RUDOFSKY, Bernard. The Prodigious Builders: notes toward a natural history of architecture with special regard to those species that are traditionally neglected or downright ignored. New York & London: Harcourt Brace Jovanovich, 1977.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Bernard Rudofsky (1905 - 1988)foi um arquiteto americano, nascido na Morávia, que ficou conhecido também por ser escritos, colecionador, professor, designer e historiador social. Obteve seu doutorado na Áustria, após trabalhar na Alemanha, Itália e vários outros países, inclusive o Brasil onde abriu um escritório nos anos 1930, projetando diversas residências em São Paulo. Radicou-se nos EUA a partir 1941, vivendo em Nova Iorque até sua morte. Ensinou em Yale, no MIT, na Universidade Waseda em Tóquio e na Royal Academy of Fine Arts de Copenhagen. Ficou conhecido por organizar uma série de exposições polêmicas no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA) nos anos 1940, 50 e 60. A obra em exame foi publicada pela primeira vez em 1977.
Block lust Note on “Architecture Without Architects”
Resumo :
Bernard Rudofsky segue com a tônica de seu livro anterior – Architecture without Architects –, agora com um princípio ordenador. Ainda assim, esta obra carece de consistência em vários aspectos. Inclui a arquitetura feita por profissionais para os deuses ou para o poder temporal com fins monumentais e considera também artefatos como as pipas gigantes do Japão. Inclui ainda obras feita por animais como cupinzeiros e formigueiros, colméias e vespeiros, covas de toupeiras, diques de castores e ninhos de pássaros. Por fim, inclui formações geológicas que evocam a arquitetura Mas esse ordenamento não é acidental, já que Rudofsky critica a separação da arquitetura em três áreas estanques: aquela feita por arquitetos, a “atrasada” da pré-história e povos primitivos, e feita por animais “estúpidos” mas engenhosos. Ele chega a incluir formações geológicas que evocam a arquitetura. No corpo do texto, apresenta digressões diversas e o recurso a figuras mitopoéticas e da literatura (a Arca de Noé, o Cavalo de Tróia, o Labirinto do Minotauro) sem precauções metodológicas, colecionando exemplos, reais e imaginários, dos temas que aborda. Um dos temas são as cavernas, abordadas por meio de exemplos diversos. Outro tema é a “arquitetura selvagem”, expressa na ideia e na prática de viver nas árvores, oportunidade em que discorre sobre os hábitos dos primatas e, a seguir, dos animais construtores. Conclui este tópico abordando obras feitas para animais, como o columbário ou pombal. Aborda também a arquitetura sem fins de abrigo ou sem propósito conhecido como terraços e platôs artificiais; a arquitetura megalítica e os edifícios com fins astronômicos. Em vários momentos, salienta o impulso de construir. Outros tópicos tratados são os da “arquitetura móvel”, dos sepulcros e depósitos de alimentos, das fortalezas. No tópico “labirintos”, aborda pedreiras e formações geológicas. Quanto à arquitetura vernacular, ressalta sua aparente simplicidade, mas complexidade real, arriscando hipóteses sobre sua antiguidade. Neste âmbito, aborda a arquitetura rural e sua crescente distância em relação à cidade. Elogia a vida comunal e registra sua extinção com o surgimento de museus a céu aberto para preservar seus exemplares. Ao mencionar os recursos bioclimáticos, acusa a perda do contato com os dons da natureza e destaca a arquitetura aberta ao clima benfazejo, bem como os recursos de captura do vento nas áreas abertas, em terraços e pátios, além das proteções contra o sol, como toldos e pérgolas. Na zona temperada, ressalta o uso do calor dos animais, da cozinha e as técnicas de calefação. Destaca ainda os vários tipos de janelas: basculantes, balcões, musharrabiehs e fachadas de vidro. Trata também do “invasor” que, em vez de gerar escombros imprestáveis como as demolições atuais, reutilizava lugares abandonados ou os usava como matéria-prima. Dá atenção especial à formação de tecidos urbanos a partir de anfiteatros, palácios e aquedutos. Finaliza falando da construção na pedagogia infantil, ressaltando o uso ocidental dos blocos de Friedrich Fröbel, que se fundariam numa premissa falsa – da espontaneidade da criança pela geometria e não pelas coisas heterogêneas – e estimulariam a construção monolítica e a demolição súbita. Contrasta isso com os povos africanos - Etiópia, Congo, Libéria, Uganda – onde a imitação em miniatura do ambiente construído se faz de outro modo e gera outros comportamentos.
