CAMPOS, Neio; FARRET, Ricardo. Mercado informal em assentamentos informais no Distrito Federal. In: ABRAMO, Pedro. Favela e mercado informal: a nova porta de entrada dos pobres nas cidades brasileiras. Porto Alegre: ANTAC, 2009, p.242-271.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Neio Campos é Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003), mestre em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (1988), diplomado em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (1982) e licenciado em Geografia pela Universidade Católica de Salvador (1981). Atualmente é professor do Departamento de Geografia e do Centro de Excelência em Turismo na Universidade de Brasília, onde ensina e pesquisa nos cursos de pós-graduação em Turismo e Geografia. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase nos seguintes temas: dinâmica imobiliária e estruturação intraurbana, dinâmica socioespacial, planejamento do desenvolvimento turístico e metodologia de pesquisa aplicada à Geografia e ao Turismo.
Informações obtidas em: https://www.escavador.com/sobre/675704/neio-lucio-de-oliveira-campos
Ricardo Farret possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1962), mestrado e doutorado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade da California/Berkeley, em 1978 e 1983, respectivamente. Professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, atualmente é Pesquisador Associado do NEUR-Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais da Universidade de Brasília e Consultor privado na área de desenvolvimento urbano e regional, tendo atuado junto a organismos nacionais (EBTU, IBAMA, SEDU/PR e Ministério das Cidades) e internacionais (BID, BIRD e OEA), com atuação nos seguintes temas: política urbana, desenvolvimento (micro)regional, plano diretor urbano, revitalização de áreas urbanas e impactos ambientais urbanos.
Informações obtidas em: https://www.escavador.com/sobre/675696/ricardo-libanez-farret
Sumário obra:
Não se aplica.
Resumo :
Este artigo analisa os resultados do Projeto Habitare/FINEP, que ocorreu nos assentamentos informais do Distrito Federal (DF), com o objetivo de investigar este mercado na região. O tópico 1 trata do processo de ocupação informal em Brasília, que, por possuir uma gestão severamente autoritarista, sempre buscou segregar as populações migrantes pobres que começaram a se instalar a partir de sua construção. A primeira forma de ocupação marginal ilegal ocorreu com o surgimento dos acampamentos espontâneos que cobriam o déficit de habitações para as famílias dos operários da construção da cidade. Devido a isto, o governo criou um sistema de organização urbana que visava regulamentar a ocupação. Inicialmente, criando as cidades satélites e expulsando os moradores dos acampamentos do centro, o que fez com que, na década de 1960, as ocupações periféricas estivessem mais consolidadas que o centro urbano. Isto criou uma organização espacial pautada na desigualdade socioeconômica. No início da década de 1980, devido à intensa migração, o valor dos aluguéis no centro aumenta e, em decorrência disto, a população que já não podia manter-se no local, faz crescer o número de ocupações ilegais. Desta maneira, o governo cria algumas políticas de urbanização dessas áreas invadidas, promovendo o loteamento de boa parte delas e a entrega dos terrenos para famílias cadastradas, processo que deflagrou a valorização e a especulação imobiliária nesses assentamentos e uma renovação rápida de população. Na década de 1990, a migração continua intensa e as políticas de loteamento não diminuem as áreas invadidas no centro e nas regiões marginais. Deste modo, os assentamentos informais no DF caracterizam-se, genericamente, como áreas conflituosas, ligadas a algum tipo de corrente política que promoveu a invasão do espaço ou como áreas que foram regularizadas pelo governo e doadas a famílias carentes, que temem a perda desses lotes. Foram identificados 122 assentamentos com uma população de quase 180.000 pessoas, com moradias extremamente precárias e insalubres. No tópico 2, o autor caracteriza o mercado informal dos assentamentos do Distrito Federal, analisando: o seu número, a população residente, a origem da ocupação e o vetor de estruturação intraurbana (consolidação). Deste modo, foram definidos sete assentamentos referenciais para a pesquisa: Expansão Vila São José, Itapuã, Vila do DNOCS, Vila Estrutural, Via Telebrasília e Córrego Arrozal. Foram coletadas informações em 222 domicílios, sendo a maior parte residências unifamiliares com área de até 40m², que foram alugadas, construídas com materiais populares e baratos (como cerâmica, cimento e amianto), nos quais os moradores possuíam, majoritariamente, um perfil socioeconômico de baixa renda e faixa etária até 30 anos. Foram caracterizadas, no tópico 3, as principais variáveis que definem a mobilidade residencial da população pobre, sendo a proximidade com o local de trabalho a principal preferência locacional, enquanto que a falta de infraestrutura urbana simboliza o principal redutor de transações. O autor ilustra seus argumentos com tabelas que demonstram os resultados da pesquisa, tornando as conclusões transparentes e gerando a possibilidade de análise crítica desses levantamentos.
CRAVINO, Maria Cristina. El nuevo horizonte de la informalidad en el Área Metropolitana de Buenos Aires. In: ABRAMO, Pedro. Favela e mercado informal: a nova porta de entrada dos pobres nas cidades brasileiras. Porto Alegre: ANTAC, 2009, p. 272-303.
