O trabalho baseia-se na premissa do ordenamento das estruturas visuais da urbe para fins de inteligibilidade, perguntando-se o quanto a mobilidade, social e física, do indivíduo depende da capacidade de interpretar o ambiente construído. Para tanto, o autor estabelece o binômio “popular/monumental”. O “popular” refere-se às estruturas criadas por indivíduos em sociedades não-especializadas, com métodos e formas tradicionais e para resolver problemas imediatos do abrigo. O “monumental”, por sua vez, seria típico de sociedades mais sofisticadas, onde um construtor-escultor especializado é o responsável por ambientes visuais representativos do poder da sociedade. Seriam, assim, opostos extremos na escala do ordenamento visual. A pesquisa, realizada com patrocínio da Fullbright Comission e com a colaboração do psicólogo e cinegrafista Jay Greenfield, produziu uma abundância de fotos, croquis e notações gráficas específicas e se deu em duas etapas. A primeira constou de um estudo do modo de percepção do trajeto e a segunda, da comprovação das análises por meio de entrevistas. No estudo do monumental, em torno da Piazza di San Pietro, contudo, apesar de observações acuradas, não há indicação do espectador em movimento. No das estruturas populares, por sua vez, não se examina a organização em larga escala, mas sim a agregação de refúgios individuais como produtos da necessidade imediata e do material disponível. Há um mínimo de ruas examinadas e o conjunto é labiríntico e impossível de se perceber de uma só vez. Os exemplos de povoados gregos e da Itália meridional mostram a rua como lugar de vida comunitária e mesmo de funções privativas das famílias, com transições complexas e ambíguas entre o público e o privado. Gindroz observa, contudo, que os dois extremos se relacionam. No medievo, registra-se a transformação do monumental em popular, a partir de castelos e templos, e se conhece a monumentalização de espaços populares, tanto com ampliações como pelo aproveitamento de alargamentos de ruas, onde o espaço é percebido. O estudo mais exaustivo dessa pesquisa se deu na comuna de Zagarolo, na Itália. Concluiu-se, a partir da análise do seu Corso (via principal), que o monumental pode não ser de imediata apreensão, mas configura-se no transcurso do tempo, pela sucessão de praças e edifícios. As entrevistas revelaram consenso nos elementos da estrutura visual do Corso, concluindo-se que, no espaço monumental, são estes que ordenam a percepção do indivíduo. No estudo das ruas transversais a este Corso – onde se vive mais do que se transita -, revelou-se que não houve problemas na identificação do espaço, mas essa preensão se deu por elementos distintos. O que definiria a estrutura popular, portanto, não seria sua pequena escala ou ainda a produção ou uso individualizados. Esta seria definida por sua percepção individualizada, onde, dentro de certos limites, o próprio indivíduo ordena a percepção do espaço.