira, depois substituídas por telhas de barro. As particularidades orientais se apresentavam nas várias sambladuras – koshikake-kama-tsugi; mechigai- koshikake-kama-tsugi, kanawa-tsugi; sammai-gumi; hira-hozo; kone-hozo; komi-sem e wari-kasubi – e no emprego do kioro-gumi, estrutura japonesa, para sustentar o telhado, em estilo irimoya. O sistema de encaixes permitia a desmontagem e deslocamento eventual. Tais técnicas eram empregadas, além de moradias, em escolas, kaikans (associações japoneses), capelas e instalações produtivas, como galpões (mono-okis). Em, 1919, um particular, Torazo Okamoto, introduziu a cultura do chá que, com a crise do café em 1929, foi adotado como alternativa econômica. Em 1932, Okamoto traz uma variedade indiana de melhor qualidade e rendimento, que propiciou a autonomia do imigrante em relação à KKKK, abrindo o segundo momento da presença japonesa em Registro. Com a prosperidade advinda do chá, uma tipologia específica para as fábricas de chá, galpões com vão livre térreo para o maquinário, e no piso superior para murchamento do chá por ventilação natural. O texto apresenta ainda ligeiramente exemplos em outras cidades.
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
YAMAKI. Humberto “Japanese (Parana)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1694-1695.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Humberto Tetsuya Yamaki possui graduação em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (1976), é Mestre (1981) e Doutor (1984) em Planejamento Ambiental pela Universidade de Osaka, Pós-Doutorado (1989) em Desenho Urbano pelo Joint Centre for Urban Design JCUD - Oxford Polytechnic. Professor Associado e Coordenador do Laboratório de Paisagem da Universidade Estadual de Londrina. Leciona na Pós Graduação em Geografia (Mestrado e Doutorado) e no Curso de Arquitetura e Urbanismo. Membro Titular do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo e Geografia e atua nos seguintes temas: morfologia urbana, paisagem cultural e etnográfica e reabilitação da arquitetura imigrante. Bolsista PQ – CNPq.
O verbete trata da arquitetura produzida por imigrantes japoneses no Paraná, a partir do processo de imigração iniciado em 1908. Desde então, surgiram assentamentos espontâneos e planejados de acordo com os princípios de organização de cada comunidade, mas, com a necessidade de ampliação das áreas de plantação, grandes assentamentos planejados por companhias de imigração japonesa foram implantados no Paraná nos anos de 1930. A arquitetura vernacular de Assaí, antigo assentamento de Três Barras, realizado pela BRATAC – Sociedade Colonizadora do Brasil, que foi construído entre 1930 e 1950, é o foco deste texto. Além de uma área central urbana, a área rural foi dividida em lotes de 25 ha ligados por uma rede de estradas. A arquitetura desse assentamento resulta da adaptação de modelos tradicionais japoneses adaptados às circunstâncias locais. Em substituição à cabana temporária inicial, as casas eram construídas por carpinteiros japoneses trazidos pela companhia para a construção de equipamentos públicos. Logo estes foram substituídos por locais que aprenderam o ofício. A casa reúne suas funções em torno de um pátio. As principais características do exterior são o enorme telhado de telhas cerâmicas e a grande varanda ornamentada. O telhado do tipo irimoya é a característica mais evidente da arquitetura japonesa e corresponde a uma cobertura de grande inclinação, que exige habilidades especiais em sua construção e, por vezes, pode resultar num intrincado volume de várias águas. Varandas dotadas de ornamentos e cobertas no mesmo estilo do telhado marcam a entrada principal. Diferentemente do Japão em que os ornamentos vazados têm função de cruzamento de ventilação, no Brasil sua função é apenas decorativa. Embora sejam sempre padrões geométricos, cada carpinteiro desenvolve sua linguagem ornamental. As telhas que cobrem a cumeeira e os espigões, chamadas onigawara, são cravejadas com argamassa onde são gravados padrões geométricos e simbólicos. Algumas casas exibem condutores de zinco cuidadosamente recortados com formas de flores e nós de pinheiros. A madeira é o material básico de construção, sendo a peroba a mais utilizada nas partes principais. Troncos eram usados nas fundações e o cedro para esquadrias. A planta da casa é, frequentemente, resultado da negociação entre o proprietário e o carpinteiro. Seja em forma de “L” ou “U”, é sempre semelhante e varia apenas quanto ao número e tamanho dos compartimentos. A planta em L tem um espaço central de estar com quatro quartos distribuídos simetricamente em torno. Além disso, completam a casa a cozinha e a varanda. Os compartimentos têm uso definido e inflexível. O teto é alto e mantem a temperatura em níveis razoáveis. Poço, banho (furô) e latrinas são construções independentes. Embora o piso de madeira seja elevado do solo, o costume de usar tatames e de retirar os sapatos não foi incorporado no Brasil. Os conceitos de cerimonial e de informal no uso do hall de entrada e do espaço de estar foi raramente utilizado. A vida social e diária se dava em torno da cozinha e outro aspecto significativo é a presença de altares budistas e xintó nas casas, às vezes no mesmo compartimento, mas em lugares estratégicos. O verbete é ilustrado com foto de uma casa do assentamento de Assaí.
