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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

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Arquitetura tradicional

ISBN ou ISSN: 

Não consta

Autor(es): 

Manuel C. Teixeira

Onde encontrar: 
Referência bibliográfica: 

TEIXEIRA, Manuel C. Popular, Tradicional, Regional, Português, Nacional. In: Actas do 1º Colóquio Internacional de Arquitectura Popular. Arcos de Valdevez: Casa das Artes de Arcos de Valdevez – Município de Arcos de Valdevez, 2013.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Manuel Teixeira é graduado em Arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1975) e Ph.D. pela Architectural Association School of Architecture em Londres (1998). Fez Pós-Doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991) e Agregação em Arquitectura e Urbanismo pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (2002). É Professor Catedrático da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa e pesquisador do CIAUD da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Atua nas áreas da História Urbana, do Urbanismo e das Morfologias Urbanas Portuguesas, Habitação Popular e da Arquitetura Popular. Seus livros mais recentes são A Forma da Cidade de Origem Portuguesa de 2012 e Arquitecturas do Granito, de 2013. O texto analisado foi apresentado no colóquio que consta da referência bibliográfica.

Disponível em < http://ciaud.fa.utl.pt/index.php/pt/membros-2/urbanismo/inves-efect?id=1...

Sumário obra: 

Não se aplica.

Resumo : 

O autor aborda os primeiros autores a tratarem da arquitetura popular em Portugal. Rocha Peixoto defendia a habitação como resultado da adaptação sagaz a motivos concorrentes - os recursos geológicos, o clima, as necessidades sociais e domésticas. Leite de Vasconcelos estuda a habitação das regiões e sub-regiões do país, com plantas, fachadas, componentes da casa, detalhes da construção e materiais, mobiliário e utensílios. Amorim Girão crê que a influência primeira do meio se dá na matéria-prima, depois pelo clima, com relações mais visíveis na casa rural que é mais integrada ao ambiente. Mário Botelho de Macedo defende que a casa rural tradicional era um instrumento de trabalho do homem no campo e resultado da evolução lenta da experiência acumulada por gerações, associando-a ao verdadeiro caráter português. Orlando Ribeiro estabeleceu a distinção entre a civilização do granito e a do barro, entre o norte e sul de Portugal. Raul Lino defendia que as características da arquitetura portuguesa residiam na proporção, linha, volume e cor. Paulino Montez argumenta que a cultura define a arquitetura, idéia defendida também por Fernando Mercadal. O Inquérito à Habitação Rural, de 1943, coordenado por Lima Bastos e Afonso de Barros, foi feito para conhecer as condições econômicas e higiênicas dos agricultores e despertar os técnicos do governo para o problema da habitação rural. Nos anos 1950, houve o Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, que defendeu a correlação com as condições naturais da região, o extremo utilitarismo, a rusticidade, a permanência e imunidade com relação à inquietação espiritual, porém omisso quanto às condições de vida da população e mesmo quanto às construções mais pobres no Litoral Norte, entendendo-as como sacrifício devido à extrema penúria. Entre os etnólogos e antropólogos posteriores, destacam-se Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamin Pereira, do Centro de Estudos de Etnologia, que definiram a habitação tradicional portuguesa como expressão dos modos de vida, das condições ambientais e dos materiais disponíveis, enfatizando a funcionalidade, a austeridade de recursos e formas, a harmonia formal e adaptação ao meio, a integração à paisagem circundante e sua caracterização, em continuidade civilizacional, sem rupturas. Fernando Távora e outros arquitetos envolvidos desenvolveram uma arquitetura contemporânea influenciada pela arquitetura popular. No início do século XIX houve mudanças sociais e econômicas, com a emigração para as cidades e outros países e o retorno daqueles bem-sucedidos e suas casas – as casas de brasileiros. A mudança mais radical ocorreu em meados do século XX, com a emigração das populações rurais e a conseqüente desertificação do campo e degradação de sua arquitetura, junto com a disseminação da cultura urbana e a substituição de antigos valores culturais por novas referências, a substituição dos materiais tradicionais por industrializados, por novas formas e proporções, por novos tipos arquitetônicos e novos revestimentos. Outra mudança foi a instalação de indústrias, comércios e serviços e um setor turístico rural. Assim como a arquitetura contemporânea que se instala, sem relação com a preexistente. No sentido contrário, a transformação de velhas edificações ou a produção de novos edifícios que visam retomar a arquitetura tradicional. Em seguida, o autor defende a reabilitação arquitetônica e o reaprendizado do conhecimento construtivo e compositivo que está em extinção.

