Bibliotecas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Referência bibliográfica:
ANDRADE,Antonio Luiz Dias de. "Aldeia de Carapicuiba". In: MORI,V.H.,SOUZA, M.C.S., BASTOS, R.L e GALLO, H. (orgs) Patrimônio: Atualizando o Debate. São Paulo: 9ª SR/IPHAN, 2006, p. 24-32.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Antonio Luiz Dias de Andrade (1948-1997) formou-se em Arquitetura na FAU-USP onde também realizou os cursos de mestrado e doutorado e atuou como professor a partir de 1976. Dirigiu a Superintendência do IPHAN em São Paulo de 1978 a 1994, atuando também no período como Conselheiro do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico Arquitetônico e Turístico de São Paulo – Condephaat. Pesquisador da arquitetura e das técnicas construtivas, especializou-se em restauração e conservação do patrimônio edificado, tendo realizado vários projetos e obras neste campo, além de publicado trabalhos relativos à preservação do patrimônio cultural e à arquitetura vernacular do Vale do Paraíba. Este artigo é uma reedição.
Sumário obra:
Não se aplica
Resumo :
O estudo dialoga com antiga pesquisa realizada por Luis Saia, em 1938, sobre a Aldeia de Carapicuíba, localidade tombada pelo IPHAN que pertencente ao município de mesmo nome localizado na região metropolitana de São Paulo. Trata-se de estudo arquitetônico de caráter tipológico que contém também uma abordagem histórica e de cunho etnográfico, neste último aspecto, influenciada pelo estudo de Pierre Bourdieu sobre a casa Cabila e pelos de Carlos Lemos relativos ao uso social dos espaços na arquitetura tradicional brasileira. Contém ainda interessante documentação gráfica e fotográfica sobre a arquitetura popular produzida no local. O estudo objetiva mostrar como transformações econômicas, sociais e culturais impactam o espaço arquitetônico e urbano, podendo ser “lidas” através dos traços e estratos que deixam nesses espaços. A Aldeia de Carapicuíba foi escolhida como objeto de estudo por ser o único exemplo de aldeamento jesuítico que manteve por mais tempo padrões pré-estabelecidos de organização social e por existirem dados acessíveis relativos à natureza das atividades aí desenvolvidas. O autor inicia o texto descrevendo a implantação espacial e a situação atual do assentamento, ressaltando a permanência do partido jesuítico baseado na grande praça central circundada por habitações – o terreiro –, tendo em um dos lados, em posição de destaque, a capela. Descreve também as novas ocupações em torno deste núcleo, tanto no que toca às atividades produtivas como habitacionais. Assinala que embora as habitações sejam externamente semelhantes, dois tipos distintos de organização interna prevalecem a despeito da adoção comum da estrutura independente de madeira com vedações de taipa ou pau-a-pique: um que denomina de “erudito” e que identifica como decorrente de uma interpretação popular da casa típica do século XIX, organizada ao longo de um corredor central com distribuição clara de funções; e outro que caracteriza como simples justaposição de cômodos, sem evidência de “plano racional” de organização. Outros traços comuns das casas do terreiro seriam o partido que se acomoda à declividade do terreno e as coberturas em duas águas com cumeeira paralela à testada do lote. O autor comenta ainda o uso dos quintais como locais de serviço domésticos, preparação de alimentos, pequenos cultivos e criação de animais. Sobre as casas de construção mais recente, localizadas em loteamentos próximos do núcleo inicial, ressalta o padrão de implantação distinto do tradicional e caracterizado por cortes no terreno; a organização interna que tem como traço distintivo a sobreposição de funções; e o emprego de sistemas construtivos e materiais de construção variados como alvenaria de tijolos, blocos de concreto, folhas de zinco, placas de fibrocimento e lajes pré-moldadas. Por fim, são descritos os dois tipos de casas isoladas existentes em torno do núcleo central: as casas menores e mais antigas que não diferem das existentes no terreiro da aldeia e as casas maiores construídas mais recentemente em lotes maiores para lazer e recreio. O estudo conclui que a partir de um agenciamento padrão mais antigo, os espaços internos das habitações foram sendo reorganizados conforme as novas ordens sociais que surgem, as diferenças culturais e as disponibilidades econômicas.
BOURDIEU, Pierre. La Maison Kabile ou Le Monde Renversé. In: Echanges et communications – Mélanges offerts à C. Lévi-Strauss l’occasion de son 60e nniversaire.
Paris/La Haye: Mouton, 1970, p. 739-758.
LEMOS, Carlos. Pesquisas sobre habitação popular – 1964-1965. São Paulo: FAU/USP, 1976.