MORSE, E. Japanese House and Their Surroundings. Tokyo: Charles E. Turde, 1977.
SAITO, H. “Habitação rural dos Japoneses nos Estados de São Paulo e Paraná”. Anais da II Reunião Brasileira de Antropologia. Salvador, 1957.
YAMAKI, Humberto. “O Ambiente Vivencial dos NIkkeys no Brasil”. Relatory of the Toyota Foundation Grant Program. Londrina-PR, 1996.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Humberto Tetsuya Yamaki
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
YAMAKI. Humberto “Polish (Parana)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1696-1697.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Humberto Tetsuya Yamaki possui graduação em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (1976), é Mestre (1981) e Doutor (1984) em Planejamento Ambiental pela Universidade de Osaka, Pós-Doutorado (1989) em Desenho Urbano pelo Joint Centre for Urban Design JCUD - Oxford Polytechnic. Professor Associado e Coordenador do Laboratório de Paisagem da Universidade Estadual de Londrina. Leciona na Pós Graduação em Geografia (Mestrado e Doutorado) e no Curso de Arquitetura e Urbanismo. Membro Titular do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo e Geografia e atua nos seguintes temas: morfologia urbana, paisagem cultural e etnográfica e reabilitação da arquitetura imigrante. Bolsista PQ – CNPq.
O verbete informa que a imigração de poloneses para o Paraná teve início em 1870 como resultado de um processo interno de migração a partir do estado vizinho de Santa Catarina. O assentamento no Paraná começou oficialmente em 1875 em torno dos núcleos urbanos emergentes, aliado à produção e ao suprimento de legumes. Por isso, muitos distam entre 3 e 20 Km da capital, Curitiba. Inicialmente, a arquitetura dos imigrantes poloneses correspondeu a cabanas de troncos, evoluindo depois para casas de madeira. Ambas retiveram, contudo, as características de distribuição espacial e aspecto geral e influenciaram as edificações da região de Curitiba que são chamadas de “Casas Polonesas”. As cabanas de tronco, usadas mais tarde principalmente como depósitos, são consideradas as geradoras dessa arquitetura de imigração. Possuem um exterior bastante rústico e são feitas com mão de obra local, sendo o principal material troncos pesados de pinho araucária. Essas cabanas possuem empenas e telhado em duas águas coberto com telhas planas, conhecidas como “telhas alemãs”. São térreas, mas possuem sótãos, e a entrada principal fica usualmente no lado maior. Este tipo de construção demanda trabalho coletivo de retirada, corte e acabamento das madeiras, além de competências específicas para que uma estrutura sólida seja obtida. Os troncos são colocados horizontalmente, mas no triângulo das empenas, as peças são colocadas na vertical. As frestas entre os troncos são preenchidas com barro. A planta retangular é comumente dividida em dois cômodos, um vestíbulo e um quarto, ficando o sótão destinado ao dormitório das crianças. As cozinhas ficam geralmente em um anexo ou são acrescentadas depois ao bloco principal. Algumas casas foram ampliadas com a adição de varandas ao longo do lado maior. O verbete é ilustrado com fotografia de uma casa polonesa de madeira.
VALENTINI, Jussara. A Arquitetura do Imigrante Polonês na Região de Curitiba. Curitiba: Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico do Paraná, 1982.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Günter Weimer
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
WEIMER, Günter. “Westfalian”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1691.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Günter Weimer possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestrado em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul.
Segundo Weimer, 20% dos imigrantes alemães vieram da Vestifália, uma região de cultura saxônica e onde se encontrariam os melhores exemplos de arquitetura vernacular germânica. Nesta região, os assentamentos urbanos são lineares abrindo-se, a uma certa distância, em uma praça. A habitação consiste em um grande celeiro que abriga os instrumentos e ferramentas da fazenda, cujo portão está voltado para a rua do assentamento. Este celeiro tem vários andares, os quais são utilizados para armazenamento de grãos e feno. Ao longo do térreo, há vários currais onde os animais são abrigados. Nos fundos desse conjunto vinculado ao trabalho há uma área dividida em cozinha, sala de jantar e latrina que, por sua vez, é separada de um salão por uma grossa parede de alvenaria de pedra. Este cômodo é restrito à família e pode estar conjugado a dois quartos, um de cada lado. Segundo Weimer, a casa da região do Reno é semelhante, sendo um dos quartos para os pais e o outro para as filhas, já que os filhos dormiam no sótão quando não se tornou mais necessário estocar feno. No Brasil, o salão se reduziu para que os quartos fossem ampliados e tornou-se uma área de convívio social ou invés de exclusiva da família. Weimer avalia que esta transformação deveu-se à falta das estruturas típicas das vilas da Vestifália, como bares e locais de encontro. A cozinha dos imigrantes vestifalianos restringiu-se aqui às áreas de cocção e de jantar, ficando a latrina do lado de fora, no centro do terreiro. Com a melhoria das condições de vida, um lavatório e depois um chuveiro foram acrescentados à área de jantar/cozinha, fazendo com que o partido original fosse, de certa forma, retomado.
