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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

adobe

ISBN ou ISSN: 

978-65-86753-59-2

Autor(es): 

REZENDE, Marco Antônio Penildo; LOPES, Wilza Gomes Reis.

Referência bibliográfica: 

REZENDE, Marco Antônio Penildo; LOPES, Wilza Gomes Reis. Arquitetura e construção vernácula com terra no Brasil In: NEVES, Célia et al. Arquitetura e Construção com Terra no Brasil. Tupã, São Paulo: ANAP, 2022, 251 p.: il. – (PPGARQ ; v. especial). cap. 1.2, p. 27-35. ISBN 978-65-86753-59-2. E-book.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Marco Antônio Penido Rezende - Graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1987), Mestre em
Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1998), Doutor em Construção Civil (Politécnica/USP, 2003). Pós-doutorado
Programa Preservação Histórica, Universidade de Oregon, EUA (2010). Pesquisas, atividades de ensino,
extensão e publicações nas áreas de: arquitetura vernácula, técnicas construtivas vernáculas e antigas,
arquitetura de terra, técnicas retrospectivas, história das técnicas construtivas, sustentabilidade,
conservação e patologia das construções, restauração e revitalização arquitetônica e urbana, inovação
tecnológica na produção de arquitetura, interfaces tecnologia x arquitetura, história das técnicas.
 
 
Wilma Gomes Reis Lopes- Possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco
(1978), Especialização em Urbanismo (1985) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestrado
em Arquitetura, pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo - EESC/USP (1998) e
Doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 2002), na área de
concentração Construções Rurais e Ambiência, com ênfase em materiais alternativos de construção. É
professora Titular do Curso de Arquitetura e Urbanismo, ligada ao Departamento de Construção Civil e
Arquitetura, Centro de Tecnologia, da Universidade Federal do Piauí (DCCA/CT/UFPI).
 
Fonte: http://lattes.cnpq.br/8413549938151614
http://lattes.cnpq.br/2455108901174407

Sumário obra: 

Não se aplica

Resumo : 

Para introduzir o tema de Arquitetura Vernácula no Brasil, os autores enfatizam a grande diversidade natural
e cultural que existe no território brasileiro, e a articulam com as várias soluções construtivas que refletem
os materiais disponíveis em cada local. Em seguida, são citados diversos autores que discorrem sobre o que
seria a arquitetura vernácula, assim como o que ela representa para além da materialidade. Chega-se à
conclusão de que existe uma relação intrínseca entre essa arquitetura e as construções oriundas do saber
popular, em que são utilizados materiais locais e há uma adaptação à paisagem do entorno. Ela interage
com o ambiente em que se encontra inserida, respeitando o clima, os materiais, tradições e identidade
arquitetônica do local, valorizando, dessa forma, a identidade cultural. Assim, a arquitetura vernácula pode
se configurar num caminho para a sustentabilidade das construções e das relações sociais e culturais. Os
autores ressaltam a riqueza da arquitetura vernácula brasileira, ao mesmo tempo em que lamentam a sua
desvalorização enquanto campo de estudos e a falta de conhecimentos específicos sobre o tema, que
acabam por generalizar ou fornecer informações insuficientes sobre esse universo multidisciplinar. Em
seguida, apresenta-se a arquitetura vernácula com terra, produzida no Brasil, considerando-se a
continuidade e as mudanças encontradas no seu uso. Aqui são mostradas quais técnicas construtivas e tipos de moradias são mais encontrados em cada região do país e porquê - quais foram as influências externas que levaram a esses desenvolvimentos. Nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e em parte da Norte percebe-se a influência africana, com o uso de plantas quadradas ou retangulares, telhados com duas águas, coberturas vegetais e vedação de pau a pique e adobe. Na região Sul, as técnicas de construção com terra sempre estiveram associadas à influência europeia. A região Sudeste guarda um rico patrimônio de edificações construídas com adobe, pau-a-pique e taipa de pilão. As técnicas construtivas com terra, chegadas ao Brasil com os colonizadores portugueses e os africanos trazidos como escravos, foram basicamente a taipa de pilão, o adobe e a taipa de mão ou pau a pique, que predominaram no país. A partir disso, se conclui que a construção com terra, adotada desde o início da colonização em todo o território brasileiro, permaneceu e se desenvolveu quando e onde sua utilização foi confirmada pela experiência do solo e do clima e onde se dava a melhor adaptação ao meio. Os autores também descrevem como, a partir das mudanças sociais e econômicas, a introdução da produção do tijolo cerâmico levou ao crescente desuso das técnicas com terra nas construções, apesar de o adobe e o pau a pique continuarem presentes em várias regiões do país. No final do texto, são compreendidas as permanências e mudanças na construção vernácula no Brasil, com ênfase na taipa-de-mão e no adobe- cada um com suas particularidades. A difusão da taipa de mão no país devido à facilidade de sua execução, da transmissão do “saber fazer” e do aproveitamento de materiais disponíveis no local foi muito grande. Em relação ao adobe, foram observadas algumas particularidades, como, por exemplo, a maneira de executar a alvenaria através de diferentes tipos de assentamento ou o uso de estrutura em madeira e fechamento em adobe. A dimensão do adobe também é variável. Para concluir, os autores exaltam a importância do estudo e da preservação da arquitetura vernácula de terra, não somente como patrimônio construído, mas também a sua importância social e cultural. Além de possibilitar uma melhor qualidade de vida e o empoderamento das populações locais. fornece a mão de obra e conhecimento para a restauração das construções históricas de terra.

Data do Preeenchimento: 
quarta-feira, 12 Julho, 2023 - 18:00
Pesquisador Responsável: 

Gustavo Coelho Oliveira

Data da revisão: 
quarta-feira, 12 Julho, 2023 - 18:00
ISBN ou ISSN: 

Não consta.

Autor(es): 

Hassan Fathy

Onde encontrar: 

Acervo da biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Hassan Fathy (1900-1989) foi um arquiteto egípcio ímpar para sua época. Diplomado em 1926, com formação neoclássica, foi nomeado professor da Escola de Belas-Artes da Universidade do Cairo. Enquanto a maior parte dos seus colegas levava o olhar para os diversos movimentos modernistas e tentava introduzir, no Egito, estilos europeus, sozinho, Fathy tomou um rumo completamente diferente: procurou resgatar os antigos métodos de construção do país, com os materiais disponíveis e ao alcance dos pobres camponeses. Lançou a obra “Construindo com o povo: arquitetura para os pobres” em 1969 e, nesse mesmo ano, recebeu do governo do Egito o Prêmio Nacional de Artes e Letras. O livro foi publicado nos Estados Unidos em 1973 e no Brasil em 1980. Na época, a publicação teve grande impacto e uma repercussão significativa nos círculos acadêmicos. Quando publicado em francês, granjeou para Fathy o Prêmio de Literatura.

