Isa Helena Tibúrcio e Lourival Pacheco Castro Neto
Onde encontrar:
Acervo do Prof. Daniel J. Mellado Paz
Referência bibliográfica:
TIBÚRCIO, Isa Helena e CASTRO NETO, Lourival Pacheco. Terrraço-Varanda. In: CANÇADO, Wellington; MARQUEZ, Renata; CAMPOS, Alexandre e TEIXEIRA, Carlos M. (org). Espaços Colaterais. Belo Horizonte: Instituto Cidades Criativas/ ICC, 2008.
Eixos de análise abordados:
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Isa Helena Tibúrcio é arquiteta e urbanista, formada pela EAU-UFMG, em 1992, e Mestre em Arquitetura pela EAU-UFMG em 2000. Trabalha como autônoma em projeto e obra de arquitetura. Ensinou na Unileste – Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, em Coronel Fabriciano, entre 2000 e 2010, onde foi coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Ali trabalhou em Ensino, Pesquisa e Extensão nas áreas de arquitetura residencial, de interiores, tipologia “terraço-varanda”, dinâmicas urbanas no Vale do Aço e projetos de interesse social. Entre 2004 e 2005 foi docente no Curso de Especialização em Arquitetura de Interiores do IEC – Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Desde 2010 ensina no Curso de Arquitetura e Urbanismo do CUMIH – Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, em disciplinas relacionadas ao espaço público, mobilidade urbana e espaços verdes. Desde 2011 trabalha como arquiteta na Tecnometal Engenharia, em Vespasiano, Minas Gerais, com ênfase em arquitetura de interiores e design de produto.
Não foram encontrados dados sobre Lourival Pacheco de Castro Neto. Em 2004 era discente orientado pela Prof. Isa Helena Tibúrcio em pesquisa intitulada Tipologias Arquitetônicas do Vale do Aço.
Sumário obra:
Não se aplica.
Resumo :
Em breve texto dentro do livro Espaços Colaterais, os autores expõem o terraço-varanda, espaço que seria central no Vale do Aço, em Minas Gerais, e que apresentaria vantagens na proteção do edifício contra o calor, assim como da laje, controlando a variação térmica, prevenindo as fissuras decorrentes e criando uma área versátil para o uso. Constitui-se em um espaço coberto que coroa a edificação, sendo um misto de varanda e terraço, com pilares perimetrais – estrutura em madeira, concreto ou aço – e cobertura planar em telha cerâmica, de amianto ou metálica, contrastando com o conjunto. Está presente em bairros de diversos níveis sociais, em edifícios residenciais e comerciais, verticais e horizontais. Apesar do pé-direito baixo e da falta de tratamento térmico e acústico, o que inibiria o uso prolongado, abrigaria funções tão diversas como: lavanderia, depósito, oficina de arte, ginástica, descanso, festas, cozinha e mesmo a criação de pequenos animais.
MESTRES e artífices de Minas Gerais/coordenação Leonardo Barci Castriota. Brasilia, DF: Iphan, 2012.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Leonardo Barci Castriota Leonardo Barci Castriota é arquiteto-urbanista (1986), com doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000) e pós-doutorado junto ao Getty Conservation Institute (GCI) em Los Angeles (2001) e a Universidad Politécnica de Madrid (2009/2010). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais e, desde setembro de 2012, Vice-Presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação Interdisciplinar em Sociais e Humanidades (ANINTER-SH). Publicou 25 artigos em periódicos especializados e 98 trabalhos em anais de eventos. Possui 35 capítulos de livros e 16 livros publicados e organizados. Possui 65 itens de produção técnica, entre os quais se destacam projetos de restauração, planos e projetos de conservação e reabilitação do patrimônio e de planejamento urbano, notadamente a coordenação de seis planos diretores municipais. Atua na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em conservação e revitalização do patrimônio do planejamento e projeto do espaço urbano. Tem atuação também em diversos cargos e conselhos na área de preservação do patrimônio. Atualmente é sub-coordenador do Mestrado Interdisciplinar em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável (MACPS) na UFMG.
