Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
CAVALCANTI, Maria Betânia Uchoa. “Pernambuco: Zona da Mata”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1.631-1.632.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Maria Betânia Uchôa Cavalcanti Brendle é PhD em Desenho Urbano pelo Joint Centre for Urban Design, Oxford Brookes University (1994), com especialização em Restauração de Monumentos Históricos e Revitalização de Centros Históricos pelo PNUD-Unesco/Peru (1980) e em Architectural Conservation pelo ICCROM-Roma (1987), além de graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (1976). Atualmente é Professora Adjunta do Núcleo de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe, Coordenadora do INRC-Laranjeiras (Inventário Nacional de Referências Culturais) e Representante da Universidade Federal de Sergipe no Conselho Municipal de Cultura de Laranjeiras. É membro do ICOMOS/BRASIL, Conselho Internacional de Monumentos e Sítios.
O verbete trata da arquitetura, existente em cidades da zona da mata de Pernambuco, construída pelos próprios habitantes. Autora define esta produção arquitetônica como “distinta e específica”. Materiais locais como madeira, barro e tijolos são utilizados e os conhecimentos necessários para a construção, passados de geração para geração. Afirma-se que os pobres de Pernambuco teriam desenvolvido a partir dos anos 1930 um “estilo arquitetônico próprio”, inspirado nos prédios públicos que começaram então a ser construídos em estilo art déco ou moderno. As cores e decorações das fachadas das casas mostrariam que são vistas como mais do que simples abrigos, traduzindo o espírito e as aspirações de seus construtores e, conforme observado por Ariano Suassuna, os “protestos contra a feiura, a secura e a monotonia de suas vidas”. Modestas em escala, essas casas se harmoniza com a paisagem e expressam a criatividade e a capacidade interpretativa de estilos recentes por parte dos arquitetos populares que criam, assim, um vocabulário arquitetônico. As casas são construídas pelo próprio dono ou por pedreiros capacitados. As fachadas costumam ter platibandas, sendo esta uma das principais características dessa arquitetura, que a autora reconhece ser também encontrada em outras partes do Nordeste. Apesar disso, mas sem apresentar argumentos ou provas concretas, a autora afirma que sua criação ou surgimento ocorreu em Pernambuco. O verbete é ilustrado com fotografias de casas da região pesquisada.