978-9929-778-74-0
Carol Cordeiro, Raphael Brandão, Douglas Brandão, Luciane Durante, Ivan Callejas e Emelli da Guarda
CORDEIRO, C. C. M.; BRANDÃO, R. P.; BRANDÃO, D. Q.; DURANTE, L. C.; CALLEJAS, I. J. A.; GUARDA, E. L. A. Taipa de mão em Barra do Bugres, Brasil: aspectos culturais e construtivos em habitação remanescente de quilombo. In: Seminário Iberoamericano de Arquitectura y Construcción con Tierra, 18, 2018, La Antigua Guatemala, Guatemala. Anais... La Antigua Guatemala: USAC-CII / PROTERRA, 2018, p. 488 – 496.
Carol Cardoso Moura Cordeiro graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade do Estado da Bahia e fez especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal do Mato Grosso. É Mestra em Engenharia de Edificações e Ambiental pela UFMT e integrante do Grupo Multidisciplinar de Estudos de Habitação. Atualmente realiza pesquisa voltada para construções vernáculas, meio ambiente e empreendimentos de interesse social.
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/277741753/carol-cardoso-moura-cordeiro
Raphael Pinto Brandão é graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Mato Grosso. Atualmente é pesquisador voluntário (VIC) do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) da UFMT.
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/8532067/raphael-pinto-brandao
Douglas Queiroz Brandão graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Mato Grosso em 1986. Possui mestrado em Engenharia Civil (1997) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003). Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de Mato Grosso, ministrando disciplinas da área de Construção Civil para os cursos de Engenharia Civil (Graduação) e Engenharia de Edificações e Ambiental (Mestrado).
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/393193/douglas-queiroz-brandao
Luciane Cleonice Durante possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Mato Grosso, em 1993, especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (1994), mestrado em Educação pelo Instituto de Educação (2000) e doutorado em Física Ambiental pela UFMT (2012). Atualmente é Professora Adjunta IV do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da UFMT, docente do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (PROFNIT), Coordenadora do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da FAET/UFMT, Vice Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Arquitetura Ambiental (GPTAA) e membro do Grupo de Pesquisa em Dinâmica Ambiental e Tecnologia (GPDAT).
Informações disponíveis: http://lattes.cnpq.br/3288386869580332
Ivan Júlio Apolônio Callejas é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Mato Grosso, em 1995. É mestre em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (1998) e doutor pelo programa de pós-graduação em Física Ambiental na área de conforto ambiental da UFMT (2012). Atualmente é professor Associado I da UFMT, atuando no Departamento de Arquitetura e Urbanismo e no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental (PPGEEA). Atua também como colaborador do curso de Mestrado Profissional em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (PROFNIT).
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/3955988/ivan-julio-apolonio-callejas
Emeli Lalesca Aparecida da Guarda é graduada em Arquitetura e Urbanismo, em 2017, na Universidade de Cuiabá, mestre em Engenharia de Edificações e Ambiental (2019) na Universidade Federal de Mato Grosso e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente, participa de pesquisas do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) da UFMT e da Universidade de Brasília. Além de atuar como pesquisadora de doutorado no Laboratório de Conforto Ambiental (Labcon/UFSC).
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/224538590/emeli-lalesca-aparecida-da-guarda
Não se aplica.
O artigo apresenta um estudo sobre o uso da taipa de mão em uma habitação remanescente de quilombo no município de Barra do Bugres, no Mato Grosso. Com o Movimento Bandeirista, os portugueses levaram as técnicas com terra para as construções no interior do Brasil. Em Barra do Bugres, segundo os autores, o uso da taipa de mão retrata um conhecimento empírico, passado entre as gerações, além de ser uma técnica que possibilita a autoconstrução, a integração entre as pessoas durante a execução e, principalmente, por ser realizada com materiais autóctones têm um baixo custo. Na zona rural do município em estudo localiza-se o Território Quilombola Vão Grande composto por cinco comunidades: Baixio, Camarinha, Morro Redondo, Vaca Morta e Retiro. A habitação em estudo, construída em 1970, encontra-se em Morro Redondo. A partir da observação in loco e entrevista com o morador mais velho da residência foram obtidas algumas análises sobre a edificação em taipa de mão e madeira. Um dos primeiros aspectos observados foi à presença de um altar católico na sala, que, segundo o morador, foi uma tradição apreendida dos antepassados e replicada por todos da comunidade como forma de proteção à família. Em relação à espacialidade, a casa é composta por três blocos separados, sendo que o primeiro abriga a sala e os quartos; o segundo a cozinha e a despensa e o terceiro, o banheiro construído recentemente e localizado mais distante dos outros blocos. A taipa de mão está presente nos dois primeiros que têm a estrutura feita com troncos de árvores nativas, apresentando os pilares enterrados, paredes de vedação formadas por entramados de madeira amarrados com cipó e recobertos com a terra local acrescida de casca de feijão para aumentar a resistência. Além da cobertura em palha, que, conforme a tradição foi retirada ainda verde durante a lua minguante pelo proprietário. O piso é feito da própria terra e está acima do nível do terreno para evitar entrada de água. Já o bloco do banheiro foi construído com tábuas de madeira e telhas de fibrocimento, porém é composto apenas pelo chuveiro. Esse aspecto afeta a sustentabilidade da habitação, pois, apesar de a construção não gerar resíduos e utilizar materiais autóctones, todos os dejetos produzidos pelos moradores são eliminados diretos na natureza, reflexo também da falta de saneamento básico na região. Em relação ao conforto ambiental, foi observado que a sensação térmica interna permaneceu menor que a externa, em função da terra das paredes que retém a umidade, dos grandes beirais que protegem as paredes do sol e da cobertura em palha que permite a passagem do ar e funciona como isolante térmico. Apesar das poucas esquadrias, outras técnicas para ventilação cruzada são utilizadas, como o entramado da parede não ser preenchido com terra até o topo e as aberturas serem em paredes opostas. Na cozinha, algumas paredes são compostas apenas de madeiras verticais, permitindo frestas para liberação da fumaça. Em relação à estética da casa, o morador tem interesse em colocar materiais de acabamento, pois prefere melhorá-la e ampliá-la do que morar em uma casa de alvenaria que afirma ser desconfortável. Os autores reafirmam que a taipa de mão tem um significado cultural nessa região. As construções têm um viés sustentável por conta dos materiais utilizados, mas a falta de saneamento básico é um fator crítico. Além disso, a taipa de mão foi considerada adequada ao clima da região, mas algumas adaptações, como acabamento interno e externo e a adequação aos critérios de habitabilidade poderiam contribuir para a manutenção da tradição local.
Melissa Torres de Amorim
Márcia Sant’Anna