Informações retiradas do próprio livro e da publicação:

https://www.bibalex.org/Attachments/Publications/Files/hassan_fathy.pdf (acesso: 29/07/2015 às 11:42.)

Sumário obra: 

Prefácio

1. Prelúdio: Sonho e Realidade

  • O Paraíso Perdido: o Campo
  • Tijolo de Adobe: Única Esperança para a Reconstrução Rural
  • Bathim – Adobe para o Telhado: Tentativa e Erro
  • Núbia: Sobrevivência de uma Antiga Técnica de Construção de Abóbadas
  • Os Pedreiros Núbios Trabalhando: Primeiros Sucessos
  • Ezbet el Basry: Íblis de Tocaia
  • Furto ao Túmulo Gera Criação de Plano Habitacional Piloto
  • Nascimento de Nova Gurna: Local

2. Coral: Homem, Sociedade e Tecnologia

  • Caráter Arquitetônico
  • O Processo de Tomada de Decisão
  • O Papel da Tradição
  • Salvando a Individualidade na Aldeia
  • Restabelecendo as Tradições Artesanais da Aldeia
  • O Uso do Tijolo de Adobe – Uma Necessidade Econômica
  • Restabelecimento da Trindade : Proprietário, Arquiteto e Artesão
  • Arquitetura Vernácula de Gurna Velha
  • Mudança com Constância
  • Clima e Arquitetura
  • Orientação das Casas Determinada em Parte pelo Sol e em Parte pelo Vento
  • O Malkaf ou Pega-vento
  • Arquitetura e Sociedade
  • Estrutura de Parentesco e Costumes Locais
  • Considerações Sócio-econômicas
  • Artesanato Rural de Gurna
  • O Projeto para Nova Gurna
  • Edifícios Públicos e Equipamentos Comunitários
  • A Casa do Camponês
  • Combatendo a Esquistossomose
  • Gurna, um Projeto Piloto
  • O Sistema de Mutirão
  • Treinamento Durante o Serviço
  • Gurna não é um fim em si mesma
  • Mit-el-Nasara, uma Experiência Natimorta
  • Programa Nacional para Reconstrução Rural

3. Fuga: Arquiteto, Camponês e Burocrata

  • Primeira Estação: 1945-1946
  • Segunda Estação: 1946-1947
  • Terceira Estação: 1947-1948

4. Final: Gurna Adormecida

  • Um Arquiteto em Busca de um Patrono
  • Continuam as Difamações
  • Volta a Gurna
  • Gurna em Nabaroh
Resumo : 

Fathy inicia o livro relatando seu encontro com as formas tradicionais de construção em terra crua, e como nelas ele vislumbrou a solução para o problema habitacional do homem do campo no Egito. Acreditando no potencial desse método construtivo e na necessidade de reconhecimento desse saber milenar, tanto com o intuito de salvaguardar um patrimônio cultural quanto o de valorizar aqueles que o usufruem e que são marginalizados frente aos avanços tecnológicos, buscou desenvolver habitações que fizessem uso dessa técnica e que fossem acessíveis à população de baixa renda, satisfazendo três parâmetros: técnico, material e econômico. A priori desenvolveu habitações em que a terra crua, na forma de adobe, era empregada somente nas paredes. Verificou que essas construções não ficavam muito mais baratas do que aquelas feitas com materiais convencionais, isso porque a madeira utilizada no telhado encarecia a obra. Essas primeiras tentativas o fizeram perceber que, para alcançar seu ideal de desenvolver habitações voltadas para a camada humilde da população, era necessário que toda a construção fizesse uso da terra crua como matéria prima. Portanto, interessado em realizar edificações que fossem inteiramente desse material, resgatou, na Núbia, uma técnica de construção de abóbadas de fácil execução. O resgate dessa técnica entre os núbios foi de suma importância para o trabalho de Fathy pelo fato de dispensar o uso de formas na confecção das arcadas, o que barateava o processo e tornava-o tecnicamente mais simples. Assim, esse conhecimento garantiu viabilidade ao seu ideal de aliar, em uma construção, acessibilidade técnica e material, baixo custo, e saber tradicional. Além do interesse em solucionar o problema habitacional da zona rural, Fathy tinha a intenção de difundir esse saber entre os arquitetos, uma vez que o tema parecia ser ignorado pela própria academia, e de descontruir a ideia de que o adobe está relacionado apenas às habitações precárias das populações de baixa renda. Após essa introdução, a obra descreve a experiência que o autor teve de projetar e construir uma aldeia toda em terra crua. Nova Gurna surgiu de um convite feito ao arquiteto pelo Departamento de Antiguidades Egípcio a partir da necessidade de desapropriar uma população de 7.000 habitantes que vivia em cima das tumbas do antigo cemitério de Tebas, em uma zona considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO. Essa descrição se dá em duas partes. A primeira é dedicada a descrever e explicar todas as decisões projetuais. A segunda, a abordar as estratégias de ação para execução da nova aldeia e os empecilhos que foram vivenciados durante a sua realização, que resultaram no “fracasso” do projeto. A abordagem de Nova Gurna se inicia com a discussão acerca da situação atual da arquitetura egípcia e como o projeto se posicionava diante desse quadro. Fathy estava em desacordo com a tradição arquitetônica contemporânea do Egito, que alegava carecer de um estilo e ser fruto de importação, defendendo que a verdadeira arquitetura não consegue existir fora de uma tradição viva. Carregava consigo o desejo de superar, nesse projeto, o abismo que separa arquitetura popular daquela feita por profissionais, acreditando que o arquiteto goza de uma situação ímpar para reascender a fé do camponês na sua própria cultura. Também critica o pedantismo que permeia sua profissão, ressaltando a importância do diálogo entre arquiteto, proprietário e artesão, acreditando que eles constituem uma trindade. Fathy relata ter buscado inspiração nas formas dotadas de originalidade e espontaneidade da antiga aldeia e as ter incorporado à nova, não com um sentimento de saudosismo, mas com o objetivo de restituir aos gurnenses suas criações. Além da atenção com as antigas formas locais, se preocupou em desenhar a nova aldeia respeitando a estrutura de parentesco e costumes dos gurnenses, e em conhecer o modo como eles se relacionavam com o morar. Outra grande preocupação de Fathy era quanto às questões econômicas da aldeia, visto que a economia da comunidade dependia quase que exclusivamente de roubos aos túmulos, motivo pelo qual sofreram a expropriação. Mesmo não tendo sido solicitado, Fathy incorporou como parte vital do projeto ampliar as fontes de recursos da população, dando-lhes ocupações que rendessem, informando ao leitor tais considerações e as soluções levantadas. Além dessas questões, Fathy trata de explicar separadamente cada uma das construções planejadas para a aldeia (desde os edifícios públicos e espaços comunitários à casa do camponês) e como se daria a questão da mão-de-obra. Nesse momento Fathy aborda sua crença no sistema de mutirão para zona rural e como se deu o treinamento do serviço em Nova Gurna. Após explicar todo o projeto, Fathy se dedica a pensar essa experiência dentro de um âmbito maior, como um Programa Nacional para a Reconstrução Rural, pois, para ele, Nova Gurna não era um fim em si mesma, mas sim um primeiro passo no caminho para a regeneração da zona rural e um conceito de habitação completamente novo. Para falar das obras de construção da nova aldeia, divide a experiência em três estações, onde cada uma corresponde a um período de um ano, que vai de 1945 a 1948. Segundo ele, esse momento do livro é uma tentativa de fazer o leitor entender o fatídico desdobramento do projeto. Fathy deixa subentender que o insucesso se deu pela incompletude das obras, tendo como causa principal as dificuldades enfrentadas de ordem burocrática, mas também relata a resistência da população quanto à sua relocação, o que culminou na tentativa de sabotagem das obras, e a epidemia de cólera que afetou a aldeia. Por fim, o último aspecto tratado no livro corresponde às expectativas do autor, após o “fracasso” de Nova Gurna, com respeito a esse método construtivo e ao seu poder como ferramenta de transformação social. Fathy registra seu desejo de, no futuro, trabalhar aplicando os princípios da construção em mutirão e desenvolvendo as ideias esboçadas ao longo do livro numa cidadezinha provinciana de Nabaroh, no Egito, onde se deu a infância de sua mãe. A obra é ilustrada com algumas fotografias. 

