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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

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Movimentos Urbanos no Rio de Janeiro

Autor(es): 

Carlos Nelson Ferreira dos Santos

Onde encontrar: 

Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA

Referência bibliográfica: 

SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. Movimentos Urbanos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Carlos Nelson Ferreira dos Santos (1943-1989) foi arquiteto, antropólogo e urbanista. Carioca, graduou-se pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizou seu mestrado em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ e o doutorado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo. Foi pesquisador visitante do Massachusetts Institut of Technology (MIT), Chefe do Centro de Pesquisas do IBAM e professor do Departamento Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. Muito atuante no campo do urbanismo no Rio de Janeiro, Carlos Nelson foi um dos pioneiros da ação em prol da urbanização de favelas. Escreveu diversos livros sobre este tema, sobre movimentos sociais urbanos, processo de urbanização e metropolização no Brasil. A obra fichada é vista por especialistas como uma das suas mais importantes e corresponde à publicação de sua pesquisa para a dissertação de mestrado que defendeu em 1979 junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu da Nacional da UFRJ, com o título de Três Movimentos Sociais Urbanos no Rio de Janeiro. A edição em foco é a primeira desta obra. 
Sumário obra: 
Introdução 
Brás de Pina 
Morro Azul 
Catumbi 
Conclusões 
Bibliografia 
Resumo : 
O autor dedica-se nesta obra a construir uma teoria sobre movimentos sociais urbanos com base na etnografia de três movimentos dessa natureza ocorridos no Rio de Janeiro, entre os anos 1960 e 1970, em consequência de programas de erradicação de favelas e de renovação urbana. Debate, ainda, e desconstrói, com base nessas experiências, o conceito apresentado por Manuel Castells, no livro Movimientos Sociales Urbanos (Madrid: Siglo Veintiuno Eds, 1974) e o “mito”, então corrente, da existência de “comunidades faveladas”. Aponta o caráter transitório e derivado de momentos de crise que fundamenta a ação coletiva dos favelados e sua integração, em nível individual e coletivo, à lógica capitalista que preside a produção do espaço urbano, inclusive no que toca à apropriação de seus símbolos arquitetônicos e urbanísticos de status, por ocasião da implementação de planos de reurbanização. Assim, o tema da arquitetura e do assentamento popular não são os focos principais dessa obra, embora informações interessantes a esse respeito surjam no bojo dos trabalhos de campo desenvolvimentos nas três localidades examinadas: a favela de Brás de Pina, próxima à Av. Brasil; a favela do Morro Azul, no Flamengo, e o bairro do Catumbi, próximo ao centro da cidade. Essas informações encontram-se principalmente nos capítulos relativos a Brás de Pina e Morro Azul e tratam da história dessas ocupações, sua formação inicial e desenvolvimento dos espaços dos “barracos” – que ainda predominavam nas favelas cariocas – e do surgimento de uma arquitetura popular em alvenaria no âmbito dos planos de urbanização implementados ou idealizados. Sobre Brás de Pina, o autor assinala o esforço dos moradores na construção do terreno do assentamento, a partir do aterramento progressivo de uma área pantanosa. Assinala que as melhores casas e os espaços com melhor infraestrutura localizavam-se nas áreas ocupadas a mais tempo, mas sem relação direta com a renda dos moradores. Composto basicamente de barracos de madeira, muitos dos quais sobre palafitas, o assentamento possuía algumas ruas retilíneas e largas como prolongamentos de outras do bairro vizinho, sendo as demais, becos tortuosos que, na maioria, constituíam vias sem saída. A experiência de Brás de Pina adquiriu notoriedade por ter sido a primeira a advogar e realizar um plano de reurbanização, em reação à então vigente política de remoção. Foi conduzida, apesar dos problemas e