Data do Preeenchimento: 
sábado, 16 Julho, 2016 - 15:45
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
domingo, 18 Dezembro, 2016 - 15:45
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

Autor(es): 

Raquel Soeiro de Brito

Onde encontrar: 

Acervo da Prof. Márcia Sant'Anna

Referência bibliográfica: 

BRITO, Raquel Soeiro de. Palheiros de Mira - formação e declínio de um aglomerado de pescadores. Lisboa: Instituto de Alta Cultura/ Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, 1960.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Maria Raquel Viegas Soeiro de Brito (1925) é geógrafa portuguesa, professora extraordinária (1960-66) e catedrática (1966-77) no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (desde 1977). É também professora titular da Universidade de Paris X (1980-81). Em 1967, ganhou o Prêmio Internacional Almirante Gago Coutinho pelo trabalho Goa e as Praças do Norte. Dirigiu a revista da Sociedade de Geografia de Lisboa, Geographica. Foi discípula de Orlando Ribeiro e membros da chamada “Escola de Geografia de Lisboa”. É autora de vasta bibliografia sobre Geografia Física e Humana. A obra em exame foi publicada pela primeira vez em 1960. 
Sumário obra: 

Prefácio, de Orlando Ribeiro.

I – As construções de madeira no litoral

II – Origem e desenvolvimento da povoação

III – Fisionomia da população

IV – A população

V – A pesca e os pescadores

VI – A vida rural

VII – Comércio e indústria

VIII – O plano de urbanização: destino do aglomerado

IX – Remate

Bibliografia

A – Figuras

B – Estampas

C - Mapas

Resumo : 
Obra que estuda etnograficamente um povoado de pescadores, o Palheiros de Mira, e vem acompanhada de boas e ilustrativas fotografias e mapas. Tanto no prefácio de Orlando Ribeiro como no início e conclusão do livro, o ponto de partida das preocupações são os “palheiros”, expressão arquitetônica singular e desenvolvida de modo autóctone em relação pedra, adobe ou taipa) e ameaçada pela gradativa extinção de construções similares no litoral português. São excepcionais diante das demais expressões populares pela qualidade do acabamento, pelo porte das construções, pela presença no povoado e pelo seu estado de preservação. Estão, no entanto, em risco pelas mudanças sociais e pela ação do planejamento urbano. O trecho do sul da barra do Aveiro ao cabo Mondego é um dos maiores desertos humanos de Portugal. Os aglomerados de pescadores ali são recentes, do começo do séc. XIX, com a expansão demográfica do interior. O que antes era pesca de temporada, do fim da Primavera a meados de Outono, tornou-se assentamento perene, com população flutuante pela sazonalidade da pesca. Entre 1860 e 1870, a população já estaria fixada em Palheiros de Miro. A procedência diversa de seus imigrantes entre 1835 e 1875 resultaria na ausência de laços comunitários mais consolidados. Apesar da atração de gente, a instabilidade de seus proventos acarretava emigração estacional e mesmo temporadas no Brasil. Palheiros de Mira se divide entre o mar e o campo, com o desenvolvimento paralelo da pesca e do cultivo. O cultivo local se dá nos quintais e nos prazos, terrenos divididos em lotes longilíneos, perpendiculares às estradas. A fertilização do solo arenoso se fazia com o moliço – lodo e ervas extraídos das lagoas –, sobras de caranguejos e peixes, estrume do gado e, mais recentemente, somando-se adubos químicos. A pesca ocorria no mar aberto, sazonalmente, e nas lagoas internas, constante ao longo do ano, por meio de chinchas e pimpoeiras. Em mar aberto, a principal é a xávega, pesca de arrasto que envolve toda a comunidade, de resultado desigual de um ano a outro a depender da proximidade dos cardumes. Outra alternativa é a pesca de bacalhau nos bancos da Terra Nova, com bom retorno financeiro mas acarretando a ausência dos homens. A pesca moderna de traineiras, saindo de portos vizinhos, tem o mesmo