1809-6298
Douglas Aguiar
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.127/3701
(acesso: 20 de março de 2017, às 11:00)
AGUIAR, Douglas. Revisitando Turner. Habitação Social e os Desafios da Cidade Contemporânea. Arquitextos, São Paulo, ano 11, n. 127.07, Vitruvius, dez. 2010.
Douglas Vieira de Aguiar possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialização em Planejamento Urbano (DPU / University College London, 1977/8), Mestrado (MSc / Bartlett School, University College London, 1987) e Doutorado (PhD by Research / University College London, 1991). Foi Secretário do Planejamento Municipal de Porto Alegre (1978-1988) e, desde 1988, é professor associado ao Departamento de Arquitetura da UFRGS.
Informações obtidas em: http://lattes.cnpq.br/6546605811840426 (acesso: 20 de março de 2017, às 11:00)
Não se aplica.
O artigo trata da defasagem que existe no campo da arquitetura a respeito das habitações de interesse social. Segundo o autor, nos últimos tempos, pouco se avançou na compreensão dos espaços gerados em meio urbano pelos segmentos populares, visto que a tipologia concebida atualmente assemelha-se muito ao modelo habitação-dormitório que foi planejado para as casas operárias do século XIX. Diante de uma produção arquitetônica que segue distinguindo as funções trabalhar e habitar, o autor busca fundamentação nas ideias-chave trazidas pelo arquiteto John Turner para tentar compreender como no contexto pós-industrial os modos de vida populares se acomodam aos espaços. Assim, o artigo se estrutura através da análise de ocupações de surgimento espontâneo e planejado situadas em uma determinada zona da cidade de Porto Alegre, de modo que, ao tratar dessas localidades, os pensamentos de Turner são revisitados. Ao todo são estudados três casos: um loteamento irregular, a Vila do Tio Zeca, e dois conjuntos de habitações de interesse social produzidos pelos órgãos municipais, o Núcleo Progresso e o Núcleo Mário Quintana. A Vila do Tio Zeca é uma favela precária, com muitos barracos de chapa metálica e lata, que tem uma população marcada por catadores e separadores de lixo. O autor ressalta a boa localização que essas moradias apresentam na cidade, como também a conveniência das locações no terreno, correlacionando esses aspectos ao que Turner chamou de “supportive shack”. O autor também traz a expressão “comunal household” ao comentar a constância com que se viam lotes ocupados de forma comunitária nesse assentamento informal. O Núcleo Progresso apresenta uma mistura de sobrados geminados e casas térreas. Nesse caso, o texto assinala as imposições colocadas pelos órgãos municipais quanto às modificações nas moradias, especialmente aquelas que venham a alterar a estética das fachadas, como também as restrições relativas ao uso, proibindo os proprietários de realizarem atividades econômicas. O autor relaciona ambas as situações com o que Turner denominou de “the oppressive house”. O Núcleo Mario Quintana era, inicialmente, composto por um conjunto de lotes estreitos que continham pequenas casas térreas geminadas, que apresentavam possibilidade de expansão na parte frontal e na parte dos fundos da edificação. Atualmente, o local se encontra completamente transformado, o que fez o autor correlacionar a situação com a ideia de “progressive development house”, proposta por Turner, segundo a qual as habitações populares apresentam processos contínuos de desenvolvimento. Após o relato de cada caso, o autor pontua que quanto mais livre é o espaço de qualquer pré-concepção, mais ele se encontra apto a atender as necessidades atuais das moradias populares. A pesquisa também levou o autor a reafirma o pensamento de Turner sobre a produção espontânea da moradia. Segundo Turner, ela apresenta, naturalmente, uma variedade de técnicas e de configurações espaciais, que, em geral, são de baixo custo e com alto valor de uso. O autor finaliza destacando a importância desse arquiteto para o desenvolvimento do estudo da habitação social, alertando para o seu pensamento de que “a vida da habitação tem mais a ver com as instituições humanas do que com as tecnologias de construção”. O artigo conta com plantas e fotografias.
Estudante bolsista: Camila Contreras Novaes
Marcia Sant'Anna