Data do Preeenchimento: 
quinta-feira, 28 Maio, 2015 - 17:15
Pesquisador Responsável: 

Estudante bolsista: Camila Contreras Novaes

Data da revisão: 
quarta-feira, 29 Julho, 2015 - 17:15
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant’Anna

Autor(es): 

Graciela Maria Viñuales, Célia M. M. Neves, L. Silvia Rios

Onde encontrar: 
Acervo da pesquisadora Sílvia Pimenta d’Affonsêca 
Referência bibliográfica: 

VIÑUALES, Graciela Maria (coordenadora), NEVES, Célia M. Martins, RIOS, L. Silvia. Arquitecturas de Tierra em Iberoamérica. Buenos Aires: Impresiones Sudamérica, 1994. 

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Os autores fazem parte de um grupo de pesquisa da rede HABITERRA do programa CYTED – Programa de Ciência y Tecnlogia para el Desarollo. Graciela Viñueles é arquiteta, de nacionalidade argentina, e coordena o Centro de Pesquisa “Barro na Argentina”.
Célia Neves é brasileira, engenheira civil e trabalhou no CEPED- BA (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia). 
Luis Silvio Ríos é arquiteto e trabalha Centro de Tecnologia Apropiada, no Paraguai. 
Sumário obra: 
Apresentação (Alberto Calla Garcia, arq) 
Mapa Rede Habiterra 
Técnicas Construtivas 
Centros Operativos 
Bibliografia 
Glossário 
Resumo : 
O livro é resultado de um levantamento sobre técnicas construtivas em terra, elaborado por grupo pesquisadores do Habiterra do CYTED – Programa de Ciência Y Tecnologia para el Desarrollo, tendo com rede temática a Sistematatización del uso de la Tierra en Viviendas de Interes. O grupo é formado por representantes da Argentina, Brasil, El Salvador e Paraguai. A área de abrangência do estudo foi o próprio limite do CYTED, ou seja a América Ibérica, tendo como limite temporal desde a antiguidade até os dias atuais. A obra se divide em quatro partes. A primeira, composta por textos que explicam as diferentes técnicas construtivas, vem acompanhada por fichas esquemáticas que descrevem essas técnicas e suas possíveis variações. O primeiro dos quatro textos que intercalam as fichas, de autoria de Luis Silvio Dias, trata das construções em terra com paredes monolíticas, exemplificando as diversas variações da técnica construtiva conhecida no Brasil como taipa de pilão, assim como as diferentes nomenclaturas e materiais utilizados nas diversas regiões estudadas. Também traz informações sobre as soluções adotadas para minimizar os problemas de umidade e sismos. O segundo texto, de Mario Flores, trata das variações da arquitetura de terra que faz uso de uma trama de madeira como estrutura de fixação do barro, denominada de taipa de mão, taipa de sopapo ou pau a pique, no Brasil; quincha na Argentina e bahareque nos demais países. As variações desta técnica, vão desde o material da trama (madeira rústica, serrada, bambu) até ao enchimento com terra, com ou sem cal, utilizando fibras, palha etc. O terceiro texto, de Célia Neves, apresenta um breve histórico sobre o uso das alvenarias de terra desde a antiguidade até os nossos dias. Em seguida relata as inovações tecnológicas realizadas nessa técnica, cujos objetivos geralmente visam a identificação de solos apropriados, a estabilização, a impermeabilização e a dosagem dos materiais, além do estabelecimento de parâmetros para ensaios e para o desenvolvimento de métodos de controle, de fabricação e/ou execução. Neves analisou e catalogou 19 tipos de sistemas construtivos em alvenaria de terra. O quarto texto, de autoria de Graciela Viñuales, trata de sistemas construtivos menos conhecidos, como “mampuesto cortado”, que consiste em cortar a terra, geralmente em forma de paralelepípedo, e utilizá-la diretamente para a construção. A terra pode ser de pasto ou de certa profundidade que nunca foi removida. É também exposta uma variação da técnica do pau-a-pique, no que toca ao material usado, ao modo de se fazer a trama e a maneira como a terra de enchimento é utilizada. Por fim, as vantagens e desvantagens do uso dessas técnicas são apresentadas. Todos os textos são acompanhados de fichas, compondo um catalogo de técnicas construtivas, onde são apresentados um croqui com o modelo da construção, a técnica construtiva, o sistema estrutural, a proporção dos materiais básicos, as ferramentas necessárias, se é ou não permitido ampliações, aberturas e instalações embutidas, se tem tratamento contra agentes agressivos e controle de qualidade, entre outras informações. Na segunda parte do livro consta a lista dos centros de pesquisa sobre o tema, trazendo informações gerais tais como: endereço, responsável, objetivo do centro e abrangência geográfica. A terceira parte apresenta uma vasta bibliografia sobre o tema, tendo como abrangência os países envolvidos no CYTED, e, finalmente, a quarta parte corresponde a um glossário de termos técnicos utilizados nas diferentes regiões abrangidas pela pesquisa. 
Data do Preeenchimento: 
sábado, 18 Agosto, 2012 - 12:30
Pesquisador Responsável: 

