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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Forma

ISBN ou ISSN: 

Não consta. Número da ficha de catálogo da Biblioteca do Congresso: 69-14550

Autor(es): 

Amos Rapoport

Onde encontrar: 
Acervo dos Profs. Rodrigo Baeta Espinha e Marcia Sant’Anna. 
Referência bibliográfica: 

RAPOPORT, Amos. House, form and culture. New Jersey: Prentice-Hall Inc., 1969.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Amos Rapoport nasceu em 1929, em Varsóvia, Polônia. Ensinou na Universidade de Wisconsin, Milwaukee, até sua aposentadoria como Distinguished Professor da Escola de Arquitetura e Palnejamento Urbano. Ensinou também na Universidade de Melbourne; na Universidade de Sydney; Universidade da Califórnia, em Berkeley, e na UCL – University College London. Rapoport tornou-se mundialmente conhecido a partir do seu livro House, Form and Culture, de 1969 (ver ficha sobre esta obra), obra em que defende as raízes culturais da forma arquitetônica. Seu trabalho focalizou principalmente o papel das variáveis culturais e os estudos interculturais. Foi autor, editor e coeditor de vários livros e de mais de 200 artigos. A obra em exame foi publicada pela primeira vez em 1982. 
Sumário obra: 

Capítulo 1 – A natureza e definição do campo

Capítulo 2 – Teorias alternativas da forma da casa

Capítulo 3 – Fatores socioculturais e forma da casa

Capítulo 4 – Clima como fator de mudança

Capítulo 5 – Construção, materiais e tecnologia como fatores de mudança

Capítulo 6 – Um olhar sobre o presente.

