WEIMER, Günter. Arquitetura indígena: sua evolução desde suas origens asiáticas. Porto Alegre: Edigal, 2018.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Gunter Weimer é arquiteto e urbanista graduado pela Universidade federal do Rio Grande do Sul (1963), possui mestrado em História da Cultura pela PUCRS (1981) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela USP (1990). Atua como professor convidado do Programa de pós-graduação em Urbanismo da FAU-UFRGS e tem experiência nos temas da arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul. Possui uma vasta obra publicada, com mais de 40 livros escritos, organizados ou editados por ele.
Informações obtidas em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783309U4
Sumário obra:
INTRODUÇÃO
OS INDÍGENAS E A AMÉRICA
A ORIGEM DA ARQUITETURA
UM PROBLEMA E SUA SURPREENDENTE SOLUÇÃO
A RÚSSIA ASIÁTICA
OS INDÍGENAS NORTE E CENTRO-AMERICANOS
OS INDÍGENAS SUL-AMERICANOS
ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA
CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA
CRÉDITOS
GLOSSÁRIO DE TERMOS INDÍGENAS UTILIZADOS NA ARQUITETURA DO BRASIL
Resumo :
Esta obra tem como objetivo investigar as possíveis origens da arquitetura indígena e suas evoluções até os dias atuais, desde o sudeste do continente asiático até o extremo sul do continente americano. Como metodologia, Weimer propõe a comparação entre diversas tipologias arquitetônicas, com o intuito de estabelecer graus de parentesco entre elas e verificar a existência de uma origem comum. Esta ficha focaliza os capítulos três e seis da obra, pois são os de maior interesse para o campo da arquitetura popular na América do Sul. No capítulo 3, Weimer defende a tese de que a arquitetura subterrânea dos buracos de bugre existentes no Brasil (habitações indígenas escavadas no solo pelo povo caingangue, no período pré-colombiano) são resultado da migração de uma tipologia arquitetônica desde o norte do Japão e extremo leste da Rússia até o sul do continente americano. As habitações denominadas de buracos de bugre eram compostas por um buraco cilíndrico maior e uma série de buracos menores próximos a ele. Os maiores apresentavam uma profundidade variável, entre um e dois metros, e um diâmetro entre 10 e 20 metros. Já os buracos menores apresentavam uma profundidade entre 30 centímetros e um metro e diâmetro em torno de três metros, além de apresentarem um formato semelhante a uma calota esférica. O autor considera que o uso da terra como material de construção, por sua capacidade de isolamento térmico e como solução para problemas impostos pelo meio, seria um indicativo de que essa tipologia seria originária de locais frios. Em sua pesquisa, Weimer encontrou tipologias adotadas pelo povo aino do Japão e Rússia muito semelhantes às utilizadas pelos caingangues. Propõe então que a migração deste povo asiático para o continente americano, em direção a latitudes cada vez mais baixas, provocou alterações significativas na sua arquitetura, como a gradativa diminuição da profundidade nas escavações e a diminuição ou supressão das camadas de terra que compunham a cobertura. No capítulo seis, Weimer analisa as tipologias arquitetônicas dos grandes grupos linguísticos existentes na América do Sul (aruaque, caribe, macro-jê, pano, quíchua, tucano e tupi-guarani) e de grupos menores, buscando relacioná-las com outras culturas (americanas ou asiáticas). O autor também descreve os contextos histórico, geográfico e linguístico de cada um dos grupos e o capítulo é ricamente ilustrado com desenhos seus. Descreveremos a seguir as tipologias dos grupos que habitam o Brasil. A tipologia mais recorrente entre os aruaques é a casa comunal, contudo, a amplitude da ocupação destes povos ocasionou uma grande variedade de partidos adotados, tanto pela diversidade dos ambientes onde se estabeleceram, quanto pela influência de culturas vizinhas. Os vapixarás, também aruaques, por exemplo, habitam aldeias organizadas por diversas casas de clãs dispostas em torno de um pátio circular. As habitações têm planta-baixa em formato elíptico com paredes contínuas totalmente fechadas (exceto por uma única abertura central), sustentando uma cobertura cônica. Os caribes, por