contradições surgidos, de modo a promover a participação dos moradores, admitindo-se “padrões não convencionais para os materiais e espaços de moradia”, o que permitiu que os habitantes desenhassem ou escolhessem o desenho de suas casas nos novos lotes delimitados. Contudo, não eram obrigados a construí-las por ocasião da transferência para os novos lotes,  mas apenas um banheiro ligado à rede de esgoto, podendo-se remontar os barracos no fundo, deixando-se a frente do lote livre para a nova construção. O autor aponta como traços principais das casas desenhadas ou escolhidas pelos moradores, a divisão em sala, cozinha, banheiro, área de serviço e dois quartos e a proposição de pequenas varandas e corredores – elementos, em geral, inexistentes nos barracos. Conclui que havia nas casas desenhadas pelos moradores uma tendência de “imitar” apartamentos cujas plantas são anunciadas nos jornais, incorporando-se também seus signos de status. O autor assinala ainda o surgimento, na implementação do plano de urbanização, de ações especulativas como a venda de “direitos” de permanência por parte de moradores que não tinham condições de construir, além da construção de espaços para aluguel. Com isso, ressalta a lógica capitalista de produção do espaço que também ocorre nesses casos, advogando que, ao invés de serem contidos ou ignorados, se busque aprender com eles. O assentamento de Morro Azul, por sua vez, é descrito como um “típico aglomerado irregular de moradia em encosta”, formado majoritariamente por barracos de madeira construídos em torno de becos íngremes. Embora numa escala muito menor do que em Brás de Pina, no Morro Azul a maioria dos moradores optou por construir suas casas segundo seus próprios desenhos, mas aí também não houve muita divergência entre estes e os resultantes de apoio técnico especializado. Devido à declividade do terreno, houve o aproveitamento do desnível para um porão ou cômodo de aluguel, mas o modelo de casa com sala, dois quartos, corredor, banheiro e cozinha foi o predominante. O autor classifica essas plantas como “racionalistas” e relacionadas às formas correntes de morar na cidade, o que também poderia ser dito sobre as casas de Brás de Pina. Estabelece uma comparação entre essas casas e os barracos existentes em Morro Azul, os quais tinham dimensões entre 4 e 35 m2 e divisões internas muito variadas, sendo o cômodo mais constante a cozinha. Nos casos em que existiam, os quartos eram mínimos e o corredor foi detectado em apenas um barraco. Os interiores desses barracos são descritos como atravancados, com móveis utilizados como divisórias, e circulação interna feita por cima deles ou a partir do recolhimento de camas e colchões durante o dia. Para o autor, a presença de sala e corredor constituiria um traço distintivo entre barraco e casa de alvenaria. No relato dessas experiências de urbanização, o autor questiona a prática do mutirão, observando que, sempre que possível, os moradores contrataram os serviços de construção, dedicando-se pessoalmente a ela apenas no fim de semana. O livro é ilustrado com desenhos e fotografias dos assentamentos comentados. 
Data do Preeenchimento: 
quinta-feira, 15 Maio, 2014 - 12:15
Pesquisador Responsável: 

Marcia Sant’Anna

Data da revisão: 
quarta-feira, 2 Julho, 2014 - 12:15
Responsável pela Revisão: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Observação: 
Referências bibliográficas citadas e de interesse para o estudo da arquitetura e do assentamento popular:
 
MEDINA, Carlos Alberto. “A favela como uma estrutura atomística: elementos descritivos e construtivos”. In: América Latina, 12, n° 3, Rio de Janeiro, 1969.
SALMEN, Lawrence. “Housing alternatives for the carioca working class: a comparison between favelas and casas de cômodos”. In: América Latina. Rio de Janeiro, 1970.
SANTOSA, Carlos Nelson F. dos. “Some considerations about possibilities of squatter settlement development plans”. Cambridge, Massachusetts: MIT, documento xerox.
TURNER, John. «Habitação de baixa renda no Brasil: políticas atuais e oportunidades futuras”. In: Revista de Arquitetura. Rio de Janeiro, 1968.