O registro dos Mestres Artífices: Preservação do Saber-fazer da construção tradicional
Técnicas Construtivas Tradicionais em Minas Gerais
Ofícios: Permanências e Transformações
Ofícios da Pedra
Ofícios da Cor e do Ornato
Ofícios do Ferro
Ofícios da Argila
Ofícios da Madeira e da Taquara
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
Mestres Artífices da Construção Tradicional em Minas Gerais
Resumo :
A obra faz parte da coleção Cadernos de Memória, fruto do Projeto de Mapeamento de Mestres e Artífices, patrocinado pelo IPHAN em parceria com o Programa Monumenta e Unesco. Tal projeto tem como objetivo o mapeamento dos mestres e oficiais que dominam as principais técnicas construtivas tradicionais utilizadas nas diferentes regiões do estado, o registro do saber fazer local e o resgate e valorização desse conhecimento assim como dos mestres e artífices identificados. Os trabalhos da pesquisa já foram realizados em três estados: Pernambuco, Santa Catarina e Minas Gerais, sendo este último, a obra em referência. O livro pode ser dividido em três partes: a primeira, composta por um artigo de Castriota, trata da importância de se preservar o saber fazer das técnicas tradicionais, definindo-o como patrimônio imaterial. A segunda parte explica as razões que levaram os pesquisadores a definir as áreas da pesquisa, fazendo também a caracterização de cada uma delas. Na última parte, o livro traz o depoimento dos profissionais, mestres e artífices que foram identificados e/ou localizados durante os trabalhos de campo. Este foi realizado em três áreas do estado de Minas Gerais, a saber: a região das Minas, a região do Vale do Jequitinhonha e a zona de São Thomé das Letras, escolhidas por constituírem, segundo os pesquisadores, áreas culturais, histórica e geograficamente homogêneas. A região das Minas é altamente povoada e com municípios tipicamente urbanos, cuja ocupação se deu por povos de diversas origens em função da mineração, tendo como centro geográfico a cidade de Belo Horizonte. Com o desenvolvimento dos povoados surgiram novas necessidades e com elas a de novos profissionais: ferreiros, carapinas, alvanéus, alfaiates, seleiros, entalhadores, que irão contribuir para dar nova feição àquela paisagem. Essa região sofreu um processo decadência econômica durante todo o século XIX, até que ressurge no século XX com a exploração do ferro e a criação da Escola de Minas, em Ouro Preto, o que impacta as atividades econômicas da região e promove a formação de novos profissionais, prejudicando a continuidade de determinados ofícios tradicionais. A região do Vale do Jequitinhonha é marcada pela presença dos rios Jequitinhonha e Araçuaí, que foram responsáveis pelo povoamento local através da exploração do garimpo de diamantes, de ouro e de outros metais preciosos. Os oficiais e mestres identificados nesta área e que contribuíram para formar a paisagem cultural da região, muitas vezes também se ocupam das atividades da agricultura e da pecuária, como grande parte dos seus moradores. Nesta área foram encontrados ofícios ligados à presença indígena, como a produção do forro em taquara, a cobertura em folhas de palmeiras e o uso da tabatinga, além da construção tradicional em arquitetura de terra que ainda faz parte do cotidiano dos seus habitantes. A região de São Tomé das Letras, situada no sul de Minas, também tem sua paisagem influenciada pelas formações naturais, desta vez com serras, formações rochosas e rios. Nesta região a principal atividade é da exploração da pedra, tanto de maneira rudimentar como sob forma industrial com utilização abusiva de explosivos, o que resulta em grande degradação ambiental. Contudo, nos últimos anos, com a intervenção do poder público e a incorporação de medidas de proteção, este processo passou a ser controlado. Nesta região, os oficiais na sua maioria são os “canteiros” ou “pedreiros” experts no uso da pedra. Ressalta-se que o traçado urbano resultante destes pequenos núcleos pesquisados, na sua maioria, integra-se com a geografia dos morros e córregos locais, criando uma paisagem construída de grande valor cultural, com claras evidências de serem frutos de uma sociedade detentora de saberes e ofícios tradicionais. O reconhecimento desses espaços como patrimônio cultural e a ação de órgãos oficiais de proteção do patrimônio, veio garantir, através das obras de conservação e restauração realizadas, a continuidade e valorização destes saberes e ofícios. Os pesquisadores observaram que diversos elementos foram incorporados ao saber-fazer dos artesãos, como alguns maquinários que os auxiliam no desenvolvimento dos trabalhos, visando a facilitar a execução dos seus ofícios. A sensibilidade e o