sua vez, são o povo com o qual os conquistadores europeus estabeleceram seus primeiros contatos e a diversidade dos ambientes onde se instalaram proporcionou uma variedade de tipologias arquitetônicas, sendo as mais recorrentes: a cúpula apontada com um mastro central , a tenda cônica e a habitação de planta retangular, com telhado de duas águas. Segundo Weimer, as cúpulas e as tendas cônicas são uma herança dos indígenas norte-americanos. Essas construções poderiam ser abertas ou fechadas em sua base, com abertura possibilitada pela elevação da cobertura sobre pilares. No caso dos macuxis, subgrupo caribe, eram adotadas duas tipologias: uma tenda cônica elevada sobre uma parede contínua fechada exceto por uma única abertura, destinada ao pernoite, e uma edificação com cobertura de duas águas e planta retangular sem paredes, destinada às atividades diárias. Os macro-jês são um grupo que, em razão da vastidão da área que ocupam, podem ser divididos em setentrionais, centrais e meridionais e, antes da era cristã, chegaram a ocupar metade do território brasileiro. Weimer identifica três tipologias arquitetônicas básicas neste grupo: cúpulas, cones e prismas de base triangular deitados sobre um dos lados. Um dos exemplos analisados pelo autor é o dos xavantes, que viviam em aldeia com um número de casas entre 20 e 30, dispostas em uma forma de ferradura voltada para o rio. As habitações tinham forma de prisma de base triangular deitado sobre um dos lados, com um dos frontões fechado e o outro totalmente aberto. A cobertura de folhas de palmeira era de duas águas, que se apoiavam diretamente sobre o chão, com cumeeira sustentada por dois esteios. As casas xavantes eram implantadas em uma faixa “limpa” e a praça formada pela disposição das casas era coberta com vegetação rasteira. Os carajás, outro povo macro-jê, habitavam aldeias formadas por duas fileiras paralelas de casas, cujas portas permaneciam voltadas para o rio, independentemente das suas posições. Uma “rua” intermediava as duas fileiras e era coberta por vegetação rasteira. As moradias tradicionais dos carajás tinham forma de arco apontado e sua estrutura interna contemplava uma fileira de esteios centrais que sustentavam a cumeeira e esteios secundários para auxiliar no apoio das terças. A cobertura era feita com folhas de buriti e a habitação era fechada, exceto por duas portas localizadas em cada uma das laterais. As aldeias bororos são organizadas em formato circular, com as habitações dispostas ao redor de uma praça central sem vegetação, onde estava edificada uma cabana de dimensões maiores (a “casa dos homens”), destinada à reunião e à realização de cerimônias tribais. As habitações tinham forma de cone ou de prisma triangular deitado sobre um dos lados e a cobertura era feita com palha de palmeira. Os panos, tendo como um de seus exemplos a tribo dos marubos, habitavam uma “casa-aldeia” ou casa comunal, implantada em um terreno limpo e em torno da qual se desenvolviam todas as estruturas da aldeia. A habitação possuía o formato aproximado de um decágono irregular alongado e nela ocorriam as atividades domésticas, os cultos xamânicos, a guarda de alimentos e as demais atividades cerimoniais. Internamente, a casa-aldeia é composta por um espaço central retangular delimitado por oito esteios e destinado aos rituais da tribo, envolto por uma estrutura de 16 esteios menores que apoiam os caibros da cobertura, feita de folhas de jarina. Os “deambulatórios” longitudinais são destinados ao dormitório e a casa é quase toda fechada, exceto por duas portas localizadas em cada uma das extremidades destinadas aos distintos gêneros. A casa-aldeia ocupa o centro de um pátio oval, em cuja periferia estão dispostos diversos jiraus sobre palafitas (usados como depósitos e locais de trabalho), circundados por roças e, por fim, pela floresta. Os tucanos também habitavam, tradicionalmente, casas comunais, embora estas tenham sido substituídas por habitações unifamiliares durante sua catequese. A casa-aldeia tinha a forma (em planta-baixa) de um retângulo somado a um semicírculo em um de seus lados menores. A fachada principal (correspondente ao lado menor do retângulo) ficava voltada para o rio e tinha uma