efeito. Ocupação principal do povoado, a pesca é realizada pelos homens; cabendo às mulheres o auxílio pontual, como os cuidados com as redes, e a agricultura. No entanto, no Inverno, os homens trabalham, nos arrozais do vale do Sado, executando serviços de enxada. A pesca se organizava em companhas, cada qual com armazéns para a guarda de redes; casas de fornalha para tingi-las e abegoarias para a guarda de gado. Essas construções situam-se após as dunas, defronte ao mar. O povoado situa-se entre o mar e a lagoa, atrás do cordão litorâneo dunar e ao sul de uma elevação, o medo grande, que o resguarda dos ventos litorâneos e do norte. As construções se caracterizavam pelo uso de uma gramínea, o estormo ou estorno, na cobertura, daí palheiros. Uma característica destas construções, entre Nazaré e Aveiro, é que, ao contrário dos similares praianos, estão suspensos sobre estacas, com areias e águas circulando por baixo. Esse espaço inferior se viu, ao longo do tempo, fechado com ripas horizontais, acrescido como depósito de utensílios e mantimentos. Outras transformações seguiram-se. A palha do telhado de duas águas foi substituída pela madeira, também em extinção, e depois trocada pela telha cerâmica portuguesa. As chaminés, antes de madeira e cobertas com folhas de zinco, passaram a ser de tijolo. Os fornos são de tijolos, assentes sobre a estrutura em madeira, onde se fazia antes o pão de milho, base da alimentação, depois substituído pelo pão comprado em padarias. A quase totalidade das casas no povoado era de madeira, com dimensões não encontradas no litoral e outros lugares, de até mesmo 3 andares. As divisões internas geralmente não chegavam ao teto, e a ampliação se dava ligando duas ou mais casas por portas ou passadiços suspensos sobre as vias. Uma das mudanças sócio-econômicas foi a procura do povoado para banhos de mar, explicando o número relativamente elevado de comércios e serviços, ativos no Verão, animando o pequeno vilarejo, com o aluguel de quartos e mesmo de casas por interior. Algo aos meios culturais vizinhos, com uso exclusivo de pinho e gramíneas do local (ao invés da da atividade agrícola modificou-se com a introdução do trator, levando à substituição do gado de trabalho pelo leiteiro. Mas, sobretudo, a competição industrial das traineiras diminuiu o retorno da atividade pesqueira local, e atraiu sua força de trabalho masculino. Em compensação, as famílias mais abastadas eram as que se envolviam na pesca das traineiras ou em Terra Nova, ou que possuem um comércio maior. Duas fabriquetas locais de tijolo de cimento forneciam a preço baixo o material de construção que vem substituindo as tradicionais casas de madeira, motivo de vergonha da população. Mas esta substituição foi reforçada pela atuação estatal. O Plano de Urbanização de 1948, realizado pelos Serviços de Urbanização, definiu a arquitetura dos palheiros como insalubre e a economia agrícola e extrativista como insuficiente. Seria necessário fomentar o turismo e substituir as moradias. O turismo deveria ter infraestrutura própria e segregar-se da pesca, evitando conflito e ocupando o espaço tradicional desta. Em 1953, a Câmara Municipal de Mira proibiu consertos das casas de madeira, acelerando o seu arruinamento. O plano previa na praia, onde estavam as dependências da pesca, barracas para banhos; próximos à praia, pensões, hotéis e repartições de turismo. Os pescadores foram relocados ao norte do “medo grande”, expostos aos ventos frios, em moradias inconclusas de alvenaria, demonstrando insensibilidade para com uma expressão arquitetônica de elevada qualidade, singularidade e expressão estética. 
Data do Preeenchimento: 
terça-feira, 16 Abril, 2013 - 13:00
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
domingo, 15 Junho, 2014 - 12:00
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

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