conhecimento do material com que trabalha é ainda o ponto de partida para que o artesão se sinta ou se transforme em um mestre de verdade. Saber decifrar os sons da pedra, os ritmos dos golpes da forja, o cheiro da madeira, o reconhecimento da argila através do tato, são conhecimentos adquiridos com o exercício profissional e fazem o diferencial entre um auxiliar e um artesão. A última parte do livro trás depoimentos de vários artesãos, nos quais relatam como aprenderam seus ofícios e como continuaram passando seus conhecimentos para os filhos. A maioria desses artesãos exercem suas atividades em suas próprias oficinas e em obras de restauração, não só na cidade em que vivem como também por toda a região mineira. Outros artesãos, no entanto, aprenderam ou aprimoraram seus conhecimentos em cursos de formação, promovidos pelo IPHAN, pela Universidade de Ouro Preto ou pelo Programa Monumenta, em Veneza. A obra é fartamente ilustrada com fotografia dos entrevistados, suas oficinas e seus trabalhos. Traz ainda a relação nominal dos locais pesquisados, assim como de todos os mestres e artesãos identificados.
OLENDER, Mônica Cristina Henriques Leite. A técnica do pau-a-pique: subsídios para a sua conservação. Salvador: Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação da UFBA. Salavador, 2006.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Mônica Cristina Olender possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1999), especialização (2003) e mestrado (2006) em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente é Professora Assistente da Universidade Federal de Juiz de Fora. Entre 2006 e 2011, coordenou o Curso de Especialização em Gestão do Patrimônio Cultural, no Instituto Metodista Granbery - JF/MG, e, entre 2008 e 2011 atuou como professora titular do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Tem vasta experiência em preservação do patrimônio ferroviário, tendo participado de vários projetos dessa natureza Tem experiência também na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em elaboração de projetos de conservação e restauração de bens imóveis. Integra, desde 2012, o Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - ICOMOS.
2. A terra como matéria prima para a construção (15)
3. A terra e a madeira: aspectos gerais (28)
4. O sistema construtivo do pau-a-pique (46)
5. Intervenção em edifícios com valor cultural construídos com pau-a-pique (68)
6. Conclusão (92)
7. Bibliografia (95)
8. Apêndice (104)
9. Anexo (108)
Resumo :
O objeto da dissertação é a técnica construtiva do pau-a-pique, também conhecida como taipa de mão, e a conservação e restauração de edifícios assim construídos. O pau-a-pique é apresentado como uma das técnicas construtivas mais antigas do Brasil, ainda em vigência e fartamente utilizada inclusive em edifícios e sítios reconhecidos pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Em virtude do desconhecimento sobre esta técnica e das matérias primas utilizadas, de manutenção inadequada e de desastres naturais, muitas construções desse tipo são perdidas a cada ano. A autora ressalta o grande preconceito que ainda existe com relação ao seu emprego, e afirma que, ao contrário do que muitos pensam, o pau-a-pique pode ser altamente resistente e seguro se executado e mantido de maneira correta. Mônica Olender ressalta também a importância cultural dos edifícios brasileiros construídos em terra crua e, num breve histórico, informa sobre a utilização da técnica no Brasil e sobre sua importância para a história da arquitetura brasileira. Com relação à técnica propriamente dita, a autora apresenta as diversas formas como pode ser encontrada, incluindo os materiais que a constituem. Com isso, contribui para o aperfeiçoamento das intervenções de conservação e restauro realizadas nesses edifícios históricos. O objetivo de Olender é mostrar o quanto essa técnica é eficiente e eficaz e que se trabalhada de maneira correta e se for bem conservada, pode permanecer em perfeito estado por longos anos como demonstram os exemplos expostos na dissertação. Os dados foram obtidos através de entrevistas com profissionais especializados na utilização da terra crua para a construção e em pesquisas de laboratório e de campo. A dissertação contém boa documentação fotográfica dos edifícios construídos, parcial ou totalmente, com essa técnica nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
FARIA, Juliana Prestes Ribeiro de e REZENDE, Marco Antônio Penido de. “Um olhar retrospectivo: o discurso dos viajantes sobre a arquitetura de terra em Minas Gerais”. In: Terra Brasil: Congresso de Arquitetura e Construção com Terra Crua, n. 3, 2010. Campo Grande, Campo Grande, 2010, 19 p.