Referências selecionadas

Índice

Resumo : 
A obra trata das relações entre a forma da habitação e a cultura das sociedades humanas. A tese de Rapoport é que os fatores socioculturais mais do que os climáticos, tecnológicos e construtivos são responsáveis pela forma que a casa adquire no âmbito de sociedades primitivas e vernaculares. Ancorado em sólida pesquisa bibliográfica e fartamente ilustrado é um dos estudos mais importantes e influentes sobre o tema, que ainda orienta conceitual e metodologicamente pesquisas contemporâneas neste campo. O livro propõe um esquema conceitual para a análise dos vários tipos e formas de casas e das forças que os afetam. O autor ressalta a importância desse tipo de estudo já que nos campos da arquitetura, da geografia cultural, da história, do planejamento urbano, da antropologia e da etnografia o tópico da moradia e do assentamento humano é tratado de modo secundário. As principais questões conceituais são tratadas no primeiro capítulo. O autor distingue dois tipos de arquitetura produzidos pelas sociedades em causa: a primitiva e a vernacular, esta última englobando uma vertente “pré-industrial” e uma “moderna”. A primitiva se refere à arquitetura das sociedades “tecnológica e economicamente pouco desenvolvidas”, mas correspondendo ao “uso da inteligência, da habilidade e dos recursos desses povos em toda sua extensão”. São sociedades sem grande grau de especialização e orientadas pela tradição, onde impera a relação próxima entre forma e cultura e a longa persistência dessas formas. O conhecimento necessário à construção de moradias nesse contexto é comum a todos os membros do grupo. As edificações vernaculares pré-industriais se distinguiriam das primitivas pela existência da figura do “construtor”. Neste contexto, a “forma aceita”, ou modelo, permanece e o processo de construção é baseado em ajustes ou variações, havendo, portanto, mais variabilidade individual. As sociedades que produzem esta arquitetura seriam “voltadas para a tradição” e as mudanças ocorreriam no marco de uma herança comum e de uma hierarquia de valores que se reflete nos tipos construídos. Rapoport questiona a existência do vernacular “moderno” já que surgiria em contextos de “perda” da tradição como instrumento regulador. Reconhece, contudo, a existência de um “idioma moderno folk”, baseado no “tipo”, encontrado nos motéis, lanchonetes, drive-ins e conjuntos habitacionais. Estas seriam formas projetadas “para” o gosto popular e não “pelo” povo, mas também demonstrariam valores compartilhados. Nesta tentativa de classificação e de delimitação do campo, Rapoport não leva em conta a transformação paulatina mesmo da mais humilde habitação em mercadoria no contexto capitalista e o impacto disso na perda das tradições construtivas, exceto, de passagem, quando trata do “vernacular moderno”. O estudo se concentra na habitação, pois o autor entende que a casa mostra mais claramente os vínculos entre forma e padrões de vida. Considera, entretanto, que outras tipologias também indicam essa relação como edifícios religiosos, moinhos, oficinas e outros ligados à “arqueologia industrial”. Construções provisórias, temporárias ou portáteis, como cabanas e tendas, podem também ser incluídas neste rol. Rapoport não pretende construir uma teoria geral e de validade universal, mas identificar e selecionar as características da casa que seriam mais universais, examinando-as em diferentes contextos para entender o que afeta sua forma individualmente e em conjunto. A partir de um exame minucioso dos mais distintos 
contextos, conclui que nem o clima, nem os materiais disponíveis, a tecnologia utilizada, o sítio físico, as necessidades de defesa ou a economia determinariam a forma da habitação. Esses aspectos seriam apenas “fatores de mudança”. A hipótese central de Rapoport é que a forma da casa, seu agenciamento interior, sua orientação e implantação, isolada ou em conjunto, não resultam desses fatores ou de nenhum outro fator isolado. Seriam, na realidade, consequência de toda uma gama de fatores sociais e culturais tomados no seu sentido mais amplo, já que a habitação é um fenômeno complexo que não permitiria uma única explicação. Entre esses fatores, destaca o modo como algumas “necessidades básicas” relativas ao conforto, ao preparo e consumo de alimentos, ao estar, ao sentar e ao mobiliário são definidas pelo grupo. Além desses, a estrutura da família, a posição da mulher, a noção de privacidade e o contato social. Nos capítulos 4 e 5, Rapoport avalia o clima, os materiais de construção, as técnicas construtivas e a tecnologia como fatores de mudança da forma da habitação. No primeiro caso, temperatura, umidade, vento, chuva, radiação e luz seriam variáveis passíveis de implicar respostas construtivas específicas, ressaltando-se que esta especificidade seria diretamente proporcional à “radicalidade” das condições climáticas. Observa, contudo, que condições climáticas iguais podem, a depender de condicionantes socioculturais, suscitar formas arquitetônicas distintas. A questão técnica e construtiva é abordada no capítulo 5 a partir de problemas universais como fechamento de espaços, proteção contra intempéries e ventos e à portabilidade, de como os povos os solucionam e as conseqüências dessas soluções na forma da casa. Observa-se que o processo de construção, a especialização e a cooperação tornam a forma mais complexa, e que materiais idênticos podem produzir formas distintas. Ressalta-se também que a escolha do material decorre da importância atribuída ao edifício, da moda, da tradição, de injunções religiosas, do prestígio e de valores atribuídos. Após o exame dos fatores de mudança, Rapoport conclui que a decisão sobre a forma da casa seria de fato tomada em bases socioculturais relacionadas ao modo de vida, aos valores compartilhados pelo grupo e à busca do “ambiente ideal” de cada cultura. Os temas da “arquitetura popular”, como arquitetura “feita para o povo” e do “vernacular moderno” são retomados no capítulo final, quando o autor registra o seu olhar sobre o presente. Aqui sua principal preocupação é avaliar se a abordagem conceitual que desenvolve para a arquitetura primitiva e vernacular se aplicaria ao contexto contemporâneo, o que responde positivamente já que nele permaneceriam as relações entre forma e cultura, inclusive nos assentamentos populares dos países em desenvolvimento. Para Rapoport, o principal problema contemporâneo seria um excesso de escolha e a articulação da habitação ao status, à moda e ao prestígio. O peso da mercantilização da construção, da moradia e do solo não faz parte de suas considerações. 
Data do Preeenchimento: 
sexta-feira, 4 Janeiro, 2013 - 16:15
Pesquisador Responsável: 

Marcia Sant’Anna

Data da revisão: 
quarta-feira, 2 Julho, 2014 - 16:00
Responsável pela Revisão: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Observação: 

Há tradução em espanhol: RAPOPORT, Amos. Vivienda y Cultura. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1972. 

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