Sílvia Pimenta d’Affonsêca

Data da revisão: 
domingo, 31 Agosto, 2014 - 12:00
Responsável pela Revisão: 

Luiz Antonio Fernandes Cardoso

Autor(es): 

Giovanna Rosso del Brenna

Onde encontrar: 
Acervo da pesquisadora Sílvia P. d’Affonsêca 
Referência bibliográfica: 

ARQUITETURA DE TERRA: UMA VERSÃO BRASILEIRA.  Exposição organizada por Giovanna Rosso del Brenna. Centro Cultural Francês – Rio de Janeiro. 6 a 29 de maio de 1982. Solar de Montignny, PUC- RJ.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Giovanna Rosso del Brenna é italiana e historiadora da Arte. É docente da Università Cattolica del Sacro Cuore, em Milão, desde 2001, e da Università degli Studi di Genova, desde 2000. Foi também Professora Adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) entre 1978 e 1990. 
Sumário obra: 
Apresentação 
Arquitetura de terra Uma versão Brasileira 
Técnica Construtivas antiga (séculos XVII-XIX) 
Autoconstruções, hoje 
Propostas e experimentações contemporâneas 
Textos de referências 
Contribuições 
Resumo : 
A obra é o catálogo da exposição “Arquitetura de Terra” organizada por Giovanna Rosso Del Brenna, no Solar Grandjean de Montigny e Centro Cultural Francês do Rio de Janeiro, em maio de 1982. Apresenta pequenos textos baseados no livro de Silvio de Vasconcelos sobre sistemas construtivos tradicionais brasileiros, descrevendo as técnicas da taipa de pilão, do pau a pique e do adobe, seguidos de vários exemplos de edifícios construídos com estas técnicas, em diferentes estados do Brasil. O catálogo traz ainda exemplos de autoconstrução da década de 1970, com vínculos com as técnicas construtivas tradicionais e destaca um trabalho desenvolvido pela arquiteta Vera Maria Ferraz, que se encontra no Conselho do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo - CONDEPHAAT, sobre construções recentes de taipa de pilão em Mogi das Cruzes, no qual a autora, tendo encontrado alguns mestres taipeiros, descreve a técnica através desses mestres e identificar essas edificações. A obra também apresenta os resumos e as respectivas bibliografias de algumas propostas e experimentações desenvolvidas com o uso de técnicas tradicionais, tais como: Memória descritiva do Anteprojeto para a Vila de Monlevade, Sabará - MG, 1936, de Lucio Costa; Taipa. Projeto da comunidade de Cajueiro Seco - PE, 1963, de Acácio Gil Borsoi e Casas de paredes de solo-cimento, de 1948, da Associação Brasileira de Cimento Portland. Por fim, como textos referenciais, traz um texto de Luis Saia, denominado Notas Sobre a Arquitetura Rural Paulista do Segundo Século, publicado na revista do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, vol. 8, Rio de Janeiro, 1944, no qual o arquiteto paulista trata da técnica construtiva em terra nos séculos XVIII e XIX, fazendo um estudo comparativo entre os edifícios existentes deste período e considerando o tipo de solo utilizado. Outro texto de referência, tem como autor Carlos Lemos e discorre sobre as arquiteturas do litoral e do interior, mostrando as diferenças construtivas em função do clima e dos materiais disponíveis nas respectivas regiões. O mesmo texto também trata das mudanças no panorama da arquitetura após a revolução industrial. Por fim, o catálogo apresenta o resumo da experiência de Maria Pace Franco de uso da terra como material de construção no quadro da Reforma Agrária da Argélia.
 
Data do Preeenchimento: 
segunda-feira, 20 Agosto, 2012 - 11:45
Pesquisador Responsável: 

Sílvia d´Affonsêca

Data da revisão: 
domingo, 31 Agosto, 2014 - 11:00
Responsável pela Revisão: 

Luiz Antonio Fernandes Cardoso

ISBN ou ISSN: 

13: 978-0-7506-6657-2 ou 10: 0-7506-6657-9

Autor(es): 

Paul Hereford Oliver

Onde encontrar: 

Disponível em pdf na Internet, em inglês.

Referência bibliográfica: 

OLIVER, Paul. Earth as a building material today”. In: OLIVER, P. Built to meet needs: cultural issues in vernacular architecture. Oxford: Architectural Press, 2006, pp. 129-142.

Eixos de análise abordados: 
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Paul Hereford Oliver nasceu em Nottingham, Inglaterra, em 1927. É historiador da arquitetura e escreve também sobre blues e outras formas de música afro-americana. Foi pesquisador do Oxford Institute for Sustainable Development da Oxford Brooks University, de 1978 a 1988, e Associated Head of the School of Architecture. É conhecido internacionalmente pelos seus estudos sobre arquitetura vernacular, em especial, como editor da Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World (1997) e pelo World Atlas of Vernacular Architecture (2005). A enciclopédia reúne pesquisas e estudos sobre arquitetura vernacular em todas as regiões do mundo, sendo a principal referência sobre o tema com esta abrangência até o momento. O texto em exame é datado de 1982 e está publicado na coletânea em referência na parte que trata da transmissão das técnicas construtivas tradicionais. 

