view_slideshow

Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Menssagem de erro

The page style have not been saved, because your browser do not accept cookies.

Territorialidade Omágua/Kambeba

ISBN ou ISSN: 

Não se aplica.

Autor(es): 

Márcia Vieira da Silva

Onde encontrar: 
Referência bibliográfica: 

SILVA, Márcia Vieira da. Reterritorialização e Identidade do povo Omágua-Kabeba na aldeia Tururucari-Uka. 2012. 176 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Geografia, Instituto de Ciências Humanas e Letras - ICHL, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2012.
 

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Márcia Silva é indígena de etnia Omágua/Kambeba, e também conhecida como Márcia Wayna Kambeba (nome e etnia indígena). A autora é geógrafa pela Universidade do Estado do Amazonas e mestre pela Universidade Federal do Amazonas. Seu foco de pesquisa no campo da geografia é a territorialização e reterritorialização, assim como o processo de ressignificação da etnia Omágua/Kambeba que foi tida como extinta por quase todo o Século XX. Também é poeta, compositora, cantora e fotógrafa registrando a vivência, o território e a identidade não apenas do povo Omágua/Kambeba mas também de outros povos indígenas.
 
Fonte:https://www.recantodasletras.com.br/autores/marciakambeba
 

Sumário obra: 

INTRODUÇÃO
Capítulo 1: Território e Identidade numa abordagem da Geografia Cultural
Capítulo 2: Povo Omágua/Kambeba: Do Território a Desterritorialização
Capítulo 3: Aldeia Tururucari-Uka: Reterritorialização e Identidade do povo Omágua/Kambeba
Considerações Finais
Referências
 

Resumo : 

A tese tem como objeto de estudo o processo de reterritorialização e de reconstrução identitária do povo Omágua/Kambeba não apenas considerando-se o conceito clássico de território utilizado na Geografia, mas a partir do conflito político vivenciado pela aldeia Tururucari-Uka, localizada no município de Manacapuru (AM) e do estudo das relações entre território, cultura e identidade no sentido de resistência e reafirmação étnica desse povo. Considerando a relação íntima entre identidade étnica e o lugar de vivência, a autora aborda vários conceitos de território e identidade propostos por diversos teóricos tendo como base os processos históricos do povo Omágua/Kambeba. Historicamente habitando uma área de várzea, os Omágua/Kambeba fizeram vários deslocamentos ao longo do tempo na região do Alto e Médio Solimões sempre habitando as margens e ilhas dos rios, sujeitas a inundações anuais, sendo por isso conhecidos como o Povo das Águas. Os Omágua/Kambeba se destacam nos séculos XV e XVI principalmente como povo de grande influência e relevância nessa região, sendo considerados por vários viajantes nesse período como o povo de maior desenvolvimento social e cultural por seus rituais e costumes ou pelo grande desenvolvimento territorial. Dos séculos XV ao XVIII, a autora aponta um território organizado em Aparia Maior, cujo representante tinha autoridade do Rio Amazonas ao Rio Napo, e Aparia Menor, a região do Rio Napo (Equador). Houve um processo de migração desse povo no sentido Equador-Manaus, o que exigiu adaptabilidade a nichos ecológicos muito diversos daqueles das várzeas e ilhas do Alto Amazonas, principalmente para o grupo que se instalou em Manaus. O que ainda sobrevive do povo Omágua/Kambeba são cinco aldeias, o que já mostra a perda de expressão deste considerando-se a importância e representatividade que tiveram no passado e, no ano da pesquisa (2012), 11 famílias moravam na aldeia Tururucari-Uka, totalizando cerca de 40 pessoas. Com a quase extinção desse povo, muito do seu território foi perdido, restando apenas um pequeno fragmento do que outrora foi o povo Omágua/Kambebaa, e que ainda não é homologado, havendo ainda brigas por posse desse território. Sendo o foco do trabalho um estudo de territorialidade, a autora trata apenas de alguns aspectos no que se refere à organização espacial e à habitação desse grupo, sem detalhar essa organização ou suas técnicas construtivas. No que se refere à organização política da aldeia, a autora aponta a figura do Tuxuaua, ou Zana, representante e chefe da aldeia, guardião da memória do povo e responsável por ensinar os costumes às próximas gerações. A autora deixa claro ao longo da dissertação que tudo o que envolve essa etnia é carregado de simbolismos e significados, sejam relações sociais, culturais e espaciais ou modo de vida, isso envolve inclusive partilhas, como o almoço, que é sempre realizado na casa do Zana da aldeia, sendo esta a representação da centralidade política da aldeia, demonstrando o papel de importância do Zana sobre os demais indígenas da aldeia. Existe apenas um roçado na aldeia onde todos trabalham em conjunto e assim, a partilha e a reciprocidade são muito fortes tanto na produção de alimentos quanto no manejo dos recursos naturais, como a água. Sobre a aldeia, as casas são em madeira, utilizando-se em especial o cedro, com cobertura em palha de palmeiras. A escolha do local e a construção dependem da autorização do Zana. Uma casa tem espaço interior suficiente para abrigar toda a família e é orientada por um eixo perpendicular à margem do rio. No interior há lugar para fogo, redes e objetos utilizados na vida cotidiana. No que se refere a distribuição espacial das casas, a autora apresenta discordâncias que levam ao entendimento de que durante os séculos XVI, XVII e XVIII o ordenamento das casas acontecia de forma linear à margem do rio. Já no caso da aldeia Tururucari-Uka, esse ordenamento acontece de forma que de uma casa seja possível ver a outra, formando uma rede de comunicação visual em círculo. A primeira casa avistada ao chegar à aldeia é a do Tuxaua, guardião da memória do povo e representante da aldeia. Há uma casa de farinha, que no início da pesquisa (2010) era simples, construída em barro e com cobertura em palha, porém houve uma intervenção da empresa Petrobrás em 2011 que a reconstruiu utilizando materiais estranhos à construção indígena, ou seja, em alvenaria e cobertura em telhas tipo brasilit. No sentido da territorialidade, os Omágua/Kambeba possuem uma noção clara de controle populacional, controlando a quantidade de pessoas que podem morar na aldeia para que não se esgotem os recursos naturais ali disponíveis, utilizando também recursos para que o local da roça possa ser utilizado de forma não exaustiva que degrade a floresta. Frente ao processo de territorialização e reterritorialização do povo Omágua/Kambeba, que devido a massacres e escravização, foram quase extintos e perderam representatividade, muito de sua história e identidade étnica e territorial se perdeu.A atual geração vive um processo que a autora define como “etnogênese” ou “reetinização” através do qual tenta resgatar e reafirmar sua identidade étnica que se perdeu por diversos motivos, como preconceito e subalternidade dos indígenas com relação ao branco que por muitos séculos os escravizaram e negaram sua cultura. A autora destaca ainda a necessidade de valorização desse patrimônio identitário, como a língua natal e os grafismos, desenhos representativos na pele, cerâmicas, roupas e demais objetos, que vêm se desgastando ou pela inoperância dos agentes governamentais de preservação patrimonial ou pela não transmissão desses saberes às novas gerações da aldeia.
 

 

Data do Preeenchimento: 
segunda-feira, 15 Fevereiro, 2021 - 21:15
Pesquisador Responsável: 

Edmara Paiva Santana

Data da revisão: 
quinta-feira, 18 Fevereiro, 2021 - 21:15
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant'Anna

Subscribe to RSS - Territorialidade Omágua/Kambeba