SOCIEDAD CIENTÍFICA DE LA FACULTAD DE ARQUITECTURA
Onde encontrar:
Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA
Referência bibliográfica:
SOCIEDAD CIENTÍFICA DE LA FACULTAD DE ARQUITECTURA. Registro Documental de Arquitectura Vernácula - Investigación en Poblaciones del Departamento de La Paz. Bolívia, 2012-2013. Facultad de Arquitectura, Artes, Diseño y Urbanismo. La Paz: Universidad Mayor de San Andrés, 2013.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
O trabalho se deu sob a coordenação geral do arquiteto Javier Escalante Moscoso. A coordenação da investigação se deu por Rodrigo Arias Perez e Mariela Balderrama Arias. A investigação foi realizada por, além destes, Yhomara Muñoz Diaz. O trabalho de campo por Christian Hilaya Fernandez, Tania Jemio Enriquez e Diego Tarifa Orellana. De fato, o livro foi produto de um Projeto de Investigação e Interação Social IDH-UMSA, aprovado em 2012 e realizado de 2012 a 2013, dentro do âmbito da Sociedad Científica Estudiantil de Arquitectura da Facultad de Arquitectura, Artes, Diseño y Urbanismo da Universidad Mayor de San Andrés.
Javier Escalante Moscoso é arquiteto formado em 1986 pela Universidad Mayor de San Andrés e, na mesma instituição, formado em Arqueologia (1991) e licenciado, ainda, em Filosofía Teológica em Lima, Peru, em 1981. Participou de escavações arqueológicas em diversos sítios, como Tiwanaku, Bolívia, é autor dos livros Arquitectura Prehispánica en los Andes Bolivianos, De la caverna a la Metrópoli, La Guía Arqueológica de Bolívia, Sítios Arqueológicos de Bolívia e Arqueología Monumental, sendo atualmente Professor Catedrático na Universidad Mayor de San Andrés e também na Universidad Católica Boliviana.
. Arquitectura vernácula: Expresión espacial de la cultura
. La vivienda nativa
. El fenómeno de la desaparición de la Arquitectura Vernácula
. Efectos y Consecuencias
2 – Estado de la Cuestión
3 – Fronteras Ecológicas
. Fronteras ecológicas: Una introducción general al tema
Zona Altiplânica
. Características generales
. El contexto geográfico
. Funcionalidad y tradición
. Tecnologías tradicionales
. Introducción
. Paja+Adobe
. Paja+Piedra
. Totora+Adobe
. Ch´ampa
. Teja+Adobe
Zona Sub-Andina
. Características generales
. El contexto geográfico
. Funcionalidad y tradición
. Tecnologías tradicionales
. Introducción
. Paja+Tapial
. Variaciones del tapial
. Paja+Bahareque
. Sinergias de tecnologias tradicionales
Zona Llanos Amazónicos
. Características generales
. El contexto geográfico
. Funcionalidad y tradición
. Tecnologías tradicionales
. Introducción
. Palma+Madera
. Palma+Taquara
. La vivienda elevada y sobre elevada
4 – Conclusiones
Bibliografía
Resumo :
Obra com fartura de fotos e ilustrações. É um estudo na arquitetura vernacular do Departamento de La Paz, no intento de realizar um registro documental do patrimônio e identidades bolivianos, sob severa ameaça. A razão seria a mudança da organização territorial e expansão urbana, com vários efeitos. Um deles seria a brusca mudança no modo de vida, e a subseqüente aculturação, com materiais, técnicas, modelos construtivos e arquitetônicos exógenos. As novas rodovias incrementam a circulação de matérias-primas e mão-de-obra alheias ao sítio. A anterior harmonia com o meio se vê assim corrompida, com a destruição das comunidades, e a perda da identidade, história e patrimônio cultural. Perdem-se as técnicas, que os pais não querem ensinar a filhos que não querem aprender. Outro efeito seria a migração para fora do país e outras regiões da nação, interna, das cidades orientais às ocidentais, dos altiplanos para a cidade de El Alto, e do campo para a cidade, até pela disparidade nos serviços básicos. Soma-se o fim das terras comunais e a concentração do solo rural em latifúndios, além da rarefação da matéria-prima vegetal. Os imigrantes, retornando, agravam a situação, com a tentativa de reproduzir a cultura da cidade, fundindo tipos, estilos, materiais e técnicas, usando extensivamente as placas corrugadas de zinco, sinal de status apesar das desvantagens. Além das mudanças climáticas, os autores