Eixos de análise abordados:
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Maria Cristina Cravino é antropóloga graduada pela Universidad de Buenos Aires (UBA). Possui mestrado em administração pública e doutorado em filosofia e letras (2006), ambos pela UBA. Sua atuação profissional focaliza o tema: urbanismo e antropologia urbana.
Informações obtidas em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4230475Y6
Sumário obra:
Não se aplica.
Resumo :
Este artigo analisa a informalidade existente na Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA)a partir de uma perspectiva histórica, e busca compreender o mercado imobiliário informal sob a ótica das redes de relações sociais existentes que o modificam e que são modificadas por ele. Na AMBA, foram detectados aproximadamente 819 assentamentos informais, que podem ser divididos em dois tipos: as “villas” e os “asentamientos”. Ambos constituem formas irregulares de acesso ao solo urbano, mas sempre representaram uma forma minoritária de se habitar a cidade. As “villas” datam do início do século XX e localizam-se na Cidade Autônoma de Buenos Aires (CABA) e sua primeira conurbação, caracterizando-se, quanto à configuração urbana, por ruas irregulares e passagens estreitas. Já os “asentamientos” ou “tomas de tierra” localizam-se na periferia, em zonas de menor densidade populacional. Seu surgimento remonta à década de 1980 e deu-se como uma resposta às novas e mais restritivas formas de acesso à cidade. Os “asentamientos” imitaram as tramas urbanas formais no que diz respeito às dimensões dos lotes (300m²), à quadrícula urbana e à presença de espaços verdes e comunitários, o que, para seus habitantes, seria um fator de integração com a cidade formal e afastaria a associação com as “villas” e suas consequentes estigmatizações. O mercado imobiliário informal promove uma forte densificação das “villas” (principalmente) e dos ‘asentamientos’ (em menor medida), cujo resultado é observado na verticalização das edificações. Cravino afirma que as causas estruturais mais relevantes para o crescimento da informalidade são: o crescimento da pobreza em geral, associada a uma normativa urbana que dificulta o acesso à terra pelos menos favorecidos; um encarecimento dos serviços públicos urbanos e de transporte e os processos migratórios de pessoas vindas do interior ou de países limítrofes. Entre meados da década de 1990 e os primeiros anos do século XXI, a produção de novas ocupações foi escassa, tendo em vista o período de forte crise econômica e as consequências desta para as populações de baixa-renda, dentre as quais: a ausência de oferta de habitação e a repressão de experiências de autogestão. A partir de 2004, com a diminuição do desemprego e uma melhoria na conjuntura política, houve a oferta de habitações de interesse social em altas quantidades, um movimento de novas invasões de terras e um crescimento do mercado imobiliário informal. Cravino subdivide este mercado em dois: o de compra-venda de solo urbano/habitações e o de aluguel, cujo produto típico é o quarto com banheiro compartilhado, resultado da subdivisão de uma habitação ou da verticalização desta. Para a autora, o mercado imobiliário informal assinala uma fratura na sociabilidade do bairro, pois mercantiliza práticas de reciprocidade e solidariedade, e subdivide os moradores em categorias com interesses antagônicos, que gozam de direitos e status sociais diferenciados. Esta divisão cria conflitos entre locadores e locatários, e “proprietários” (legais ou não) e inquilinos. Embora o aluguel seja, em muitos casos, a principal forma de entrada nos assentamentos informais, há uma “ideologia de bairro” que classifica os inquilinos como “cidadãos de segunda” e os exclui das relações de vizinhança. Segundo Cravino, praticamente todos os inquilinos aspiram passar à condição de proprietários, pois este título os permitiria gozar de uma “liberdade urbanística” e realizar mudanças nas habitações, além de trazer a segurança da permanência em um determinado espaço urbano, independentemente de uma possível situação de precariedade. Nestes bairros, é possível observar a tentativa de melhoria do habitat pelos moradores a partir de iniciativas autogestionadas de provisão de infraestrutura urbana (ou de demandas deste tipo ao Estado) e do estabelecimento de normas locais do que se pode ou não construir. Na Argentina, os mercados imobiliários formal e informal apresentam diferenças significativas no preço das habitações e lotes, contudo, para os habitantes dos assentamentos informais, a cidade formal possui mais valor. As transações do mercado imobiliário informal são feitas mediante uma legalidade alternativa, sem a participação de terceiros e são influenciadas pelas relações sociais de bairro. A autora também relaciona os perfis sociodemográficos dos moradores dos assentamentos informais com os status de comprador, vendedor e inquilino. Para Cravino o crescimento de novas urbanizações informais pode ser visto sob duas perspectivas distintas: uma positiva, que diz respeito a uma solução para a demanda por solo urbano, e uma negativa, que aponta para a necessidade de replanejamento das políticas de habitação de interesse social. A tradição de autoconstrução e construção autogerida (que consideram a capacidade financeira da família e suas necessidades habitacionais) torna necessário dar mais relevância às políticas de acesso ao solo do que as de habitação em si. Além disso, as transformações estruturais ocorridas nos assentamentos (tais como a verticalização e as novas relações sociais fomentadas pelo mercado imobiliário informal) tornam necessário estabelecer novos paradigmas de intervenção pública, tendo em vista a ineficiência dos predecessores.