RUDOFSKY, Bernard. Architecture Without Architects: a short introduction to non-pedigreed architecture.Garden City, New York: Doubleday & Company Inc., 1964.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Bernard Rudofsky (1905 - 1988) foi um arquiteto americano, nascido na Morávia, que ficou conhecido também por ser escritos, colecionador, professor, designer e historiador social. Obteve seu doutorado na Áustria, após trabalhar na Alemanha, Itália e vários outros países, inclusive o Brasil onde abriu um escritório nos anos 1930, projetando diversas residências em São Paulo. Radicou-se nos EUA a partir 1941, vivendo em Nova Iorque até sua morte. Ensinou em Yale, no MIT, na Universidade Waseda em Tóquio e na Royal Academy of Fine Arts de Copenhagen. Ficou conhecido por organizar uma série de exposições polêmicas no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) nos anos 1940, 50 e 60. A obra em exame é a transposição para livro, em primeira edição, da exposição homônima que Rudofsky organizou no MOMA entre 1964 e 65.
A exposição - Architecture Without Architects – apresentada no MoMA – Museum of Modern Art de 9 de novembro de 1964 a 7 de fevereiro de 1965 foi promovida pelo Departamento de Exposições Itinerantes, sob auspícios do Conselho Internacional do MoMA, e preparada e projetada por Bernard Rudofsky, então Consultor do Departamento de Arquitetura e Design. A pesquisa que a fundamentou foi financiada pelo John Simon Guggenheim Memorial Foundation e pela Ford Foundation. O conteúdo escrito do livro se encontra, sobretudo, na Introdução, onde explica-se os objetivos do programa e o que se pode extrair da variada amostragem apresentada na exposição. Rudofsky fala de arquitetura sem-pedigree, incluindo, nominalmente, o vernacular, o anônimo, o espontâneo, o indígena, o rural. O rigor terminológico não é seu objetivo e o ponto de partida de sua crítica é a limitação do ensino da arquitetura no Ocidente, que se daria a partir de um conjunto seleto de culturas, em área restrita do globo (Europa, partes da Anatólia e do Egito) e em épocas mais recentes. Esse conjunto seria igualmente restrito no plano social, lidando com moradias de deuses verdadeiros e falsos, príncipes de nobreza ou riqueza e nunca aquelas das pessoas comuns. O objetivo da exposição é romper essa estreiteza de limites. Rudofsky levanta o que se tem a aprender com estes procedimentos construtivos moldados ao longo de centenas de anos, em aspectos que antecipariam e mesmo superariam a arquitetura contemporânea. Em primeiro lugar, corresponderiam a um tipo de arquitetura cujo acento é o da empresa comunal, em vez do arquiteto individual, em construções que se amoldam ao meio natural, em vez de querer conquistá-lo, escolhendo, às vezes, os sítios mais difíceis e as formas de execução mais complexas. A beleza dessas obras, antes vista como acidental, é resultado de um raro bom senso ao lidar com problemas práticos, o que produz formas que pareceriam eternamente válidas. Muitas soluções ditas primitivas, segundo Rudofsky, antecipariam soluções atuais de pré-fabricação e padronização de componentes construtivos, de confecção de estruturas móveis e flexíveis, de condicionamento de ar, controle de temperatura, elevadores. Sobretudo, a humanidade e a solidariedade cívica que expressariam em vários recursos, em especial, nas arcadas mediterrâneas. A catalogação e exposição das obras, na exposição e no livro, não seguem um padrão discernível. São incluídas grandes obras de remodelagem do terreno; situações onde a natureza é vista como arquiteto, em cavernas e árvores; engenhos e maquinismos sem engenheiros; e edifícios que não são propriamente para os homens, como necrópoles, armazéns de alimentos, construções simbólicas e instrumentos astronômicos. Incluem-se não somente construções, mas subtrações, nas obras troglodíticas. Arregimentam-se virtuosismos técnicos: obras em lugares inauditos, como topos e flancos de montanhas íngremes e ilhas; soluções engenhosas de conforto ambiental e padrões e formas complexas criadas pela repetição de unidades elementares. Rudofsky lista formas não-convencionais de arquitetura: arquitetura aquática, em cidades de canais e embarcações, e a arquitetura nômade e móvel. Elenca ainda uma série de situações com técnicas e resultados formais específicos: fortificações, muralhas, torres; arcadas, ruas cobertas e semi-cobertas; palafitas, construções de madeira e de gramíneas e tetos verdes; formas primitivas e outras que se mimetizam com a paisagem.