porta principal junto à qual ficava o espaço dos homens. Na extremidade oposta (a semicircular) havia outra porta junto à qual ficava o espaço das mulheres. Três pares de esteios centrais delimitavam um espaço retangular de uso comum (passagem, trabalho, rituais) e o dormitório das famílias ficava nas “naves laterais” sob a parte baixa do telhado. A cobertura, por sua vez, era de duas águas de inclinação acentuada e com beirais. Já entre os tupis-guaranis, a tipologia habitacional mais recorrente era a casa multifamiliar para um clã inteiro (maloca) de planta retangular, dividida internamente em quadrados ou retângulos de quatro a seis metros de lado (ocas) que abrigavam uma família nuclear. Uma fileira de esteios centrais sustentava a cumeeira e duas outras laterais sustentavam as terças sobre as quais se vergavam caibros. Estes, por sua vez, eram fincados no chão e amarrados na cumeeira com cipós. Mãos francesas apoiadas nas bases dos esteios ou vigas horizontais contraventavam as terças, e a cobertura era vedada com capim, junco ou folha de palmeira. As habitações adotavam um partido fechado, com aberturas mínimas no topo do teto (ventilação por exaustão) e, geralmente, duas portas pequenas e baixas. A dos homens voltada para a praça central, e a das mulheres, para os fundos da aldeia. Esta, em geral, era formada por uma praça quadrada com malocas ocupando cada um de seus lados em disposição ortogonal. A praça era um espaço preferencialmente masculino e local das cerimônias tribais. Weimer propõe analisar os grupos com menores números de indivíduos a partir das regiões culturais estabelecidas: a costa noroeste, os Andes setentrionais, a costa norte, o Planalto das Guianas, a Planície Amazônica, o Planalto Brasileiro, o Chaco, a Planície pampeana, os Andes meridionais e o extremo sul. Nesta ficha, analisaremos apenas as regiões que incluem povos brasileiros em seus exemplos. O Planalto das Guianas é ocupado por povos caribe, aruaque e isolados, com maior incidência dos ianomâmi. A tipologia habitacional soberana é a casa-aldeia com planta poligonal de múltiplos lados, de maneira a se assemelhar a um formato circular. Cada lado do polígono, no interior, corresponde ao espaço de uma família nuclear. A estrutura é composta por paredes externas de aproximadamente um metro e meio de altura que sustentam uma cobertura cônica aberta no centro, criando um pátio central aberto no interior da edificação. A Planície Amazônica é a maior região cultural e a que recebeu a menor influência dos conquistadores europeus. A cultura hegemônica é a tupi-guarani, seguida por aruaques e caribes. Um dos grupos exemplificados por Weimer é o dos vitotos, cuja habitação tradicional é uma casa comunitária de grandes dimensões e planta-baixa ortogonal. Em seu centro, um quadrado era delimitado por quatro esteios e neste espaço ocorriam as cerimônias e rituais. Sobre estes esteios centrais, se apoiava um telhado de duas águas, cujo frontão poderia ser levemente vazado ou totalmente devassado. Em torno desta área, estavam dispostos os espaços de moradia das famílias nucleares, cobertos por águas retangulares e triangulares. No Planalto Brasileiro, a cultura hegemônica era a macro-jê. Um dos povos representativos desta região, os tupari, habitavam casas de planta circular e cobertura abobadada, com um esteio central que se sobressaía no topo e sobre o qual se envergavam caibros que na outra extremidade eram fincados no chão. A aldeia tupari era composta por duas habitações desse tipo, de tamanhos distintos (já que este dependia do número de famílias nucleares abrigadas) em torno de uma praça. Junto a ela, ficava um depósito de mantimentos e um galinheiro. Sobre os povos isolados, Weimer apresenta desenhos de algumas tipologias, mas discorre pouco sobre elas e sobre as culturas destes povos, já que eles se distanciaram muito da sociedade neobrasileira. O autor questiona se as semelhanças entre tipologias de diferentes localidades e grupos étnicos seriam meras soluções a questões funcionais impostas pelo meio, ou se seriam resultado de uma tradição milenar que se conservou em meio à dispersão dos grupos em suas rotas migratórias pelo continente americano, hipótese da qual é adepto.