Eixos de análise abordados:
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Juliana Prestes Ribeiro de Faria possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina (2005) e mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011), realizado sob orientação de Marco Antônio Penido Rezende. É Analista de Gestão, Proteção e Restauro junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG). Em 2007, recebeu o prêmio de Jovem Empreendedora do Banco do Brasil.
Informação obtida na obra em exame.
Marco Antônio Penido de Rezende possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1987), é Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1998) e Doutor em Construção Civil (Politécnica/USP, 2003). Realizou Pós-Doutorado no Programa Preservação Histórica da Universidade de Oregon, EUA (2010). Tem realizado pesquisas, atividades de ensino, extensão e publicações nas áreas de: técnicas retrospectivas, história das técnicas construtivas, técnicas construtivas antigas e vernaculares, arquitetura de terra, sustentabilidade, conservação e patologia das construções, restauração e revitalização arquitetônica e urbana, inovação tecnológica na produção de arquitetura, interfaces tecnologia x arquitetura, história das técnicas. É Professor Associado Escola de Arquitetura da UFMG e um dos criadores do Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e do Curso de Especialização em Sistemas Tecnológicos e Sustentablidade aplicados ao Ambiente Construído desta universidade.
O artigo em exame foi apresentado em Terra Brasil: III Congresso de Arquitetura e Construção com Terra Crua, realizado em 2010, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, mas não há informação se foi publicado em anais.
A partir de relatos de seis viajantes estrangeiros que percorreram o estado de Minas Gerais durante o século XIX, os autores analisam as diferentes percepções que cada viajante teve diante da arquitetura mineira e das técnicas construtivas que utilizam terra crua como o pau a pique e o adobe. Os autores consideram esses relatos indispensáveis para a reconstrução da história dessa técnica. Naquele período, a Europa tinha um ponto de vista etnocêntrico com relação às demais culturas, tanto nas questões atinentes ao meio físico como nas econômicas, religiosas e sociais. Esse olhar pôde ser compreendido através dos viajantes pesquisados, cujos depoimentos são carregados de comparações com o universo europeu. Os relatos revelam que os estrangeiros possuíam valores distorcidos a respeito da volumetria, da forma e, principalmente, da estética e da técnica construtiva das edificações mineiras. As construções em terra crua aparente, por exemplo, eram desvalorizadas. Da mesma forma, os elementos utilizados para proteção das edificações nos períodos chuvosos, também eram descritos de maneira preconceituosa, avaliando-se negativamente sua resistência diante das condições climáticas. Nessa fase, a Europa já fazia uso do tijolo cozido e do ferro, que eram materiais novos e considerados superiores aos naturais. Por fim, os autores observam que os relatos permitiram ter uma visão dos conceitos negativos que os estrangeiros tinham em relação à arquitetura de terra em Minas Gerais, baseados não na qualidade dos materiais e na execução da técnica, mas na visão que o europeu tinha de progresso naquele momento.
FARIA, Juliana Prestes Ribeiro de. Influência africana na arquitetura de terra de Minas Gerais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG. Belo Horizonte, 2011.