observam a mudança das práticas, em especial a Ayni, Minka ou Minga, a colaboração e solidariedade mútua, no cultivo e mesmo na construção da casa, em dissolução, com o aumento do individualismo. O foco do trabalho são as comunidades indígenas rurais e, nelas, a moradia, tida como representativa de identidade da família e comunidade, com entorno natural, social, econômico e cultural. No contexto rural, observam-se escassas subdivisões, e espaços multifuncionais, com a superposição da habitação com o trabalho. O Departamento se divide em três zonas ecológicas, dadas pela altitude, com diferentes temperaturas, geografia, hidrografia e ecossistemas: a altiplânica, a subandina e a planície amazônica. A zona altiplânica abrange os altiplanos, as margens do Titicaca e as cordilheiras, com temperatura média anual inferior a 9º C, e precipitação entre 450 e 600 mm anuais. As moradias tratam de adaptar-se ao clima, capturando a energia solar e evitando os ventos gélidos, com a entrada a leste. A casa, de tamanho proporcional à família, organiza-se em torno de um pátio. Nela, a cozinha é fundamental, sofrendo agora com a mudança dos hábitos e produtos alimentares. Os autores descrevem as tecnologias construtivas. Os blocos de adobe e cobertura de palha, técnica de origem Aymara e Quechua – como as chullpares, torres funerárias Aymara -, empregando ainda madeira local na armação do telhado. Os blocos de pedra e cobertura de palha, com origem na cultura Chiripa, empregando em geral granito. Os blocos de adobe e totora, junco do lago Titicaca, e a ch´ampa, técnica antiga, em solos úmidos e argilosos, com uso do pasto enraizado, cortado em blocos, seco, e cobertura em abóbada ou palha. E os blocos de adobe e telha cerâmica, produzida em fornos nas margens dos rios. A zona subandina ocorre na parte oriental da cordilheira de Apolobamba, e se compõe de vales, com clima úmido entre 20ºC e 22ºC, dando lugar à agricultura de cereais, tubérculos, legumes e hortaliças. As moradias, também proporcionais ao tamanho da família, construídas sob medidas antropométricas, articulam-se ao redor de pátio central, local das reuniões familiares e comunitárias. As técnicas empregadas são a taipa de pilão e cobertura de palha, com uso de palha da região (k´ullpahichu, k´alamuhichu, k´urkuhamichu) ou folhas de motacú; a taipa de pilão e madeira, com troncos de madeira roliça após cada fiada, e nas esquinas; a taipa de pilão e pedra, aplicada após cada fiada; e o bahareque (taipa de sopapo) e cobertura de palha. As portas e janelas são feitas de tábuas retas de madeira – os wiluchos. Não raro mesclam-se as técnicas, com o primeiro piso de taipa, segundo de adobe ou pedra. Na planície amazônica, parte da bacia amazônica, há menos acidentes de relevo, com clima tropical úmido, acima dos 28ºC, e acima de 2.200mm de precipitação. A vegetação é exuberante, com boas madeiras, como a fauna tem maior diversidade e porte. O local abriga etnias diversas, algumas nômades, que vivem da coleta de frutos, caça, pesca, cultivo (milho, arroz, cítricos, etc.) e silvicultura extrativista. Em suas moradias, em geral construções elevadas do solo para combater a umidade, com aberturas superiores para ventilação, destacam-se dois cômodos: o dormitório e a cozinha. Aquele, um espaço único albergando toda a família, ao mesmo tempo área de recepção social, curral de pequenos animais e depósito de ferramentas. A cozinha, lugar dos utensílios domésticos, fogão, despensa e tendal. Há etnias com vivendas coletivas, multifamiliares - as malocas – que, ainda assim, apresentam divisões e distribuição por idade, sexo e parentesco, e constituem-se em imagem do cosmo. Emprega-se a madeira e a taquara, tipo de bambu para fechamentos; a jatata e o motacú na cobertura; em arranjos de madeira ou taquara e palma – das espécies chamadas chaquillo, sipico e bitaca. Os autores concluem salientando os valores ambientais dessa arquitetura vernacular e salientando que, ameaçando e parecendo primitiva, é a arquitetura do futuro, requerendo políticas para sua preservação e de seus saberes, a exemplo do eco-turismo.