WEIMER, Günter. Arquitetura da Imigração Alemã. São Paulo, Porto Alegre: Nobel e UFRGS, 1983.
WEIMER, Günter. Arquitetura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Günter Weimer
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
WEIMER, Günter. “Pomeranian”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1690-1691.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Günter Weimer é arquiteto, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestre em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul.
Segundo Günter Weimer, um quinto dos imigrantes alemães veio da região da antiga Pomerânia para o Brasil. Suas vilas ancestrais, como observado no verbete “German (Brazil Sul)”, são circulares e com as casas voltadas para um terreiro ou praça central. As habitações tradicionais, construídas na Europa, consistem de uma varanda que leva a um vestíbulo, o qual, por sua vez, dá acesso à cozinha e à sala de estar. Sendo a cozinha a fonte de calor, o estábulo fica ligado a ela e pode ter várias divisões conforme os tipos de animais criados. Em cima desse espaço fica o depósito de feno. A cozinha é sempre dividida em duas zonas: uma para preparo da comida e outra para o abrigo de uma sólida mesa de refeições. No Brasil, este arranjo da cozinha foi mantido, mas com uma abertura no meio. Além disso, houve, inicialmente, a separação da cozinha do resto da casa, ficando esta última agenciada do seguinte modo: um corredor central que atravessa toda a edificação, tendo o cômodo correspondente à sala de estar ou ao quarto de dormir de um lado e, do outro, um quarto que servia, eventualmente, como escola, depósito ou simplesmente como outro cômodo. À medida que os fogões foram sendo incorporados à cozinha e que o fogo aberto foi abandonado, esta voltou a ser incorporada à casa, retendo-se assim, em grande parte, o partido tradicional europeu.
WEIMER, Günter. Arquitetura da Imigração Alemã. São Paulo, Porto Alegre: Nobel e UFRGS, 1983.
WEIMER, Günter. Arquitetura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Günter Weimer
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
WEIMER, Günter. “German (Brzsil-S)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1689-1690.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Günter Weimer é arquiteto, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestre em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul.
O autor assinala neste verbete que a imigração de alemães para o Brasil começa nas últimas décadas do século XIX, em consequência da revolução industrial, envolvendo principalmente pessoas das regiões da Vestifália e da Pomerânia. Parte desse contingente teria vindo também da área do Reno e se alojado nas costas montanhosas do Rio Grande do Sul. Devido ao isolamento, esses grupos mantiveram grande parte de suas tradições arquitetônicas e de assentamento. Na região do Reno, as casas eram edificadas para cumprir três funções, dispostas linearmente e sob um único telhado: habitação, estábulo e celeiro. Várias
atividades, entretanto, podiam ser realizadas do lado de fora de acordo com o clima. Na Vestifália, a forma das vilas é linear e na Pomerânia, circular. Como cada casa tinha um quintal e um pomar nos fundos, as vilas possuíam um cinturão verde. O restante da terra disponível para agricultura era de uso e propriedade comum, dividida entre os moradores conforme suas necessidades. Havia sempre uma floresta contígua, de onde se retirava madeira e lenha para o enfrentamento dos invernos rigorosos. Esses colonos foram assentados no Brasil em glebas geométricas e rigorosamente definidas, de propriedade individual, o que não permitiu reconstituir aqui essas vilas ancestrais. Mas o clima mais ameno permitiu que os animais ficassem abrigados do lado de fora e a casa unitária foi então dividida em várias unidades funcionais. A habitação propriamente dita foi dividida em “cozinha” e espaço de convívio diurno, além da “casa” para visitantes e convívio social nos fins de semana. O autor assinala que os padrões dessa subdivisão são curiosos: no caso dos imigrantes vindos da região do Reno, o arranjo das construções no espaço é bastante livre; no caso daqueles da Vestifália, as edificações são dispostas em torno de um grande terreiro que serve de passagem entre a estrada e as plantações; já os da Pomerânia, organizam suas construções em torno de um terreiro circular. Uma vez que as vilas não puderam ser reproduzidas aqui, seus padrões de arranjo espacial foram retomados na organização do espaço da propriedade familiar. Por exemplo, os colonos encompridaram e estreitaram o pomar de modo que ele envolvesse o conjunto edificado e as hortas foram plantadas entre ou ao lado das edificações. Assim, formou-se um anel de vegetação em torno das construções, ainda que irregular. A floresta ancestral também foi mantida, deixando-se sempre uma área de mata nas propriedades. As lavouras, contudo, incorporaram novas plantas como a cana de açúcar e o milho, o que promoveu modificações no sítio. No primeiro caso, a adição de nova construção para o processamento do açúcar e do melaço, colocada na periferia do conjunto, segundo o autor, por não ter origem europeia. O milho, por sua vez, foi estocado em uma construção especial ou no estábulo. Dessa forma, os imigrantes alemães teriam tentado preservar suas tradições de morar e de organizar o assentamento.