Christopher Alexander parte do que chama de “qualidade sem nome” de lugares e situações – um sentimento preciso de congruência de todas as coisas e do sujeito que percebe o espaço. Essa qualidade seria mais frequente na arquitetura tradicional e ausente em muitos dos lugares da vida moderna. A estrutura responsável pela compreensão e proposição de ambientes com tal qualidade seriam os padrões, unidades congruentes de espaço e atividades. Os padrões são relações entre coisas, e existem em todas as escalas. Um “contexto” específico, onde se apresenta um dado “sistema de forças”, que se aloja em uma dada “configuração”. Tais padrões podem estar “vivos”, permitindo que as forças reunidas nele se equilibrem e que o homem dê vazão, assim, a suas forças criativas. Aqui aparece a qualidade sem nome. Nos padrões “mortos”, as forças desequilibradas levariam o homem ao conflito interior. Os padrões, em número finito, apresentam-se como uma “linguagem”. Subjazem a todos os espaços, os quais são responsáveis pelo seu desenvolvimento por meio de geratrizes e não por um desenho total. Esta é a forma como a própria Natureza opera, repetindo-se com sutis variações ad hoc. O desenvolvimento se dá por “diferenciação” das unidades e pela “agregação” que absorve o erro e o enriquece. Os padrões em suas variadas escalas evoluem independentemente, rearticulando-se com flexibilidade, de modo gradual, e não de uma só vez. Com esse fundamento, o autor entende a arquitetura tradicional, que seria repleta de padrões vivos como retratos fiéis de um modo de vida. Enquanto estiverem ancorados na experiência vivida, tais padrões serão vivos. Na era moderna, a especialização do profissional arquiteto e a pressão pela produção em massa o distanciaram das forças realmente atuantes em cada ambiente. Além disso, sua formação auto-referente uma produção que não aceita adaptações locais. No entanto, a única inovação possível se daria não pela contribuição individual do arquiteto, mas pelo manuseio dos padrões. Em uma dada sociedade, cada indivíduo possui sua forma particular de padrões. A média geral compõe o padrão compartilhado e corresponde à unidade global. A individualidade permite a variedade e o cruzamento de propostas, consolidando-se as melhores por meio da sua exploração por múltiplos agentes. Daí a diversidade e a coerência dos ambientes pré-modernos nos quais cada edifício apresenta mais diferenças entre si do que atualmente quando o conjunto global aparenta ter um único autor, apesar da infinidade de construtores e das gerações sucessivas. A identificação de um padrão vivo ou morto se dá, segundo Alexander, pelo “sentimento”, ou seja, se o indivíduo sente-se bem naquele padrão. Não é opinião ou gosto, mas o reconhecimento da própria sensação. A importância desse processo empático se manifesta outra vez na aplicação da linguagem de padrões como método projetual. Pensando-se nos padrões e não em formas estabelecidas, consegue-se projetar em equipe e dar coerência ao projeto ao longo do tempo. O projetista, então, não reivindicaria sua individualidade. Projetando a partir desse vazio, e não de uma imagem, seria um intérprete das forças em atuação, identificadas no reconhecimento dos padrões necessários para cada projeto.