A exposição - Architecture Without Architects – apresentada no MoMA – Museum of Modern Art de 9 de novembro de 1964 a 7 de fevereiro de 1965 foi promovida pelo Departamento de Exposições Itinerantes, sob auspícios do Conselho Internacional do MoMA, e preparada e projetada por Bernard Rudofsky, então Consultor do Departamento de Arquitetura e Design. A pesquisa que a fundamentou foi financiada pelo John Simon Guggenheim Memorial Foundation e pela Ford Foundation. O conteúdo escrito do livro se encontra, sobretudo, na Introdução, onde explica-se os objetivos do programa e o que se pode extrair da variada amostragem apresentada na exposição. Rudofsky fala de arquitetura sem-pedigree, incluindo, nominalmente, o vernacular, o anônimo, o espontâneo, o indígena, o rural. O rigor terminológico não é seu objetivo e o ponto de partida de sua crítica é a limitação do ensino da arquitetura no Ocidente, que se daria a partir de um conjunto seleto de culturas, em área restrita do globo (Europa, partes da Anatólia e do Egito) e em épocas mais recentes. Esse conjunto seria igualmente restrito no plano social, lidando com moradias de deuses verdadeiros e falsos, príncipes de nobreza ou riqueza e nunca aquelas das pessoas comuns. O objetivo da exposição é romper essa estreiteza de limites. Rudofsky levanta o que se tem a aprender com estes procedimentos construtivos moldados ao longo de centenas de anos, em aspectos que antecipariam e mesmo superariam a arquitetura contemporânea. Em primeiro lugar, corresponderiam a um tipo de arquitetura cujo acento é o da empresa comunal, em vez do arquiteto individual, em construções que se amoldam ao meio natural, em vez de querer conquistá-lo, escolhendo, às vezes, os sítios mais difíceis e as formas de execução mais complexas. A beleza dessas obras, antes vista como acidental, é resultado de um raro bom senso ao lidar com problemas práticos, o que produz formas que pareceriam eternamente válidas. Muitas soluções ditas primitivas, segundo Rudofsky, antecipariam soluções atuais de pré-fabricação e padronização de componentes construtivos, de confecção de estruturas móveis e flexíveis, de condicionamento de ar, controle de temperatura, elevadores. Sobretudo, a humanidade e a solidariedade cívica que expressariam em vários recursos, em especial, nas arcadas mediterrâneas. A catalogação e exposição das obras, na exposição e no livro, não seguem um padrão discernível. São incluídas grandes obras de remodelagem do terreno; situações onde a natureza é vista como arquiteto, em cavernas e árvores; engenhos e maquinismos sem engenheiros; e edifícios que não são propriamente para os homens, como necrópoles, armazéns de alimentos, construções simbólicas e instrumentos astronômicos. Incluem-se não somente construções, mas subtrações, nas obras troglodíticas. Arregimentam-se virtuosismos técnicos: obras em lugares inauditos, como topos e flancos de montanhas íngremes e ilhas; soluções engenhosas de conforto ambiental e padrões e formas complexas criadas pela repetição de unidades elementares. Rudofsky lista formas não-convencionais de arquitetura: arquitetura aquática, em cidades de canais e embarcações, e a arquitetura nômade e móvel. Elenca ainda uma série de situações com técnicas e resultados formais específicos: fortificações, muralhas, torres; arcadas, ruas cobertas e semi-cobertas; palafitas, construções de madeira e de gramíneas e tetos verdes; formas primitivas e outras que se mimetizam com a paisagem.