85-232-0178-5
Alberto Freire de Carvalho Olivieri
Faculdade de Arquitetura da UFBA
OLIVIERI, Alberto F. de Carvalho. O desenho da mudança social na arquitetura de invasão. Salvador: EDUFBA, 1994 (pré-textos).
Alberto Freire de Carvalho Olivieri possui graduação em Licenciatura e Urbanismo - Université de Paris VIII (1977), graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (1974), mestrado em DEA - Urbanismo e Planejamento - Université de Toulouse Le Mirail (1976), mestrado em Artes no Diplôme D'Etudes Approfondies em Artes das Imagens - Université de Paris VIII (2003) e doutorado em Urbanismo e Planejamento - Université de Toulouse Le Mirail (1979). Pós-Doutorado na Faculdade de Arquitetura de Toulouse - Laboratório de Computação Gráfica. Pós-Doutorado na Universite de Paris VIII - Arte das Imagens. Realizou dezenas de conferências no Brasil e no exterior, França, Portugal, Bulgária, Espanha, Turquia e faz parte do corpo editorial da editora l'Harmattan, Paris. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo e Desenho Técnico, com ênfase em História da Arte, da Imagem e do Desenho, e em Crítica e História da Arquitetura e do Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: arte contemporânea, corpo, arquitetura, desenho e linguagem.
Informações sobre o autor obtidas em: http://lattes.cnpq.br/9273932201592084
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
VARIÁVEIS DETERMINANTES
VARIÁVEIS CONDICIONANTES
A RENDA E SUA RELAÇÃO NAS CONDIÇÕES DE MUDANÇA
ANOS DE ESTUDO E SUA INFLUÊNCIA NA MUDANÇA
O TEMPO DE RESIDÊNCIA EM SALVADOR
PERSONALIZAÇÃO DA MORADIA
O DESENHO DA CASA E A REPRESENTAÇÃO ESPACIAL
O GRAU DE SASTIFAÇÃO E O ESPAÇO
NECESSIDADES DE REALIZAÇÃO E ASPIRAÇÃO
TRAUMAS EM RELAÇÃO À ARQUITETURA NAS IMAGENS DA CIDADE E DA HABITAÇÃO.
IDENTIFICAÇÃO DE ASPIRAÇÕES ATRAVÉS DA APRESENTAÇÃO ICONOGRÁFICA
BIBLIOGRAFIA
Neste livro, Olivieri apresenta os resultados de um projeto realizado com uma população em situação de invasão localizada no Jardim da Armação, em Salvador, no ano de 1996. Inicialmente, o trabalho explorou os fatores que levam ao processo de mudança social. Através de enquetes e questionamentos foram definidas as variáveis determinantes para essa mudança, além de indicadores de desenvolvimento social, apresentados como variáveis condicionantes. As variáveis determinantes foram definidas como elementos definidores do desenvolvimento social da família, como por exemplo: renda familiar, o tempo de residência em salvador, o controle da natalidade ou o planejamento familiar, a escolaridade e o grau de especialização. As variáveis condicionantes foram obtidas através do somatório de questões referentes à habitação, aos níveis de higiene e alimentação, aos cuidados infantis, à qualidade da vida conjugal, à relação com familiares e com a vizinhança. Através da superposição dessas variáveis condicionantes e determinantes, foi possível identificar que variáveis determinantes seriam mais responsáveis pelo processo de mudança social. Uma vez obtidos esses dados, foi definido um grupo de famílias potencialmente mais aptas à mudança social para ser comparado com outras que apresentaram maiores índices de desenvolvimento, identificando-se, dessa forma, os fatores que levaram a essa mudança. Dentre as dez famílias com maior potencial em relação às variáveis determinantes, apenas quatro obtiveram os melhores níveis com relação às variáveis condicionantes, demonstrando-se que os fatores de mudança social são muito subjetivos, e que se o grupo social não está inserido na cultura e na produção global, não se pode estudá-lo com os métodos usuais. Partindo dessas observações, o autor adentra em uma análise mais detalhada das variáveis determinantes, e conclui que algumas são mais definidoras que outras em relação à situação de mudança. Alguns entrevistados que obtiveram maior pontuação nas variáveis condicionantes não possuíram as melhores rendas e essa situação aparentemente paradoxal denota que o rendimento não é um fator fundamental e isolado dos outros que influem na qualidade de vida da população de baixa renda. A renda familiar tem peso fundamental se atrelada a um emprego estável, a uma profissão definida e ao nível de escolaridade. Este último fator mostrou um grande poder de mudança, pois as cinco famílias melhor classificadas possuíam os melhores níveis de escolaridade, apesar de uma média salarial abaixo daquela do grupo total de entrevistados. Outro indicador de bons resultados foi o tempo de residência em Salvador, o que reflete a importância do grau de integração com a cultura urbana. Em seguida, o autor explora os processos de marginalização e segmentação do território segundo os interesses do capital e as condições habitacionais da invasão. Ele pontua que a falta de propriedade do solo restringe a melhoria da qualidade habitacional, pois, diante da possibilidade de ser removida a qualquer hora, a população faz uso de materiais com pouca durabilidade. A totalidade das habitações analisadas foi construída com a utilização de barrotes de madeira, de folhas de compensado provenientes, em sua maioria, de restos de outras construções e com cobertura em telha de cimento amianto. Também foi observada durante a aplicação dos questionários, a utilização de objetos decorativos, o que denota uma preocupação com o habitat característica de um grupo nível educacional mais elevado e com maior perspectiva de mudança. As pessoas que tinham os melhores padrões habitacionais com relação ao desenho e à representação espacial da casa também detinham bons níveis de escolaridade. Olivieri aborda também o grau de satisfação em relação ao espaço e às necessidades de realização e aspiração no nível da habitação e em relação ao bairro. Em nenhum caso os entrevistados expressaram vontade de morar em outro lugar, apesar de almejarem melhorias com relação à casa, à insalubridade, à segurança e a serviços como luz elétrica. A boa vizinhança, a facilidade do transporte e a proximidade do trabalho foram identificados como os principais motivos para esse sentimento de permanência. No capítulo, “Traumas em relação à arquitetura nas imagens da cidade e da habitação”, buscou-se a relação dos elementos simbólicos transmitidos pelos diversos tipos de arquitetura com relação ao espaço urbano. Para isso, foram apresentadas aos entrevistados algumas fotografias e, em seguida, questões relativas ao espaço da cidade. Com base nisso, eles deveriam contar uma estória a fim de que fossem detectadas as emoções e reações do indivíduo, tornando possível, assim, se determinar o significado da arquitetura para o habitante da invasão. Ao final do livro o autor compila essas estórias.
Estudante bolsista: Amanda Bomfim Pereira
Marcia Sant’Anna