Resumo : 
Neste texto Oliver defende a importância da construção em terra para os países pobres e ressalta a apropriação estética e ornamental que vem sendo feita dessa arquitetura em contraste com as avaliações de sua fragilidade em face de desastres naturais, especialmente terremotos. Observa que embora a arquitetura de terra seja ainda o principal método construtivo no mundo todo, apesar da presença das técnicas ocidentais de construção, entende que seu abandono e as políticas que a destroem decorrem do baixo status que lhe é conferido e também da exposição de suas fragilidades em contextos de desastres naturais. Seus méritos, contudo, seriam muitos: não tem custo e sua matéria-prima se encontra, em teoria, no sítio da construção; não requer técnicas sofisticadas e equipamentos especiais e emprega mão de obra de modo intenso com treinamento relativamente modesto. Assim, é acessível aos pobres, seu suprimento é vasto e produz um material reciclável. A terra trabalha bem à compressão, mas tem pouca possibilidade de vencer vãos e constituir coberturas. Mas em sociedades que dominam essa técnica, soluções foram encontradas para a construção de domos com adobe, como nos bazares do Irã. Oliver menciona também as técnicas para conferir mais reforço, resistência e flexibilidade, como as que combinam armações de madeira ou de caniço com o barro e as que lhe adicionam esterco, assim como os elementos que conferem durabilidade a essa arquitetura em zonas tropicais como os grandes beirais. O adobe seria o método de construção mais comum, tendo suas raízes na cultura árabe. A terra socada, misturada com pedregulhos e compactada com o uso de uma fôrma de madeira também é citada como outro método muito utilizado e que aparece em países tão distantes como França, Marrocos, Índia, China e Inglaterra, neste último, numa variedade denominada “cob walling”. As propriedades térmicas das construções em terra são ressaltadas, assim como sua adequação aos climas quentes. Sua diversidade de tipos e métodos faz com que sejam as construções mais comuns no mundo todo, estimando-se a existência de milhões. Embora sejam construções arriscadas em áreas sujeitas a terremotos e inundações, Oliver considera possível desenvolver formas de tornar a construção em terra mais segura. Para ele, o principal entrave ao uso mais extensivo dessas construções estaria na mente burocrática dos governantes e na associação dessas técnicas com o subdesenvolvimento. Muitas vezes prefere-se a importação de cimento, aço e outros materiais “modernos”, por questões de imagem e daí a importância de mudar a imagem negativa da casa de terra como forma de assegurar sua continuidade no futuro. Oliver fornece vários exemplos de uso contemporâneo da arquitetura de terra, ressaltando as experiências com adobe realizadas nos EUA e a obra de Hassan Fathy, arquiteto egípcio, que nos anos de 1940 e 50 foi responsável pelo projeto de Nova Gourna – estrutura desenhada para abrigar 900 famílias que usou a construção em terra, promoveu o treinamento de artesãos e o desenvolvimento de habilidades locais. 

 

Data do Preeenchimento: 
quinta-feira, 9 Agosto, 2012 - 16:30
Pesquisador Responsável: 

Marcia Sant’Anna

Data da revisão: 
terça-feira, 1 Julho, 2014 - 16:00
Responsável pela Revisão: 

Daniel Juracy Mellado Paz

ISBN ou ISSN: 

978-989-8268-16-7

Autor(es): 

Orlando Ribeiro

Onde encontrar: 

Acervo Prof. Daniel J. Mellado Paz

Referência bibliográfica: 
RIBEIRO, Orlando. A Civilização do Barro no Sul de Portugal (Aspectos e Sugestões). In: RIBEIRO, Orlando. Geografia e Civilização – temas portugueses. 1ed. Lisboa: Livraria Letra Livre, 2013, p.47-78. 
Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Importante geógrafo português, Orlando da Cunha Ribeiro (1911-1997) foi um dos responsáveis pela renovação da Geografia no país, e tem como obras principais Arrábida, esboço geográfico e Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Não há informação precisa sobre a data da primeira edição da obra em que se encontra o estudo em exame. Esta é uma edição fac-similar da sua 1ª edição publicada em 1961, em Lisboa, pelo Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa/ Instituto de Alta Cultura. 
Resumo : 
Portugal, sem velhas civilizações para dar-lhe elementos essenciais, é, em larga medida, condicionado pela sua extensão no sentido dos meridianos. A precipitação maior ao norte do Tejo, no sopé da Cordilheira Central, proporciona aspectos que avivam o contraste com o sul: bosques de folha caduca e matagais de folha perene; prados e pastagens de charnecas ou de restolhos; a área de gado grosso e de gado miúdo; o boi como único animal e o muar e o burro como concorrentes. Ao norte, população densa e isolada pelo relevo, com arcaísmos pré-históricos. Ao sul, a difusão de elementos civilizatórios oriundos da bacia do Mediterrâneo. No primeiro, surgimento de rocha sã e destruição dos depósitos de argila; no outro, clima seco e aplanações que conservam a argila. Nesta última região, aparece uma “civilização do Barro”, presente no Alentejo, com prolongamentos no Ribatejo e sul da Beira e na região da Ria de Aveiro, nos arredores de Leiria. No Alentejo, a taipa é usual nas paredes das casas e nos muros que resguardam os “ferragiais” e as hortas, sendo constituída de mistura de barro e pedriça, batida a malho dentro do taipal – caixa de madeira sem fundo que corre lateralmente e sobe à medida que endurece a parede. As paredes são rebocadas e caiadas, dificultando o reconhecimento do material, denunciado apenas pela ausência de molduras nas portas e janelas. A taipa foi ainda empregada na expansão portuguesa na África e América, com provável predomínio de gente do Sul. No Brasil foi suplantada pelo " pau-a-pique” ou “taipa de sopapo”, trazida pelos escravos, técnica menos duradoura porém mais rápida e simples. Também se emprega o “adobe”, barro amassado junto com areia ou palha cortada, moldado em tijolo e seco ao sol, sobreposto em fiadas com juntas desencontradas. Ambas as técnicas precisam ser conservadas da umidade: no campo, os muros são cobertos de pedra, palha ou telhas; nas casas, rebocados e caiados, protegidos pelo beiral do telhado. Há uma correspondência com a disponibilidade do material, oriundo de película de alteração superficial dos xistos argilosos, de bancadas discordantes sobre maciço antigo ou de camadas das bacias sedimentares do Tejo ou do Sado. Quase sempre, se encontra perto a pedriça miúda - fragmentos de xisto, de quartzito ou de quartzo de filão. Seu emprego é diverso: em arcos, abobadilhas e abóbadas de berço ou de aresta, coberta por um telhado sobre desvão ou por terraço ladrilhado, e em frisos de cimalhas, ameias, chaminés, pombais, arcos rendilhados, fornos. O barro comparece também na cerâmica: a originalidade alentejana está no seu uso para vasilhame de líquidos – “talhas” ou “potes” -, enquanto no resto de Portugal se usam pipas e tonéis de madeira. Além disso, nas salgadeiras de barro para carne de porco e nas peças para azeitonas. O centro de difusão dessa civilização estaria nos planaltos castelhanos com grande abundância de argilas e margas terciárias, e sem pedras disponíveis. Tal civilização, espraiando-se em Portugal, suplanta a civilização megalítica alentejana, das maiores necrópoles dolmênicas, desdenhando o material que a natureza oferecia. 
Data do Preeenchimento: 
sábado, 17 Agosto, 2013 - 16:30
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
sábado, 21 Junho, 2014 - 16:30
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

