As cabanas da Espanha
As covas habitadas
As habitações da Espanha chuvosa
O celeiro
A casa de montanha
A casa Basca
A casa Navarra
A casa Altoaragonesa
A moradia popular nos Monegros
A casa Aranesa
A quinta Catalã
A casa mediterrânea
A casa de adobe de Valência
A quinta Levantina
A casa popular Andaluz
A quinta Andaluz
A casa popular Extremenha
A casa Castelhana
Os moinhos da Mancha
A casa Pinariega de Soria
Outras construções rurais
Resumo :
A obra advoga que a casa reflete a maneira de ser das pessoas, as suas relações interpessoais, sendo ainda reflexo do meio no qual se insere. O clima, os materiais disponíveis e, principalmente, a estrutura social impactam e influenciam a disposição da planta e da sua estrutura íntima. Assim sendo, as edificações espanholas apresentam, em cada região do país, uma fisionomia muito particular, fruto da experiência de muitos séculos e do vínculo com o seu povo e com o lugar. Essas edificações tradicionais formam a chamada “arquitetura rural espanhola”, composta pela habitação familiar e pelas demais construções de uso campestre, como bodegas, celeiros, armazéns e moinhos. O livro avalia que os estudos sobre arquitetura popular na Espanha ainda encontram dificuldades diante de uma geografia complexa e da presença de diferentes povos em seu território. A obra está organizada em uma série de capítulos sucintos que tratam das diversas e diferentes habitações populares do país. A arquitetura basca, por exemplo, é definida como uma arquitetura racionalista e de uma beleza singular expressa por sua estrutura. A casa de campo, com as suas terras de cultivo e instalações, constitui a mais genuína representação da arquitetura rural da região basca. Sua planta, decorrente do clima e das necessidades agrícolas, é aglomerada, sem pátio, destinando-se ao pavimento térreo o quarto de ferramentas e a cozinha patriarcal, centro da vida familiar. Já o pavimento superior da casa basca é composto pelos dormitórios e pela sala, cabendo ao último andar abrigar o loft. A habitação dos bascos é de alvenaria de pedra e entramados de madeira, com cobertura de pouca inclinação e, se vista de longe, parece um tanto achatada. Segundo o autor, não foi qualquer pretensão estética ou preocupação escolástica e, muito menos, algum estilo o que inspirou o aldeão basco em suas construções. Teriam buscado inspiração no próprio bem-estar humano, no uso adequado dos materiais do solo e dos sistemas construtivos deles derivados. A construção popular da região de Navarra é também apresentada como notável neste estudo. Navarra apresenta uma grande variedade de climas, o que afeta as suas construções populares, mas é a tradição o princípio fundamental da construção no seio desse povo agricultor. A casa serve, exclusivamente, como moradia e expõe os seus elementos construtivos, destacando a sua materialidade. As residências navarras não apresentam luxo e poucos ou raros são os elementos de decoração. O predomínio de linhas retilíneas é visível e os materiais construtivos de preferência são a madeira, a pedra e a terra. A madeira é utilizada na estrutura de cobertura, já a pedra e a terra são usadas na alvenaria e na vedação da cobertura. A região de Navarra é dividida em duas áreas distintas, a montanhosa e as regiões próximas a rios e mares, chamada Ribeira. Nas montanhas, de clima úmido, predomina a atividade pastoril e, na Ribeira, de clima seco, a agricultura. As casas nas montanhas são isoladas, possuem uma forma cúbica, muros de alvenaria exposta e esquinas e guarnições de portas (geralmente em arco) e janelas em silhar. As lareiras são grandes, devido ao clima, e a cobertura pode ter uma ou quatro vertentes, prevalecendo o uso da telha curva de argila cozida. A maior parte das casas navarras possui três andares (com o térreo), apresentam varandas e possuem poucas janelas pequenas. Amante da solidez, o navarro preferiu sempre a pedra a qualquer outro material de construção, contudo, nas regiões próximas a rios e mares a pedra não abunda e o emprego do tijolo, do adobe e da taipa é mais frequente. Todas as casas navarras têm uma ou várias chaminés, cônicas ou cilíndricas, de planta quadrada ou retangular, e, a depender do lugar, é assentada no centro da cozinha ou arrimada a uma parede (mais comum). Quando pintam as casas, os navarros preferem usar a cor branca e, para isso, utilizam a cal, com exceção das aberturas que são pintadas de verde. Outro exemplo a ser destacado é a quinta catalã. A quinta catalã é uma humilde habitação nas montanhas destinada, essencialmente, à lavoura. O tipo tradicional dessa residência remonta à casa romana caracterizada pela massa paralelepípeda, com um telhado de duas águas que forma dois amplos frontões nas fachadas. A fachada principal da quinta catalã é composta por uma porta no meio e três janelas, colocadas em simetria clássica. Uma quinta mais simples tem planta retangular e está dividida por três corredores. No corredor central fica o vestíbulo, que serve para fins agrícolas, tendo ao fundo a escada, já no corredor do lado esquerdo, têm-se os celeiros e bodegas, e é no último corredor do lado direito que se instala a cozinha, a sala de jantar e o forno. A construção catalã é de pedra, edificada em alvenaria ou silhar. A dependência principal da casa é a cozinha, com uma grande variedade de utensílios em cobre e em ferro e poucos móveis. Mais um exemplo citado é a casa castelhana. A residência dos aldeões castelhanos também é bastante humilde e de pequenas dimensões. Os principais materiais usados por esse povo são o adobe e o tijolo e, por isso, as casas, que se estreitam em ruas sinuosas, podem ser de longe confundidas com a própria terra que as rodeia. O castelhano teme a solidão e, portanto, constrói as suas casas sempre agrupadas. As casas desse povo são abertas e limitadas por pequenos espaços na rua. O homem castelhano não é exigente e nem ostentador, valoriza somente os seus bens móveis, aquilo que pode carregar consigo, e, por isso, dificilmente se encontrará em sua casa algo além daquilo que lhe é, realmente, necessário.