Nesta edição são retratadas as edificações cadastradas nos anos de 1960 que já desapareceram em função das concentrações urbanas das últimas décadas em Portugal, e também exemplares de uma nova arquitetura espontânea, por vezes de grande criatividade formal, construída em anos mais recentes que, implantada sem qualquer articulação com o ambiente natural, acarreta grandes prejuízos para o ordenamento do território e para a qualidade de vida dos habitantes. A analise realizada no volume 01 corresponde ao patrimônio de três zonas do norte de Portugal que, segundo a metodologia de investigação, foi dividida em três partes: Zona 1, correspondendo à região entre o Minho e o Mondego - zona rica em história e onde as construções vão dos espigueiros do Lindoso às grandes edificações das áreas do Porto; Zona 2, região de Trás-do-Monte e Alto Douro; e Zona 3, que corresponde às regiões da Beira-Alta - Serra da Estrela – e Beira Baixa. O levantamento levou em conta as pesquisas sobre a ocupação do território, a estruturação urbana, os materiais e processos correntes na construção, a influência do clima, da economia e da organização social sobre os edifícios e seus agrupamentos. No levantamento de campo, as análises privilegiaram a síntese plástica dos edifícios, as técnicas construtivas e as dinâmicas culturais. Todas estas análises são apresentadas a partir do cruzamento dos dados geográficos, geológicos, vias de comunicação, economia, historia, etnografia, cultivos, povoamentos, pecuária, como também dos movimentos migratórios das populações. O acervo fotográfico, levantamentos gráficos e análises criticas estão apresentados em índice detalhado com nome dos edifícios, logradouros e sítio, além dos índices onomásticos, geográfico e “ideológico”, desenhos, mapas e fotografias que facilitam a localização de todo o acervo inventariado que caracteriza as diferentes dinâmicas culturais, econômicas e políticas das regiões. Ao longo da leitura é possível identificar que em Portugal não se observa uma unidade plástica nos edifícios estudados, assim como não é possível identificar uma arquitetura portuguesa ou mesmo um modelo de casa portuguesa. O que se observa é uma adequação dos edifícios às afinidades climáticas, do solo, da vegetação, da economia, da cultura e dos hábitos que imprimiram características peculiares a cada região. Por outro lado, as renovações técnicas e de materiais foram lentas devido a rotinas e hábitos das comunidades e ao estreito vínculo com as atividades econômicas. No entanto, os últimos anos têm provocado uma rápida mudança de valores e, consequentemente, o abandono ou substituição das técnicas, materiais e dinâmicas culturais. No prefácio desta 4ª edição, os autores enfatizam que “ [...] A arquitectura popular regional não é urbana de origens nem de tendências”. Pode “urbanizar-se, melhorar de cuidados construtivos e apuros formais, mas, se lhe cortam as raízes que a prendem fortemente à terra e aos seus problemas, desvirtua-se, perde a força e a autenticidade”. (p. XIX).