Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
MALHANO, Hamilton Botelho. “Bororo (Mato Grosso)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1.624-1.625.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Hamilton Botelho Malhano é arquiteto, etnólogo e museólogo, Mestre em História da Arte-Antropologia pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutor em História Social pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da mesma Universidade. Foi Diretor Adjunto do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994-1998) e conselheiro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, como representante do Museu Nacional da UFRJ. Integra o quadro docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ desde 1997. Atuou como colaborador e ilustrador em várias publicações etnológicas e possui obras publicadas sobre artesanato e arquitetura vernacular.
O verbete informa que os Bororo fazem parte do grupo linguístico Macro Gê e seus assentamentos se caracterizam por habitações em círculo formando uma grande praça central. A casa dos homens é construída no centro desse espaço em uma linha imaginária leste/oeste e que divide a aldeia em duas partes. Esta construção tem duas entradas localizadas no eixo norte/sul. As habitações das oito frações tribais, ou clãs, são arranjadas em pares de quatro em cada metade da aldeia. Cada clã é subdividido em sub-clãs ou famílias, e cada família em vários lares, rigorosamente localizados no espaço. Os Bororo perderam seu sistema construtivo tradicional e utilizam um de caráter “regional”. Sua habitação atual é um retângulo de 45 m², com fachadas fronteira e traseira na dimensão maior onde ficam localizadas as duas únicas entradas. A entrada voltada para o centro da aldeia é a social e a dos fundos a privativa. Tradicionalmente, não há divisões internas, mas atualmente já são observados alguns compartimentos. A estrutura da construção consiste em três linhas de pilares de madeira, sendo a do centro mais alta e onde repousa a cumeeira. A cobertura e paredes são de palha trançada. Os espaços internos são divididos por meio de jiraus e esteiras dos casais que habitam a casa. O centro da habitação é comunal, como o centro da aldeia, e lá é feito o fogo para cozinhar, aquecer e espantar insetos. Cada unidade social e o lugar onde sua casa é construída é parte da estrutura social e espacial. Para os Bororo, cada aldeia é o centro do território e do universo. O verbete é ilustrado com um diagrama da organização espacial dos Bororo.