Autor(es): 

Ernesto Veiga de Oliveira

Onde encontrar: 

Acervo Prof. Daniel J. Mellado Paz

Referência bibliográfica: 
OLIVEIRA, Ernesto Veiga de; GALHANO, Fernando; PEREIRA, Benjamim. Construções Primitivas em Portugal. 2ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1988. 
Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990), etnólogo português, foi um dos fundadores do Centro de Estudos de Etnologia e um dos responsáveis pela renovação da Etnografia em Portugal, com extensa produção sobre arquitetura popular. Fernando Galhano (1904-1995) foi um dos fundadores do Museu de Etnologia de Lisboa, versátil desenhista e também autor, sozinho e em parceria, de trabalhos sobre arquitetura popular, sistemas de transporte, tecnologia têxtil, sistemas de moagem e pesca, entre outros. Benjamim Pereira (1928), integrante do Centro de Estudos de Etnologia, foi também dos fundadores do Museu de Etnologia, com trabalhos na mesma área que os demais autores da obra. A primeira edição da obra em exame é de 1969, pelo Centro de Estudos de Etnologia do Instituto de Alta Cultura de Portugal. 
Sumário obra: 
I PARTE – Construções Primitivas e Elementares 
 Cap. 1 – Abrigos 
 I – Abrigos Naturais 
 II – Abrigos Artificiais 
Cap. 2 – Construções de Planta Circular 
A – Construções de Planta Circular com Cobertura Cônica de Materiais Vegetais 
B – Construções de Planta Circular (ou Quadrada) Inteiramente em Pedra 
(Falsa Cúpula) 
 Cap. 3 – Construções de Planta Quadrangular 
A – Construções de Planta Quadrangular Inteiramente em Materiais Vegetais 
B – Construções de Planta Quadrangular com Paredes de Pedra e Cobertura 
em Materiais Vegetais 
 Cap. 4 – Barcos de Avieiros
II PARTE – Sistemas Primitivos de Construção 
 Cap. 5 – Coberturas. Elementos Acessórios da Construção. Diversos. 
1) Coberturas 
2) Elementos Acessórios da Construção 
3) Diversos 
Resumé 
Índice Geográfico 
Índice Analítico 
Índice de Desenhos Índice de Figuras 
Errata 
Resumo : 
Obra com abundância de fotos e desenhos, como plantas, cortes e detalhes. O enfoque técnico-construtivo dita a tônica da tipologia e da classificação dos exemplares. A abordagem enfatiza aspectos funcionais, das atividades humanas e condições geoclimáticas, descurando dos aspectos simbólicos. Trata do estudo das formas mais simples e elementares de construção, relacionadas a atividades de caráter arcaico, como abrigos móveis de pastoreio e casas de pescadores, condenadas a desaparecer com o advento dos materiais industriais e a facilidade nos transportes. Os autores dedicam-se primeiro aos abrigos mais elementares. Os “naturais” – como cavernas, grutas e lapas – e os “semi-naturais”, que são melhorias dos anteriores e remanescentes da cultura neolítica nas zonas calcárias do Centro e Sul de Portugal, com casos no Norte, de menores dimensões, onde o granito se decompõe. A maior diversidade aparece nos abrigos “artificiais”. Nos de pedra, registra-se aqueles em “muros e socalcos”, os “simples” e os “malhões”, de pedras secas encasteladas e sem cobertura, no Alentejo, Sintra e Serra da Estrela. Nos abrigos inteiramente de materiais vegetais, distingue-se os “fixos” dos “móveis”. Nos fixos, destacam-se as cabanas, com elemento único formando cobertura e parede, cônicas e de planta quadrangular; as barracas para cultivo do melão nos campos do Tejo e no Alentejo, feitas de tábuas, canas, palhas e ramagens; os abrigos feitos de canas, nas vinhas entre Torres Vedra e o mar, e os de pranchas de cortiça, nas regiões de sobreiros. Nos móveis, descreve-se as “esteiras” e “choços” de pastores no Leste – guarda-ventos e abrigos feitos de palha com elaborada armação de varas -; os abrigos sobre carros (mais raros, ligados ainda ao pastoreio, e distribuídos por todo o país) e casos especiais, como as cabanas de palha de milho no litoral do Porto a Leiria. Depois, o livro trata de construções mais elaboradas, classificadas de acordo com aspectos construtivos e formais. Aborda-se, inicialmente, as de planta circular com cobertura cônica em materiais vegetais, dividindo-as em “inteiriças”, nas que distinguem parede e cobertura do mesmo material e nas de parede de pedra e cobertura vegetal. Nestas surge uma diversidade maior de vestígios, levando a hipóteses sobre a altura das paredes, sobre o material da cobertura - telhas romanas, palha, giesta ou “faxina” recoberta de barro – e sobre sua origem como uma passagem para a pedra de antigas cabanas inteiramente vegetais. As cabanas circulares com cobertura cônica em materiais vegetais apresentam raros exemplares íntegros em regiões arcaizantes ou segregadas. Aquelas com cobertura e parede únicas aparecem na Beira Alta e Alentejo. As do tipo cilíndrico-cônico, com cobertura e parede distintas, surgem apenas como anexos rurais nos currais para gado miúdo (“curveiros”), no Alentejo e nos espigueiros (canastros de varas) no Minho. Das construções de planta circular com paredes cilíndricas de pedra e cobertura cônica de materiais vegetais, há exemplares no Algarve, Alentejo e Beira Alta, como o caso excepcional das barracas de planta arredondada para guarda de barcos e aprestos da apanha de sargaço em Fão e Pedrinhas. Um caso à parte são as construções de planta circular ou quadrada em pedra com fechamento em falsa cúpula, constituída por fiadas horizontais de pedra em diâmetros sucessivamente menores e fechadas por lajes chatas. Em Portugal, são de xisto – no sul, Algarve, Alentejo e Beira Baixa – ou de granito, no norte. Construções sempre de pequenas dimensões, são abrigos temporários, palheiros, pocilgas, queijeiras, moinhos e fornos. Com exemplos pré-históricos e recentes, são alvo de estudo por região em seus aspectos sociológicos e em comparação com análogos europeus. Quanto às construções em planta quadrangular, faz-se classificação similar: cobertura e paredes unitários em matéria vegetal; cobertura e paredes distintas do mesmo material; paredes em pedra e cobertura vegetal. Do primeiro caso, os exemplares são pouco freqüentes. Com cobertura e paredes distintos, são notáveis os palheiros no litoral central, com paredes de tabuado e cobertura de palha, estorno ou junco. No litoral algarvio encontram-se cabanas de junco, estorno ou palha, ligadas à atividade pesqueira, com descrição e história minuciosa dos tipos de cada área, relações socioeconômicas e hipóteses sobre a origem. Exemplares do mesmo tipo encontram-se no Alto Alentejo, Ribatejo e Estremadura, como anexos de unidades agrícolas para recolha de carros e alfaias, currais e depósitos.Das construções em planta quadrangular, com parede de pedra e cobertura vegetal, há descrição minuciosa de exemplares no distrito do Viseu, Médio Tâmega e Baixo Douro. Destaca-se as “malhadas” alentejadas e beiroas, grandes currais unitários para cabras e porcos; as “barracas de sargaço”, abrigos de barcos e utensílios, feitos a partir do depósito do sargaço colhido para adubo, do Douro ao Minho; e os “barcos de avieiros”, da pesca sazonal no Tejo, abrigos de toldos, à beira d´água, ou como extensões dos barcos.  Depois desse elenco tipológico, o livro aborda os sistemas primitivos de construção. Primeiro, as coberturas, destacando-se o emprego do material vegetal, em franco desaparecimento e substituição pela telha. Descreve-se a estrutura habitual e as formas da cumeeira, da proteção contra o vento e a abertura para fumaça. Das coberturas em pedra, além da falsa cúpula, registra-se o xisto em escamas de pedra, com pouca inclinação e sobre armações de madeira, como nos espigueiros. E o uso do granito, em placas de grandes dimensões – no Alto Minho, em especial - sem subestrutura, em fornos e espigueiros. Menciona-se ainda o uso da terra como cobertura, na ilha de Porto Santo. Em seguida, são estudados os “elementos acessórios”: esteiras vegetais, pedra (para colunas, pilares, lajes verticais e cachorros), tabiques, taipas, adobes e pastas. Os tabiques são paredes de madeira e materiais leves revestidas de argamassa, usadas em divisórias e, em alguns casos, como paredes externas. As taipas são paredes de terra grossa, amassada e calcada em moldes que depois são retirados, empregadas no Sul como paredes e muros. Os adobes são paralelepípedos de barro amassado, misturado com areia ou palha cortada, feitos em moldes de madeira e secos ao sol, mais comuns na zona litoral do centro, a partir do Aveiro, e no Sul. E a “pasta” compõe-se de grandes placas de granito cujas juntas são argamassadas. 
 
