LOPES MARCELO, Manuel Martins. Moinhos da Baságueda – Comunidades rurais: saberes e afectos. 2ed. Coimbra: Alma Azul, 2003.
Eixos de análise abordados:
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Manuel Martins Lopes Marcelo (1949), português, licenciou-se em economia pelo Instituto Superior de Economia, de Castelo Branco. Ainda estudante, iniciou em 1970, a atividade de docente no 2º Ciclo quando participou também da Associação Académica e do Centro de Ação Social Universitário, promovendo atividades culturais em bairros desfavorecidos de Lisboa. Em 1983, tornou-se docente na Universidade da Beira Interior até 1985, ano em que iniciou a atividade como Professor convidado nas Escolas Superior Agrária e de Gestão e Educação, que manteve até recentemente. Em 1993, culminando vários anos de estudo e pesquisa na região, publicou o livro Beira Baixa: a memória e o olhar, em que propõe uma revisitação da matriz histórica e cultural de Portugal. A partir de 1994, orientou um projeto cultural visando o estudo e a divulgação da cultura e tecnologia tradicional da moagem, tendo como território de referência, os moinhos da Baságueda, e publicando, em 1999, o livro em exame nesta ficha. Além desta obra, o autor publicou vários outros estudos sobre a cultura rural da região da Beira Baixa.
Tecnologia do Sistema de Moagem: caracterização dos subsistemas
O Engenho e a Arte da Construção do Rodízio
Território de Afectos
Histórias da Sabedoria e Vivência Populares
Actividades Produtivas
Usos, Costumes e Tradições
Da Aldeia ao Moinho
Do Apelo das Raízes aos Desafios da Modernidade
Linguagem Popular Corrente de Uso Local
Glossário de Termos e Expressões Populares Referênciados ao Longo do Texto
Bibliografia
Resumo :
O livro aborda os Moinhos da Ribeira da Baságueda, hoje situados na Reserva Natural de Serra da Malcata, em Portugal, e, conjuntamente, a Vila de Penamacor e a freguesia de Aranhas, ambas do Concelho de Penamacor no distrito de Castelo Branco, de onde provêm os moleiros. Apesar de rica em fotos e desenhos, muito hábeis e precisos, falta uma estrutura sistemática à obra, tanto na apresentação, quanto no foco. Em parte, é um registro etnográfico abrangente que mescla-se com um trabalho etnográfico mais específico, centrado nos Moinhos, os quais ganham uma atenção que nenhum outro tópico possui. E, ainda, surge como um livro de memórias que faz a apologia da vida campestre nessa região. A obra tem início com a enumeração do patrimônio cultural de Penamacor e Aranhas: seus edifícios, indumentária característica e ritos mais importantes. Depois descreve o clima, fauna e flora da região. Carece, contudo, da visão holística que possuem os trabalhos clássicos de Geografia e Antropologia portugueses sobre o assunto. Ao falar da Ribeira da Baságueda e de seus moinhos, o autor apresenta uma visão extremamente acurada desses engenhos de água e de seus subsistemas, bem como dos artesãos responsáveis por sua fabricação e manutenção. Esta parte do livro é ilustrada com desenhos primorosos e farta em fotografias. Segue-se, de modo irregular, a apresentação dos ciclos da vida rural, das crianças e jovens e sua relação com a faina e o mundo natural (os coelhos, as perdizes, as trovoadas, etc.), além de seus brinquedos e folguedos. O autor descreve a atividade agrícola: o plantio, colheita, moagem do grão e preparo do pão; as uvas e o preparo do vinho e aguardentes; o linho; o cultivo da azeitona e o preparo do azeite. Descreve também a atividade pecuária, os cuidados e aspectos alimentares decorrentes da criação suína, assim como a produção e usos do mel. Ademais, trata das caçadas e pescarias e de atividades produtivas como a fabricação de telhas, embora de modo superficial. Aborda, por fim, matizes da religiosidade popular, tais como rezas e curas; a farmacopéia da região; lendas, provérbios e expressões; o cancioneiro e os festejos. Conclui com um histórico de sua própria família nesta região.