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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Arquitetura vernacular praieira

ISBN ou ISSN: 

978-85-907361-0-3

Onde encontrar: 

Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA.

Referência bibliográfica: 

LIMA JÚNIOR, Genival Costa de Barros. Arquitetura Vernacular Praieira. Recife, 2007.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Genival da Costa de Barros Lima Júnior é arquiteto formado pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1996. É chefe da Barros Lima Arquitetura, com projetos de urbanização para ZEIS em Recife – PE e vários outros. O Projeto Arquitetura Vernacular Praieira, que consistiu em pesquisa, registro e análise arquitetônica e urbanística de vilas de pescadores no litoral nordestino, foi aprovado pelo Programa Petrobrás Cultural, dando origem ao livro resenhado.

Informações obtidas em: http://barroslima.com/

Sumário obra: 

Introdução

Considerações Iniciais sobre Arquitetura Vernacular Praieira

Pesquisa de Campo

Arquitetura

          A Casa

          A Planta

          Fachadas

          Divisões Internas

          Materiais

                    Taipa

                    Madeira aparelhada

                    Madeira roliça

                    Palha

                    Alvenaria

                    Outros materiais

O Relacionamento com o Meio

Considerações Finais

Resumo : 

Obra com grande fartura de imagens, embora quase sem elaboração gráfica, obtidas a partir de jornada realizada pelo autor no litoral compreendido entre as divisas do Maranhão com o Pará e da Bahia com o Espírito Santo. Lima Jr. elaborou o livro a partir de observações, entrevistas, conversas e convívio, dispensando maiores referências bibliográficas e mesmo sem atenção para com o conceito de “vernacular”, empregando-o a partir de definições de dicionários e de citações de Paul Oliver. Enfoca as comunidades litorâneas – cerca de 40 vilas – mais isoladas, menos tocadas pelo turismo ou “corrompidas” pela cidade, partindo-se da constatação da desaparição da cultura pesqueira artesanal. Observa-se que nessas comunidades o meio ambiente é o fator determinante da arquitetura, dado os baixos recursos financeiros e construtivos, as difíceis formações geográficas (como falésias e restingas) e empecilhos como as grandes propriedades e as condições do meio, especialmente, a areia fina e móvel, o vento constante e erosivo, as chuvas e tempestades e o regime das marés. Além disso, as restrições postas pelo ciclo da fauna pescada e coletada, pelo acesso à água potável e ao mar e pela qualidade da madeira e do barro empregados como materiais de construção. Tais fatores levam à decisão de onde construir, como morar e ainda definem a duração dos edifícios. Existem os abrigos de trabalho, que o autor chama de “masculinos”. São os “ranchos” para a vigília dos currais ou, se situados no mar ou nos rios maranhenses, para descanso e proteção nas tempestades. Sendo de uso coletivo, cada usuário precisa deixar o abrigo em bom estado para o próximo. Essas moradas temporárias, dedicadas ao trabalho, são mais austeras, às vezes, apenas uma cobertura, geralmente, com vão único e mobiliário escasso. A pesca em jangada é atividade exclusivamente masculina, cabendo à mulher a mariscagem e a pesca de linha. As casas “femininas” são então aquelas em que a família reside. Com perenidade maior, são mais complexas e asseadas. Nelas, o trabalho mescla-se à vida familiar. Há aquelas de vão único, com o parco mobiliário definindo uso do espaço. A casa ganha divisões internas com o crescimento dos filhos e seu casamento. Nesse caso, é a varanda que concentra a convivência do trabalho, da família e da comunidade. O banheiro fica fora da casa e tem fossa simples, cavada no chão. A cozinha também fica fora, em uma construção mais simples e de material inferior. Explicam os pescadores que ela “empesteia” a casa, atraindo insetos e pequenos animais, além da fumaça e fuligem, e do odor do tratamento do peixe e do marisco. Em alguns lugares, a pia é um “jirau” que facilita o descarte. Quando incorporada à casa, a cozinha possui acesso para o exterior, para facilitar a exaustão, e é comum que possua uma varanda anexa para alimentação coletiva. Nem sempre há quintal. Quando surge, é voltado para o mar e entendido como local de trabalho, voltado para o trato do pescado, guarda da jangada e reparo do material da pesca. A formação dos assentamentos é marcada pelas distâncias pessoais e familiares, além de fatores como a existência de cursos d´água, linhas de maré e outros. Embora haja recém-chegados, o mais usual é que cresçam com o aumento das famílias, o que acarreta a partilha de espaços e instalações, como quintais e banheiros. De um modo geral, as casas estão sempre abertas, assim como os quintais, que só são fechados quando há criação de pequenos animais – galinhas, porcas, cachorros –, necessidade de guarda de material de trabalho ou nos casos de prosperidade econômica e ostentação. Elementos sutis, como móveis e apetrechos indicam o uso de cada área. As casas são retangulares, com cobertura em duas águas com 10 a 20° de inclinação. Em geral, inicia-se pela sala, seguida dos quartos e da cozinha ao fundo, todos acedidos por circulação lateral. Aspecto fundamental é a proteção contra o sol e, principalmente, o vento com areia fina. A orientação da sala e dos quartos evita então o mar. Há poucas portas e janelas, com divisões internas em meias-paredes que permitem a ventilação por cima. Além dos beirais nas varandas, não raro aparecem anteparos verticais e o cascalho no piso ao redor da casa auxilia a fixar a areia fina. As fachadas são simples e, em muitos casos, sem janelas. Estas aparecem com folhas duplas de madeira, com dobradiças, ou com vedações em palha trançada, içadas como persianas. As portas, com “saia e blusa”, em certos lugares, são elevadas para não entrarem os animais, ou rebaixadas, em decorrência do tamanho do telhado que assume, assim, proporções “indígenas”. Nas casas “masculinas”, as portas são do tamanho da embarcação e as divisões internas são do mesmo material das paredes exteriores. Em alguns casos, são suspensas do piso, permitindo aeração por baixo. A taipa de mão é empregada do Ceará à Bahia e, não raro, tendo a palha como revestimento e grandes beirais para proteger das chuvas e ventos. Encontrou-se o emprego, localizado, de lama do mangue na argamassa do pau a pique. A madeira pode ser roliça ou aparelhada com ripas vazadas ou com mata-juntas, por dentro ou por fora, pregadas, amarradas ou apoiadas com forquilhas. A palha, de coqueiro ou de buriti, é mais usada nos “ranchos”. Embora mais adaptada ao meio, degrada-se rapidamente. Nas construções em alvenaria e mesmo solo-cimento, vê-se já a assimilação de técnicas e tipos exógenos. Na entressafra, muitos pescadores vão trabalhar na pecuária e em pequenas plantações, absorvendo assim outros arranjos tipológicos. O autor finaliza destacando o mérito da relação dessa arquitetura com o meio. Por um lado, resignação, diante das dunas móveis, e respeito, ao evitar a derrubada de árvores e se inserir na paisagem. No entanto, o autor observa que os pescadores vêm sendo expulsos desse litoral pela invasão do turismo, pela competição com a pesca mecanizada e pela carência de serviços básicos.

Data do Preeenchimento: 
terça-feira, 23 Dezembro, 2014 - 12:15
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
sexta-feira, 26 Dezembro, 2014 - 12:00
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant’Anna

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