Data do Preeenchimento: 
terça-feira, 6 Maio, 2014 - 12:00
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
quinta-feira, 19 Junho, 2014 - 14:00
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

Observação: 
Não se aplica

 

Autor(es): 

Sylvio de Vasconcellos

Onde encontrar: 
Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA 
Referência bibliográfica: 

Vasconcellos, Sylvio de. Arquitetura no Brasil - Sistemas construtivos.  Revisão e notas: Suzy de Mello. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1979. 

Eixos de análise abordados: 
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Sylvio de Vasconcellos (1916-1979) era arquiteto e autor de inúmeros estudos, artigos e obras bibliográficas sobre o Barroco Mineiro e a formação dos primeiros povoados em Minas Gerais. Foi Professor Titular da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais e Chefe da Coordenadoria Regional do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no mesmo estado. 
Sumário obra: 
Cap 1 – Estrutura 
Cap 2 – Vedações 
Cap 3 – Pisos 
Cap 4 – Forros 
Cap 5 – Vãos 
Cap 6 – Coberturas 
Cap 7 – Escadas 
Cap 8 – Armários 
Cap 9 – Pinturas 
Referências Bibliográficas
Resumo : 
O livro trata dos sistemas construtivos tradicionais com ênfase nas edificações históricas de Minas Gerais, sem, no entanto desprezar as outras regiões do país. Com ilustrações e fotografias, descreve as técnicas construtivas de cada etapa da construção, em linguagem bastante acessível, identificando e denominando todos os seus elementos constitutivos. O capitulo 1 trata das estruturas das construções desde os alicerces e fundações até as paredes, informando que estas podem ser simples vedações ou também ter função estrutural. O autor explica e detalha os processos de execução de paredes estruturais, feitas em diversas técnicas tradicionais de construção, tais como: taipa de pilão (com alicerce também em taipa de pilão) e alvenarias de pedra, de adobes e de tijolos, além de também descrever a construção de estruturas autônomas, principalmente as estruturas de madeira, detalhando modos de encaixe, dimensões, tratamento e nomenclatura das peças de acordo com a função. No capítulo 2, o autor trata das vedações, sendo que estas algumas vezes desempenham também, ainda que parcialmente, função estrutural. Explica a execução de diferentes tipos de vedações - pau a pique, tijolos, estuque e tabiques - e de estruturas mistas. Identifica, denomina e caracteriza as diferentes partes que constituem os sistemas de vedação, destacando também os elementos decorativos que os compõem, como, por exemplo, as platibandas e frontões, entre outros. Com relação aos pisos (capítulo 3), o autor descreve exemplos utilizados em diversas épocas e conjunturas, como os feitos em terra batida, em lajotas (de barro, cerâmicas e hidráulicas), em tabuado (com os diferentes tipos de encaixe), além daqueles executados com lajeados, seixos rolados, mármore, parquet e tacos, explicando os usos, a execução, os diferentes tipos de material e as dimensões das peças de cada um deles. O capitulo 4, trata dos diferentes tipos de forro, com bastante ênfase nos de madeira. O autor detalha e classifica os forros de acordo com as formas, os encaixes e uniões das peças de madeira. Trata ainda dos forros executados com outros materiais como tijoleira e gesso. No capítulo 5, referente aos vãos, estuda as diversas aberturas como: portas, janelas, seteiras e óculos, definindo e denominando as partes que os compõem, assim como as esquadrias e outros elementos utilizados para as suas vedações, detalhando os tipos de encaixe, as tipologias e as ferragens utilizadas. No estudo das coberturas (capitulo 6), o autor analisa diferentes tipos de tesouras e as sambladuras que podem ser feitas para a união das peças de madeira, os esforços a que cada peça está submetida, o entelhamento e as soluções usadas como acabamento das telhas e beirais. As escadas (capitulo 7) são estudadas a partir dos diferentes tipos encontrados na arquitetura, analisando-se os materiais usados na construção, a forma como se desenvolvem, o número de lances e o direcionamento que as caracterizam. Assim como ocorre nos outros capítulos, o autor identifica, nomeia e exemplifica as peças e elementos componentes das escadas. Por fim, o livro traz ainda dois pequenos capítulos: um sobre armários fixos (capitulo 8), muito utilizados na arquitetura colonial para guarda de mantimentos e louças, normalmente feitos nos rebaixos das paredes ou nos desvãos das escadas; e outro (capitulo 9) dedicado às pinturas das edificações e dos seus elementos constitutivos, especialmente a pintura dos forros, onde descreve, além das técnicas empregadas, os materiais (orgânicos e minerais) usados como base para as tintas. O livro é bastante ilustrado com fotografias e desenhos, o que facilita a compreensão dos temas tratados. 
Data do Preeenchimento: 
sábado, 6 Abril, 2013 - 10:00
Pesquisador Responsável: 