SAIA, Luis. Aldeia de Carapicuíba – original datilografado, 1938.
Autor(es):
Sylvio de Vasconcellos
Onde encontrar:
Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA
Referência bibliográfica:
Vasconcellos, Sylvio de. Arquitetura no Brasil - Sistemas construtivos. Revisão e notas: Suzy de Mello. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1979.
Eixos de análise abordados:
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Sylvio de Vasconcellos (1916-1979) era arquiteto e autor de inúmeros estudos, artigos e obras bibliográficas sobre o Barroco Mineiro e a formação dos primeiros povoados em Minas Gerais. Foi Professor Titular da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais e Chefe da Coordenadoria Regional do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no mesmo estado.
Sumário obra:
Cap 1 – Estrutura
Cap 2 – Vedações
Cap 3 – Pisos
Cap 4 – Forros
Cap 5 – Vãos
Cap 6 – Coberturas
Cap 7 – Escadas
Cap 8 – Armários
Cap 9 – Pinturas
Referências Bibliográficas
Resumo :
O livro trata dos sistemas construtivos tradicionais com ênfase nas edificações históricas de Minas Gerais, sem, no entanto desprezar as outras regiões do país. Com ilustrações e fotografias, descreve as técnicas construtivas de cada etapa da construção, em linguagem bastante acessível, identificando e denominando todos os seus elementos constitutivos. O capitulo 1 trata das estruturas das construções desde os alicerces e fundações até as paredes, informando que estas podem ser simples vedações ou também ter função estrutural. O autor explica e detalha os processos de execução de paredes estruturais, feitas em diversas técnicas tradicionais de construção, tais como: taipa de pilão (com alicerce também em taipa de pilão) e alvenarias de pedra, de adobes e de tijolos, além de também descrever a construção de estruturas autônomas, principalmente as estruturas de madeira, detalhando modos de encaixe, dimensões, tratamento e nomenclatura das peças de acordo com a função. No capítulo 2, o autor trata das vedações, sendo que estas algumas vezes desempenham também, ainda que parcialmente, função estrutural. Explica a execução de diferentes tipos de vedações - pau a pique, tijolos, estuque e tabiques - e de estruturas mistas. Identifica, denomina e caracteriza as diferentes partes que constituem os sistemas de vedação, destacando também os elementos decorativos que os compõem, como, por exemplo, as platibandas e frontões, entre outros. Com relação aos pisos (capítulo 3), o autor descreve exemplos utilizados em diversas épocas e conjunturas, como os feitos em terra batida, em lajotas (de barro, cerâmicas e hidráulicas), em tabuado (com os diferentes tipos de encaixe), além daqueles executados com lajeados, seixos rolados, mármore, parquet e tacos, explicando os usos, a execução, os diferentes tipos de material e as dimensões das peças de cada um deles. O capitulo 4, trata dos diferentes tipos de forro, com bastante ênfase nos de madeira. O autor detalha e classifica os forros de acordo com as formas, os encaixes e uniões das peças de madeira. Trata ainda dos forros executados com outros materiais como tijoleira e gesso. No capítulo 5, referente aos vãos, estuda as diversas aberturas como: portas, janelas, seteiras e óculos, definindo e denominando as partes que os compõem, assim como as esquadrias e outros elementos utilizados para as suas vedações, detalhando os tipos de encaixe, as tipologias e as ferragens utilizadas. No estudo das coberturas (capitulo 6), o autor analisa diferentes tipos de tesouras e as sambladuras que podem ser feitas para a união das peças de madeira, os esforços a que cada peça está submetida, o entelhamento e as soluções usadas como acabamento das telhas e beirais. As escadas (capitulo 7) são estudadas a partir dos diferentes tipos encontrados na arquitetura, analisando-se os materiais usados na construção, a forma como se desenvolvem, o número de lances e o direcionamento que as caracterizam. Assim como ocorre nos outros capítulos, o autor identifica, nomeia e exemplifica as peças e elementos componentes das escadas. Por fim, o livro traz ainda dois pequenos capítulos: um sobre armários fixos (capitulo 8), muito utilizados na arquitetura colonial para guarda de mantimentos e louças, normalmente feitos nos rebaixos das paredes ou nos desvãos das escadas; e outro (capitulo 9) dedicado às pinturas das edificações e dos seus elementos constitutivos, especialmente a pintura dos forros, onde descreve, além das técnicas empregadas, os materiais (orgânicos e minerais) usados como base para as tintas. O livro é bastante ilustrado com fotografias e desenhos, o que facilita a compreensão dos temas tratados.