Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – UFBA
Referência bibliográfica:
MUÑOZ, Alejandra Hernández. Santo Antônio - Um Passo Além do Boqueirão. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UFBA - Salvador, 2002.
Eixos de análise abordados:
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Alejandra Hernández Muñoz é uruguaia e residente em Salvador/BA desde março de 1992. É arquiteta e urbanista graduada em 1997 na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAU/UFBA) e mestre em Desenho Urbano pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo PPGAU/FAU/UFBA. De sua atividade profissional como arquiteta, entre 1997 e 2007, destaca-se a elaboração e consultoria de diversos projetos de paisagismo e recuperação ambiental, bem como a coordenação dos Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano dos municípios baianos de Camamu, Simões Filho, Camaçari e Madre de Deus. No âmbito acadêmico, desde 1998, vem desenvolvendo atividades docentes e de pesquisa sobre arte e arquitetura. Foi professora substituta de História e Teoria da Arquitetura na FAU/UFBA entre 1998 e 2001 e, desde 2002, é professora assistente de História da Arte na EBA/UFBA. Enquanto responsável pela disciplina de História da Arte Contemporânea desenvolve pesquisas na graduação sobre Arte Latino-americana, Artes Audiovisuais, Arte e Inconsciente, Arte e Erotismo.
1.1.Crescimento das cidades brasileiras nos anos 90
1.2.Cidade Central como categoria de análise
1.3.Centro Histórico dentro da Cidade Central
2. Metodologia
2.1.Considerações gerais
2.2.Paisagem Urbana Histórica como tema de análise
2.3.Limites entre estudo e proposta
2.4.Referências metodológicas
2.5.Estruturação do levantamento e da análise
3. A Cidade Central de Salvador
3.1. Processo Urbano: da fundação de Salvador até meados do sec. XX
3.2. Processo Urbano: de meados do sec. XX até hoje
3.3. Delimitação da Cidade Central
3.4. Decadência e valorização da centralidade desde os anos 50
4. Santo Antônio além do Carmo
4.1.Delimitação da área
4.2.Estudos existentes sobre a área
4.3.Análise do ordenamento visual
4.4.Alternativas para a área
Resumo :
A dissertação analisa a “Cidade Central” de Salvador a partir do conceito de “paisagem histórica urbana” enquanto resultado formal da relação entre sítio, construções, pessoas e atividades no tempo. Considerando o crescimento da cidade e a migração de funções centrais, a autora analisa também as intervenções de revitalização da zona central da cidade, que pautaram-se na expulsão de moradores e no fortalecimento de atividades turísticas, bem como na introdução de novos elementos. O bairro de Santo Antônio Além do Carmo é tomado como exemplo de “paisagem histórica urbana”, estudando-se sua formação, estrutura urbana, principais construções e desenvolvimento. No capítulo 4, a formação das “estruturas populares” é analisada, identificando-se três elementos: os espaços individuais das moradias; as articulações (ruas, becos, passagens de pedestres) e os espaços de reunião comunitária (praças, largos, igrejas). Esta ocupação do bairro, ao longo de quatro séculos e meio, resultou num tecido edificado muito denso no topo da colina, tendo as encostas verdes como elemento fundamentais da identidade do conjunto. A dissertação contém fotos, mapas e esquemas mostrando as formas de ocupação e uso do solo nesta região. As tipologias das edificações, no decorrer dos anos, são identificadas, mas não se entra em detalhes técnicos.
NASCIMENTO, Iris Salles. O espaço do terreiro e o espaço da cidade: cultura negra e estruturação do espaço urbano. 1989. 132 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Arquitetura, 1989.
Eixos de análise abordados:
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Sumário obra:
Apresentação
Introdução
Metodologia
PRIMEIRA PARTE: O CONTEXTO
1. O Conceito de Candomblé
2. Os Nagôs e o Século XIX
3. O Negro e a Sociedade Brasileira no Século XIX
4. Espacialização dos primeiros templos.
5. Avaliação crítica da literatura existente.
Notas da primeira parte
SEGUNDA PARTE: O OBJETO
1. Produção e consumo do espaço
2. Do lúdico ao político
3. Espaço do terreiro no espaço da cidade
4. A cidade e o terreiro – Reflexos do crescimento urbano sobre o espaço do terreiro
5. Estruturação do espaço do terreiro e do templo
6. Relações entre a configuração, o uso e o significado do espaço
7. Caracterização do espaço do terreiro ontem e hoje.
8. Graus de privacidade dos espaços sagrados
9. Conclusões
Notas da segunda parte
Bibliografia.