Sílvia d´Affonsêca

Data da revisão: 
domingo, 31 Agosto, 2014 - 10:00
Responsável pela Revisão: 

Luiz Antonio Fernandes Cardoso

Autor(es): 

Juliana Prestes Ribeiro de Faria

Onde encontrar: 

Arquivo disponível em formato PDF

Referência bibliográfica: 
FARIA, Juliana Prestes Ribeiro de e REZENDE, Marco Antônio Penido de. “Um olhar retrospectivo: o discurso dos viajantes sobre a arquitetura de terra em Minas Gerais”. In: Terra Brasil: Congresso de Arquitetura e Construção com Terra Crua, n. 3, 2010. Campo Grande, Campo Grande, 2010, 19 p. 
Eixos de análise abordados: 
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Juliana Prestes Ribeiro de Faria possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina (2005) e mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011), realizado sob orientação de Marco Antônio Penido Rezende. É Analista de Gestão, Proteção e Restauro junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG). Em 2007, recebeu o prêmio de Jovem Empreendedora do Banco do Brasil. 
Informação obtida na obra em exame. 
 
Marco Antônio Penido de Rezende possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1987), é Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1998) e Doutor em Construção Civil (Politécnica/USP, 2003). Realizou Pós-Doutorado no Programa Preservação Histórica da Universidade de Oregon, EUA (2010). Tem realizado pesquisas, atividades de ensino, extensão e publicações nas áreas de: técnicas retrospectivas, história das técnicas construtivas, técnicas construtivas antigas e vernaculares, arquitetura de terra, sustentabilidade, conservação e patologia das construções, restauração e revitalização arquitetônica e urbana, inovação tecnológica na produção de arquitetura, interfaces tecnologia x arquitetura, história das técnicas. É Professor Associado Escola de Arquitetura da UFMG e um dos criadores do Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e do Curso de Especialização em Sistemas Tecnológicos e Sustentablidade aplicados ao Ambiente Construído desta universidade. 
 
O artigo em exame foi apresentado em Terra Brasil: III Congresso de Arquitetura e Construção com Terra Crua, realizado em 2010, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, mas não há informação se foi publicado em anais. 
Informações obtidas em: http://lattes.cnpq.br/8413549938151614
Resumo : 
A partir de relatos de seis viajantes estrangeiros que percorreram o estado de Minas Gerais durante o século XIX, os autores analisam as diferentes percepções que cada viajante teve diante da arquitetura mineira e das técnicas construtivas que utilizam terra crua como o pau a pique e o adobe. Os autores consideram esses relatos indispensáveis para a reconstrução da história dessa técnica. Naquele período, a Europa tinha um ponto de vista etnocêntrico com relação às demais culturas, tanto nas questões atinentes ao meio físico como nas econômicas, religiosas e sociais. Esse olhar pôde ser compreendido através dos viajantes pesquisados, cujos depoimentos são carregados de comparações com o universo europeu. Os relatos revelam que os estrangeiros possuíam valores distorcidos a respeito da volumetria, da forma e, principalmente, da estética e da técnica construtiva das edificações mineiras. As construções em terra crua aparente, por exemplo, eram desvalorizadas. Da mesma forma, os elementos utilizados para proteção das edificações nos períodos chuvosos, também eram descritos de maneira preconceituosa, avaliando-se negativamente sua resistência diante das condições climáticas. Nessa fase, a Europa já fazia uso do tijolo cozido e do ferro, que eram materiais novos e considerados superiores aos naturais. Por fim, os autores observam que os relatos permitiram ter uma visão dos conceitos negativos que os estrangeiros tinham em relação à arquitetura de terra em Minas Gerais, baseados não na qualidade dos materiais e na execução da técnica, mas na visão que o europeu tinha de progresso naquele momento. 
Data do Preeenchimento: 
quarta-feira, 13 Março, 2013 - 12:15
Pesquisador Responsável: 

Estudante voluntária: Samantha Rocha

Data da revisão: 
segunda-feira, 18 Março, 2013 - 12:15
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

Observação: 
Referência bibliográfica recomendada: 
FARIA, Juliana Prestes Ribeiro de. Influência africana na arquitetura de terra de Minas Gerais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG. Belo Horizonte, 2011. 
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