0101-1766
Domenico Blasi, B. Merello e Giovanni Scudo
Acervo Professor Daniel J. Mellado Paz
BLASI, D.;MERELLO, B.; SCUDO, G. Desempenho Térmico da Arquitetura Vernacular Italiana. Tradução de Anita Regina Di Marco. In: Projeto – revista brasileira de arquitetura, planejamento, desenho industrial e construção, n.72, janeiro 1985. São Paulo: Projeto Editores Associados Ltda, p.105-106.
O comportamento térmico da arquitetura vernacular quase sempre se faz por análise qualitativa, em vez de quantitativa, já que faltam dados para tanto. O texto apresenta o exemplo raro de análise térmica do dammuso, habitação tradicional da Pantelleria, ilha quente e seca no sul da Sicília. O dammuso é uma estrutura massiva e retangular, com arco de pedra seca e sem argamassa, compondo um espaço único com apenas uma porta e uma abertura para ventilação. Há nichos nas grossas paredes e um pequeno local para cozinha. O dammuso agrícola é ainda mais simples, constando apenas de quatro paredes grossas e a cobertura. Enquanto no exterior a oscilação térmica é de 12 graus, no interior do dammuso é de apenas 3 graus. Análise similar fez-se nas tipologias radicionais da Puglia Central: a habitação subterrânea e o teto em arco. A habitação subterrânea, em declínio, se faz escavando no calcário, a diferentes profundidades, com entrada e chaminé que permitem a ventilação e a saída de fumaça. As habitações em arcos ou trullo são cobertas com terraço. O texto não é claro se o trullo se refere a um outro tipo edilício ou se relaciona-se com o anterior, embora haja incoerências. Os autores dizem que o trullo é uma praça ou unidade edificada redonda, coberta por teto em pedra seca, sem argamassa, de formato cônico. A moradia é comumente formada por três unidades, a maior no centro. Orientada para o sul, esta tem uma única porta e uma janela que, voltada para o norte, propicia a ventilação cruzada. Os silos para uva e cisternas para vinho e água da chuva são ubterrâneos. Os trulli são ocupados sazonalmente, de abril a outono, na atividade agrária do cultivo de videiras, oliveiras e frutas; da limpeza dos campos se extraem as pedras com que se constrói o trullo. A tipologia se desenvolve no séc. XVII para burlar leis do domínio espanhol, daí sua construção seca e fácil para desmanche. A análise térmica demonstrou que dentro do trullo a temperatura alcançara 4º menos que o exterior durante o seu máximo e que, se no exterior a oscilação térmica era de 10º, no interior fora 4º. Não há explicação no texto sobre as causas desse desempenho.
Daniel Juracy Mellado Paz
Marcia Sant’Anna