ARAUJO, Anete. “Arquitetura Vernacular”. In: 6B: Cadernos da Graduação – Faculdade de Arquitetura da UFBA. N. 01 (out. 2004). Salvador: EDUFBA, 2004.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Dados sobre o autor(es) e obra:
Anete Regis Castro de Araujo possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia(1963), especialização em Building Conservation pela Architectural Association School Of Architecture(1979), mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia(1989) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (2003). Foi Professor adjunto 3 da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo. Atuando principalmente nos seguintes temas: Arquitetura moderna, Espaço doméstico, Salvador, Estudos culturais, 1930-1949 e Gênero.
Arquitetura Vernacular e Historiografia Algumas Questões Teóricas
Uma Arquitetura sem Arquitetos
Arquitetura Vernacular
Aspectos Formais e Espaciais
Construindo com Madeira, Argila e Palha
A Arquitetura de Terra
Pedra como Parede ou como Cobertura
Habitações Escavadas
Decoração
Conclusão
Resumo :
A autora informa que o texto se baseia em apontamentos tomados em cursos de extensão sobre o tema focalizado, ministrados por Paul Oliver e Richard Harris na Architectural Association School of Architecture de Londres no começo dos anos 1980. Sobre o conceito de arquitetura vernacular, aponta a origem do termo “vernacular” em vernacheio – palavra latina que designa o escravo doméstico – e como, a partir daí, a expressão “arquitetura vernacular” foi definida como aquela “produzida em determinada região utilizando materiais aí disponíveis a partir de práticas construtivas adquiridas, no tempo, por uma comunidade” (p 10). Reconhece, contudo, a dificuldade de se encontrar um conceito que dê conta desse fenômeno devido ao descaso da historiografia da arquitetura para com o tema e à resistência dos profissionais desse campo quanto a considerar como arquitetura essa produção, em que pese a articulação, já feita pelos iluministas [vide Laugier], entre a construção primitiva e a própria essência da arquitetura. A autora discorda das denominações que definem essa arquitetura como “anônima” (porque muitas vezes seus produtores são conhecidos); “espontânea” (porque desconsidera seu enraizamento em tradições ancestrais); “indígena” (porque seus contatos são variados); “rural” (porque há exemplos próximos das condições sociais e econômicas urbanas); “primitiva” (porque a associa somente ao rudimentar, ao provisório e à falta de valor estético). Conclui que “arquitetura vernacular” seria a melhor expressão para uma produção que tem como traço comum ser feita sem arquitetos. Registra que nela inclui o que Amos Rapoport define como arquitetura primitiva, reconhecendo, entretanto, a necessidade de estabelecimento de distintas categorias em seu âmbito (p. 11- 18). Por fim, questiona a relação determinante que haveria entre forma e clima, materiais e sistemas construtivos, ressaltando, a partir de Rapoport e Lewis Mumford, a forma como decorrência de aspectos culturais, de visões cósmicas e de mundo específicas (p. 19). Sobre os aspectos formais e espaciais da arquitetura vernacular, a autora põe em relevo a grande variedade e diversidade existente neste campo, decorrentes de normas e práticas sociais também muito diferenciadas. Avalia que essa diversidade pode ser estuda a partir de várias abordagens que podem ser ligadas tanto à forma, como aos tipos de planta, material ou sistema construtivo. No restante do texto, analisa, do ponto de vista do agenciamento espacial interno e externo e do significado simbólico, várias produções vernaculares pertencentes a culturas e regiões distintas, considerando ainda os materiais empregados (madeira, argila e palha; terra e pedra), tipologias específicas, como as que utilizam a pedra como material de cobertura e as habitações escavadas no solo, e a decoração (p. 25-43).