ARQUITECTURA Popular em Portugal, Vol. 2. Lisboa: Ordem dos Arquitectos, 2004.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
A presente edição teve coordenação editorial de João Afonso, Fernando Martins e Cristina Meneses. Não foram encontradas informações na Internet sobre os autores responsáveis pelos levantamentos nas zonas pesquisadas. A publicação “Arquitectura Popular em Portugal” é resultado do “Inquérito à Arquitetctura Regional Portuguesa”, realizada pelo Sindicato Nacional dos Arquitetos, no período entre 1955 e 1960. Ainda nos anos de 1960 foi publicada a primeira edição, onde estavam registrados os levantamentos, analises e documentação fotográficas das regiões e edificações identificadas e cadastradas pelo grupo de arquitetos contratado para concretização do inventário. No ano de 2004 foi publicada esta quarta edição ampliada, com a publicação do inventário realizado na Ilha dos Açores e com complementações realizadas em algumas regiões no continente.
Sumário obra:
Zona 4
Zona 5
Zona 6
Traduções
Índices
Índice Geral
Índice Onomástico
Índice Geográfico
Índice Ideológico
Índice de Desenhos e Mapas
Índice de Fotografias
Resumo :
O livro, segundo volume de um estudo amplo sobre a arquitetura popular portuguesa, é farto em fotos, mapas, plantas e cortes. Está dividido em três partes, correspondentes a três áreas geográficas, cujo levantamento foi feito sob a tutela de equipes diferentes. A Zona 4, estudada por equipe formada pelos arquitetos Nuno Teotónio Pereira, António Pinto de Freitas e Francisco da Silva Dias, cobre a Estremadura, Ribatejo e parte da Beira Litoral. Adotase a divisão consolidada na literatura portuguesa entre as áreas de influência atlântica e mediterrânea, sendo a Zona 4 a área de transição entre ambas, apresentando discrepâncias bruscas e em retalhos. A arquitetura da zona seria produto de uma conjugação de fatores climáticos, históricos e econômicos, sem causa nítida, mas cujas conseqüências estão relacionadas. Soma-se ainda a ação humana, transformando o meio, sem, no entanto, obter plenamente o intencionado. Reconhecem-se duas áreas na Zona 4: a norte, com densidade de 50 a 250 hab/km², e a Sul, com menos de 25 hab/km², além de aglomerados maiores no litoral e margens do rio Tejo. Ao Norte, o solo é altamente parcelado e “policultivado”, com trabalho e cuidados o ano inteiro, favorecendo a ocupação mais intensa e distribuída. Ao Sul, há solo mais pobre, com latifúndios, monoculturas e ocupação sazonal de população flutuante. Essa diferença se baseia na abundância da água: no litoral e nos rios, com boa oferta de pescados e, sobretudo, com chuvas e a fertilidade daí decorrente. A seguir, o trabalho perde-se em descrições pontuais da vida laboral, cotidiana, do lazer e do calendário religioso. Perpassa o estudo um forte componente estético, relembrando-se sempre a penúria material, as dificuldades e a coesão entre homem, comunidade e meio. A Zona 5 cobre o Alentejo, estudado por equipe formada pelos arquitetos Frederico George, António Azevedo Gomes e Alfredo da Mata Antunes. O estudo descreve a geologia, a topografia e o clima da região, e assume o impacto desses fatores em todas as esferas da vida humana, inclusive o vestuário. A agricultura extensiva está calcada no latifúndio, com trabalho assalariado e culturas de sequeiro (trigo, cevada, aveia, etc.), havendo também florestas de sobro e azinho – os chamados montados –, de castanheiros e carvalhos e, agora, de eucaliptos. Ainda se apresenta a cultura da oliveira e algo de vinha. A pecuária é a do gado suíno, ovino, muar, cavalar, asinino e caprino (em extinção). Registra-se a mecanização da agricultura e a mudança do cenário com as barragens. O estudo observa que a região apresenta os testemunhos visíveis de uma longa sucessão de culturas: a romana, a visigótica, a muçulmana e a cristã. A densidade humana é baixa, com povoamento concentrado em aldeias. Descreve-se as técnicas construtiva em tijolo, taipa, pedra (granito, xisto, mármore, calcário), madeira (de uso escasso), canas e matos (como o piorno). Registra a cobertura em abobadilha, em decréscimo e substituição pelo concreto. Segue-se então uma descrição por divisões sub-regionais e análises de casos em Ribatejo do Norte, Areias, Barros, Borba, Plataforma de Évora, Ribatejo do Norte, Campo do Beja e Além-Guadiana. A Zona 6 foi estudada pelos arquitetos Artur Pires Martins, Celestino de Castro e Fernando Torres, enfocando, principalmente, o Algarve e incluindo o Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. Inicia-se, como nos demais estudos, pela descrição do clima, e apresenta-se três sub-regiões: Alto Algarve, Algarve Calcáreo e Baixo Algarve. O Baixo Algarve é a zona litorânea, com maior densidade e vida centrada na pesca e derivados, mas também com cereais de sequeiro, arvoredos – amendoeira, figueira, alfarrobeira, oliveira –, pomares e hortas. Registra-se o abandono das velhas noras na irrigação. No Algarve Calcáreo ainda aparecem o sequeiro e arvoredos, mas já com decréscimo dos pomares e hortas. Nessa região seria marcante a presença das açoteias (ou terraços) nas edificações. O Alto Algarve é mais pobre e rudimentar, com predomínio de xistos, maior incidência de chuvas e manto vegetal decorrente e, portanto, com árvores frutíferas, além do pinheiro bravo, sobreiro, carvalho e castanheiro (ambos com uso intenso), além de canas usadas na construção e confecção de artefatos. A zona 6 ainda abrange o Alentejo Litoral e Bacia do Sado. No primeiro, a presença de chuvas favorece a policultura e a dispersão da ocupação. Na Bacia do Sado, predominam arrozais, com hortas, montados e trigo com montado. Segue-se a análise das povoações, com descrição de casos pontuais.