GUIDONI, Enrico. Primitive Architecture. Milan: Electra Editrice; New York: Rizzoli International Publications, 1987.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Enrico Guidoni (1939-2007) foi professor de História da Urbanística na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma "La Sapienza” e também docente de História da Arte junto à Escola de Especialização em Restauro de Monumenti e, a partir de 1997, de História da Arquitetura Moderna. Foi membro da Comissão Internacional de História das Cidades e fundou as seguintes revistas "Storia della città", "Storia dell'urbanistica", "Studi giorgioneschi" e publicou "Atlante di storia urbanistica siciliana", "Roma. Storia, immagine, progetto", "Atlante storico delle città italiane", "Civitates", "L'architettura popolare in Italia" e “Archittetura primitive”, objeto desta ficha e lançado em 1975 na Itália pela Editora Electra. Em 1991 promoveu, com E. De Minicis, a iniciativa cultural "Museo della città e del territorio". Foi curador, para a Comuna de Modena (Biblioteca Poletti), dos ciclos de conferências intitulados "Percorsi di storia della città", entre 1995 e 1998. A obra em causa é composta, em parte, de artigos retrabalhados pelo autor e publicados anteriormente no Dizionario Enciclopedico di Architettura e Urbanistica (1968).
Appendix – Primitive Peoples and Their Architecture
Selected Bibliography
Index
Listo f Photographic Credits
Resumo :
O livro é definido como “exploração pioneira de um corpo de conhecimentos que introduz um novo tema na história da arquitetura” e que tem sido tratado principalmente por especialistas em outras disciplinas. Entende-se que a arquitetura desempenha um papel central na vida econômica, social, cultural das populações e reivindica-se que seja estudada não somente como transformações que o homem opera no seu ambiente físico, mas quanto ao seu uso, significado e interpretações, atitudes e explicações atribuídas por quem a produz. Para Guidoni, mais do que tecnologia ou emprego de recursos materiais, a arquitetura é um instrumento político e social que deve ser abordado com relação à sociedade que o produz e interpreta, e com relação às atividades econômicas e rituais com que convive. Defende que a “arquitetura primitiva” seja considerada um tema autônomo, com o seu próprio campo e metodologia, pois entende que tem sido tratada equivocadamente, criticando neste sentido os estudos de Fraser, Oliver e Rapoport. No primeiro, critica a análise a-histórica e centrada em conceitos espaciais elementares, a separação entre relações sociais e ordem espacial e a correspondência entre desenvolvimento econômico e complexidade arquitetônica. O conceito de “arquitetura vernacular” de Oliver é criticado por englobar manifestações arquitetônicas muito distintas, o que comprometeria qualquer pretensão metodológica. Além disso, ao privilegiar ambientes geográficos em vez de complexos históricos específicos, a abordagem de Oliver reduziria tudo a um problema de resposta arquitetônica a um dado ambiente, subordinando fatores histórico-sociais aos ecológico-formais. Guidoni identifica em Rapoport este mesmo tipo de ambiguidade e uma oscilação entre uma abordagem antropológica e outra que denomina de “atomização do sistema arquitetura-sociedade”. Aponta a contradição que haveria em Rapoport ao conceber a arquitetura como um produto de fatores socioculturais e, ao mesmo tempo, considerar clima, construção, materiais e técnicas como fatores modificadores dos primeiros. Entende que essa abordagem supõe um intercâmbio entre tradições arquitetônicas diferentes, ignorando a relação essencial da arquitetura com o território. Como solução, propõe estender a noção de arquitetura para o conjunto “território, assentamento e habitação”, desprezando-se as soluções técnicas isoladas como resultado de pressões ambientais. Para Guidoni, o papel da arquitetura