Resumo :
A dissertação enfatiza o estudo do espaço religioso afro-baiano quanto aos aspectos arquitetônicos e de sua integração no espaço urbano da cidade de Salvador durante os séculos XIX e XX. A autora defende a necessidade da documentação arquitetônica dos terreiros, assim como ocorreu com outros espaços da cidade, com vistas a se fomentar o interesse científico pelo tema, além da produção de um acervo que garanta a preservação desses espaços. O trabalho está dividido em duas partes. A primeira aborda os aspectos socioculturais dos negros baianos que seriam determinantes do seu modo de se apropriar do espaço. Mostra ainda a distribuição, principalmente central, dos primeiros terreiros na cidade. A segunda parte, mais pertinente para o tema da arquitetura popular, trata da estruturação do espaço religioso, enfatizando o terreiro de candomblé e suas características arquitetônicas. O estudo se baseia no modelo de terreiro Jêje-nagô devido à importância dos povos de língua ioruba para a cidade. Foram estudados quatro terreiros, dois do século XIX e dois do século XX, analisando-se o início da implantação e a consolidação dos terreiros de candomblé na cidade de Salvador. A autora analisa a visão de espaço do negro e do branco e a escolha das áreas para implantação dos terreiros, bem como sua distribuição no espaço urbano, o que seria determinado pelo comportamento e pela cultura dos negros, assim como pelo ambiente e pela forma. Após analisar a estruturação do espaço do terreiro como um processo determinado pelas necessidades das atividades ali praticadas e pelas simbologias religiosas, a autora discorre sobre a relação entre a configuração, o uso e o significado dos seus espaços internos. A configuração do conjunto arquitetônico é analisada quanto ao sítio físico, à implantação e à morfologia em um capítulo bem detalhado. A autora conclui que os terreiros alcançaram identidade própria, uma vez que transmitem uma linguagem espacial com símbolos religiosos que refletem a cultura do povo de santo e, assim, são facilmente reconhecidos pela sua semelhança arquitetônica. Apresenta ilustrações, fotos e plantas das edificações.
Estudante voluntária: Sarah Diana Frota de Albuquerque
Data da revisão:
sexta-feira, 11 Julho, 2014 - 10:00
Responsável pela Revisão:
Marcia Sant’Anna
ISBN ou ISSN:
85 336 0053 4
Autor(es):
Eliade Mircea
Onde encontrar:
Disponível na internet em pdf.
Referência bibliográfica:
ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano; [tradução Rogério Fernandes]. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Mircea Eliade (1907-1889), nascido na Romênia foi um dos mais importantes historiadores contemporâneos da religião e também um filósofo, escritor de ficção e professor da Universidade de Chicago, sendo conhecido mundialmente por sua vasta erudição. O título original da obra é LE SACRÉ ET LE PROFANE, tendo sido publicada pela primeira em 1957 por Rowohlt Taschenbuchverlag GmbH.
Sumário obra:
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
Capítulo I – O ESPAÇO SAGRADO E A SACRALIZAÇÃO DO MUNDO
Capítulo II – O TEMPO SAGRADO E OS MITOS
Capítulo III – A SACRALIDADE DA NATUREZA E A RELIGIÃO CÓSMICA
Capítulo IV – EXISTÊNCIA HUMANA E VIDA SANTIFICADA
BIBLIOGRAFIA
Resumo :
Nesta obra, Eliade não trata de arquitetura ou cidade. Explora a oposição entre o sagrado e o profano por meio do ser e do comportamento do homem religioso em comparação com o do homem não religioso. Apóia-se em exemplos de sociedade arcaicas, mostrando o processo de dessacralização do mundo e da vida que produziu o homem não religioso moderno. Para explicar o alcance do fenômeno do sagrado nas sociedades primordiais, Eliade analisa suas manifestações no espaço, no tempo, na natureza e na própria existência humana. A relação com o espaço e com a arquitetura se dá com a noção de “espaço sagrado” desenvolvida no Capítulo I e, pontualmente, nos capítulos II e IV. Eliade estuda o fenômeno do sagrado em toda a sua complexidade. Tratando das relações entre o sagrado e o espaço, ressalta que para o homem religioso o espaço não é homogêneo: é qualitativamente diferenciado e distinto dos não-sagrados, amorfos e sem estrutura. A hierofania, ou manifestação do sagrado, cria um ponto de referência ou centro, a partir do qual o “mundo” se organiza. Na experiência profana, ao contrário, o espaço é homogêneo e sem diferenciação qualitativa entre suas diversas partes embora essa experiência nunca seja encontrada em estado puro. Assim, para o homem não-religioso o espaço também pode