ARQUITECTURA Popular em Portugal, Vol. 1. Lisboa: Ordem dos Arquitectos, 2004.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
A presente edição teve coordenação editorial de João Afonso, Fernando Martins e Cristina Meneses. Não foram encontradas informações na Internet sobre os autores responsáveis pelos levantamentos nas zonas pesquisadas. A publicação “Arquitectura Popular em Portugal” é resultado do “Inquérito à Arquitetctura Regional Portuguesa”, realizada pelo Sindicato Nacional dos Arquitetos, no período entre 1955 e 1960. Ainda nos anos de 1960 foi publicada a primeira edição, onde estavam registrados os levantamentos, analises e documentação fotográficas das regiões e edificações identificadas e cadastradas pelo grupo de arquitetos contratado para concretização do inventário. No ano de 2004 foi publicada esta quarta edição ampliada, com a publicação do inventário realizado na Ilha dos Açores e com complementações realizadas em algumas regiões no continente.
Sumário obra:
ÍNDICE GERAL
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
ZONA 1 – Minho, Douro Litoral e Beira Litoral
ZONA 2 – Trás-os-Montes e Alto Douro
ZONA 3 – Beiras
Panorâmicas
Zonas Diferenciais e Construções Típicas
Os Porquês
Formas e Expressões
Resumo :
Nesta edição são retratadas as edificações cadastradas nos anos de 1960 que já desapareceram em função das concentrações urbanas das últimas décadas em Portugal, e também exemplares de uma nova arquitetura espontânea, por vezes de grande criatividade formal, construída em anos mais recentes que, implantada sem qualquer articulação com o ambiente natural, acarreta grandes prejuízos para o ordenamento do território e para a qualidade de vida dos habitantes. A analise realizada no volume 01 corresponde ao patrimônio de três zonas do norte de Portugal que, segundo a metodologia de investigação, foi dividida em três partes: Zona 1, correspondendo à região entre o Minho e o Mondego - zona rica em história e onde as construções vão dos espigueiros do Lindoso às grandes edificações das áreas do Porto; Zona 2, região de Trás-do-Monte e Alto Douro; e Zona 3, que corresponde às regiões da Beira-Alta - Serra da Estrela – e Beira Baixa. O levantamento levou em conta as pesquisas sobre a ocupação do território, a estruturação urbana, os materiais e processos correntes na construção, a influência do clima, da economia e da organização social sobre os edifícios e seus agrupamentos. No levantamento de campo, as análises privilegiaram a síntese plástica dos edifícios, as técnicas construtivas e as dinâmicas culturais. Todas estas análises são apresentadas a partir do cruzamento dos dados geográficos, geológicos, vias de comunicação, economia, historia, etnografia, cultivos, povoamentos, pecuária, como também dos movimentos migratórios das populações. O acervo fotográfico, levantamentos gráficos e análises criticas estão apresentados em índice detalhado com nome dos edifícios, logradouros e sítio, além dos índices onomásticos, geográfico e “ideológico”, desenhos, mapas e fotografias que facilitam a localização de todo o acervo inventariado que caracteriza as diferentes dinâmicas culturais, econômicas e políticas das regiões. Ao longo da leitura é possível identificar que em Portugal não se observa uma unidade plástica nos edifícios estudados, assim como não é possível identificar uma arquitetura portuguesa ou mesmo um modelo de casa portuguesa. O que se observa é uma adequação dos edifícios às afinidades climáticas, do solo, da vegetação, da economia, da cultura e dos hábitos que imprimiram características peculiares a cada região. Por outro lado, as renovações técnicas e de materiais foram lentas devido a rotinas e hábitos das comunidades e ao estreito vínculo com as atividades econômicas. No entanto, os últimos anos têm provocado uma rápida mudança de valores e, consequentemente, o abandono ou substituição das técnicas, materiais e dinâmicas culturais. No prefácio desta 4ª edição, os autores enfatizam que “ [...] A arquitectura popular regional não é urbana de origens nem de tendências”. Pode “urbanizar-se, melhorar de cuidados construtivos e apuros formais, mas, se lhe cortam as raízes que a prendem fortemente à terra e aos seus problemas, desvirtua-se, perde a força e a autenticidade”. (p. XIX).