na sociedade, como instrumento de poder e de governo, seria manter a ordem social. Por isso, advoga que o estudo da “arquitetura primitiva” seja orientado por fatos históricos e étnicos específicos. Sua abordagem é história e cultural, indicando o materialismo histórico como um ponto de vista a ser seguido quando se trata de conectar arquitetura e propriedade da terra ou modo de produção e estratificação social. Entende que meios e relações de produção condicionam as relações entre grupo e território e indivíduo e comunidade. Consequentemente, não apenas defende que a “arquitetura primitiva” tem especificidades, mas também que esta expressão difere de “arquitetura popular” ou “vernacular”. Para Guidoni, o termo “vernacular” tem um uso generalizado e pouco rigoroso, designando uma arquitetura produzida fora do registro culto e da arquitetura oficial. Define “arquitetura primitiva” como a expressão das atividades espaciais de uma sociedade pré-estatal que ocupa um território específico e preserva um alto grau de independência política e econômica com respeito às demais sociedades com as quais mantem contato. Já “arquitetura popular”, expressaria as atividades espaciais de um grupo que ocupa um território em subordinação política e econômica a um complexo estatal ou dentro de um sistema desigual de distribuição dos meios de produção. Expressaria então a dependência de uma sociedade em relação a outra, onde a primeira funciona de modo semiautônomo com relação a um centro de influência política e cultural distante. Por essa razão, seria possível encontrar traços primitivos na arquitetura popular, assim como outros importados de modo mais ou menos arbitrário e relacionados à relação mantida com a sociedade dominante. Guidoni recomenda a adoção de dois princípios fundamentais no estudo da “arquitetura primitiva”: aderência à uma perspectiva histórica global, sem perder de vista a unidade entre arquitetura e contextos políticos e sociais, e pesquisa de campo exaustiva, tomando-se como evidência a arquitetura de cada grupo que tenha um conjunto específico de crenças e tecnologias. Esses princípios conduziriam à uma metodologia válida, pois focaliza a “arquitetura do território”, a relação entre propriedade da terra e arquitetura, e os modos como a tradição é utilizada, em seus aspectos simbólicos e artísticos, pelo grupo responsável por sua conservação e renovação. O livro está organizado em amplas áreas geográficas de acordo com a proximidade étnica e linguística dos grupos pesquisados. A organização dos quatro capítulos está relacionada aos problemas postos pela “arquitetura primitiva” e, de modo amplo, aos estágios de desenvolvimento econômico e social dos grupos tratados. O primeiro capítulo não tem foco geográfico e objetiva explicitar os vínculos entre arquitetura e território em populações nômades e seminômades. O segundo focaliza povos das Américas, Sudoeste da Ásia e Melanésia, lidando, principalmente, com as relações entre agricultura, moradia e assentamento. O terceiro capítulo é dedicado à Polinésia e aos índios do Noroeste da América do Norte, tendo como tema estratificação, prestígio social e o desenvolvimento de técnicas construtivas avançadas, e ornamentações elaboradas. O quarto capítulo objetiva ressaltar, a partir de região específica na África Ocidental, a transição e diferenças entre aldeia e cidade a partir dos meios de controle político e social. O Brasil surge, no primeiro capítulo, por meio da descrição da organização do território, do assentamento e da arquitetura dos indígenas Nambiquara e Ianomami; e, no segundo capítulo, das casas comunais dos Tupinambá, Desana e Tucano. Os grupos Timbira, Bororo, Xavante, Carajá, Chambisa e Javahé também são mencionados e resenhados no Apêndice. A obra é fartamente ilustrada com fotografias, iconografias e desenhos sobre a arquitetura e assentamentos “primitivos”.