conter locais privilegiados, como a paisagem ou casa natal. Uma igreja qualquer, por exemplo, constitui um espaço diferente da rua onde se encontra e sua porta assinala o limiar que separa o espaço sagrado do exterior. Essa mesma função teria também o limiar das habitações, sendo por isso que existem reverências ou toques de mão na sua passagem, e sua associação a guardiões que velam pelo espaço do lar. No recinto sagrado se torna possível a comunicação com os deuses, havendo nos templos uma espécie de “porta para o alto” que o comunica simbolicamente com o mundo dos deuses. Eliade explica que todo espaço sagrado implica uma hierofania que torna um território distinto do meio que o envolve por meio de um sinal ou de uma evocação que estabelece um “ponto fixo” que o diferencia. Esse território constitui o “mundo” ou o “cosmos”, o qual é cercado por um espaço desconhecido e caótico. Por isso, seria possível dizer que o sagrado funda o mundo e fixa seus limites. Um território novo só se torna “mundo” para uma cultura se é consagrado e se torna uma réplica do Universo exemplar criado e habitado pelos seus deuses. Em geral, a consagração dos territórios se dá por meio da ereção de um poste sagrado que realiza a comunicação entre os mundos dos deuses, dos homens e as regiões inferiores. Esse axis mundi sustenta o Céu e a Terra, constituindo o centro do Universo, e pode estar associado a um pilar, escada, montanha, árvore ou mesmo a cipós. Esse simbolismo é o que coloca as cidades santas, os santuários e os templos no Centro do Mundo. Eliade observa que essa idéia de Centro se repete no interior do mundo habitado das sociedades tradicionais, criando uma multiplicidade de centros que reiteram a imagem do mundo em escalas cada vez mais modestas até o nível da habitação. Querendo estar perto do sagrado, o homem religioso constitui sua cidade no umbigo do Universo; o seu templo ou palácio no Centro do Mundo e sua casa também reproduz, em escala microscópica, o Universo. O homem religioso tem necessidade de existir num mundo total e organizado, ou seja, num Cosmo. Por essa razão, tendo como modelo a Criação do Mundo, a aldeia se constitui a partir de um cruzamento e sua divisão em quatro setores corresponde à divisão do Universo. O espaço vazio no centro recebe a casa de culto, cujo telhado representa o Céu e suas fundações, o Mundo dos Mortos. Este simbolismo cósmico da aldeia é retomado na estrutura do santuário e da habitação. Em toda sociedade tradicional a habitação constitui uma imago mundi ou um Cosmos. Sua santificação se daria de duas formas: tornando-a semelhante ao Cosmos pela projeção de quatro horizontes a partir de um ponto central; ou realizando um ritual de construção que repete o ato exemplar dos deuses na criação do mundo. Sendo uma imago mundi, a moradia se situa simbolicamente também no Centro do Mundo. Em várias culturas, os significados cosmológicos e as funções rituais da casa são atribuídos à chaminé (ou ao orifício da fumaça) e à cumeeira ou ao topo do telhado. Este, inclusive, pode ser retirado para que a alma do dono se liberte em caso de agonia prolongada. Os santuários antigos também possuem uma abertura no teto – o “olho da cúpula” – que simboliza a ruptura entre os níveis terreno e celeste e possibilita a comunicação com o transcendente. Eliade observa que a arquitetura sacra retoma e desenvolve o simbolismo cosmológico presente na estrutura das habitações primitivas e, por isso, os símbolos e rituais relativos à cidades, templos e casas derivam da experiência primária de constituição do espaço sagrado. Nas grandes civilizações orientais – Mesopotâmia, Egito, China e Índia – o templo, além de imago mundi, é também a reprodução de um modelo divino que ressantifica continuamente o mundo. A basílica cristã e a catedral retomam e prolongam esses simbolismos. Eliade conclui que toda hierofania espacial ou consagração de um espaço equivale a uma cosmogonia ou criação de um mundo sagrado. Para o homem tradicional, sua casa é um microcosmo bem como o seu corpo. Assim, há uma correspondência entre corpo, casa e Cosmos. A coluna vertebral é o pilar cósmico, o umbigo ou o coração são o centro do mundo. Mas o templo ou a casa também são assimilados ao corpo humano: todos devem ter uma abertura ou saída para o alto, por onde a alma se desprende ou por onde se dá a comunicação com os deuses. Em suma, habita-se um corpo da mesma forma que se habita uma casa ou um Cosmos que se criou para si, e todos esses “territórios” têm como modelo a Criação divina.