CAMPOS, Neio; FARRET, Ricardo. Mercado informal em assentamentos informais no Distrito Federal. In: ABRAMO, Pedro. Favela e mercado informal: a nova porta de entrada dos pobres nas cidades brasileiras. Porto Alegre: ANTAC, 2009, p.242-271.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Neio Campos é Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003), mestre em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (1988), diplomado em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (1982) e licenciado em Geografia pela Universidade Católica de Salvador (1981). Atualmente é professor do Departamento de Geografia e do Centro de Excelência em Turismo na Universidade de Brasília, onde ensina e pesquisa nos cursos de pós-graduação em Turismo e Geografia. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase nos seguintes temas: dinâmica imobiliária e estruturação intraurbana, dinâmica socioespacial, planejamento do desenvolvimento turístico e metodologia de pesquisa aplicada à Geografia e ao Turismo. Informações obtidas em: https://www.escavador.com/sobre/675704/neio-lucio-de-oliveira-campos
Ricardo Farret possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1962), mestrado e doutorado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade da California/Berkeley, em 1978 e 1983, respectivamente. Professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, atualmente é Pesquisador Associado do NEUR-Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais da Universidade de Brasília e Consultor privado na área de desenvolvimento urbano e regional, tendo atuado junto a organismos nacionais (EBTU, IBAMA, SEDU/PR e Ministério das Cidades) e internacionais (BID, BIRD e OEA), com atuação nos seguintes temas: políitica urbana, desenvolvimento (micro)regional, plano diretor urbano, revitalização de áreas urbanas e impactos ambientais urbanos. Informações obtidas em: https://www.escavador.com/sobre/675696/ricardo-libanez-farret
Sumário obra:
Não se aplica
Resumo :
Este artigo analisa os resultados do Projeto Habitare/FINEP, que ocorreu nos assentamentos informais do Distrito Federal (DF), com o objetivo de investigar este mercado na região. O tópico 1 trata do processo de ocupação informal em Brasília, que, por possuir uma gestão severamente autoritarista, sempre buscou segregar as populações migrantes pobres que começaram a se instalar a partir de sua construção. A primeira forma de ocupação marginal ilegal ocorreu com o surgimento dos acampamentos espontâneos que cobriam o déficit de habitações para as famílias dos operários da construção da cidade. Devido a isto, o governo criou um sistema de organização urbana que visava regulamentar a ocupação. Inicialmente, criando as cidades satélites e expulsando os moradores dos acampamentos do centro, o que fez com que, na década de 1960, as ocupações periféricas estivessem mais consolidadas que o centro urbano. Isto criou uma organização espacial pautada na desigualdade socioeconômica. No início da década de 1980, devido à intensa migração, o valor dos aluguéis no centro aumenta e, em decorrência disto, a população que já não podia manter-se no local, faz crescer o número de ocupações ilegais. Desta maneira, o governo cria algumas políticas de urbanização dessas áreas invadidas, promovendo o loteamento de boa parte delas e a entrega dos terrenos para famílias cadastradas, processo que deflagrou a valorização e a especulação imobiliária nesses assentamentos e uma renovação rápida de população. Na década de 1990, a migração continua intensa e as políticas de loteamento não diminuem as áreas invadidas no centro e nas regiões marginais. Deste modo, os assentamentos informais no DF caracterizam-se, genericamente, como áreas conflituosas, ligadas a algum tipo de corrente política que promoveu a invasão do espaço ou como áreas que foram regularizadas pelo governo e doadas a famílias carentes, que temem a perda desses lotes. Foram identificados 122 assentamentos com uma população de quase 180.000 pessoas, com moradias extremamente precárias e insalubres. No tópico 2, o autor caracteriza o mercado informal dos assentamentos do Distrito Federal, analisando: o seu número, a população residente, a origem da ocupação e o vetor de estruturação intraurbana (consolidação). Deste modo, foram definidos sete assentamentos referenciais para a pesquisa: Expansão Vila São José, Itapuã, Vila do DNOCS, Vila Estrutural, Via Telebrasília e Córrego Arrozal. Foram coletadas informações em 222 domicílios, sendo a maior parte residências unifamiliares com área de até 40m², que foram alugadas, construídas com materiais populares e baratos (como cerâmica, cimento e amianto), nos quais os moradores possuíam, majoritariamente, um perfil socioeconômico de baixa renda e faixa etária até 30 anos. Foram caracterizadas, no tópico 3, as principais variáveis que definem a mobilidade residencial da população pobre, sendo a proximidade com o local de trabalho a principal preferência locacional, enquanto que a falta de infraestrutura urbana simboliza o principal redutor de transações. O autor ilustra seus argumentos com tabelas que demonstram os resultados da pesquisa, tornando as conclusões transparentes e gerando a possibilidade de análise crítica desses levantamentos.