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Dinah Guimaraens e Lauro Cavalcanti
Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA.
GUIMARAENS, Dinah; CAVALCANTI, Lauro. Morar: a casa brasileira. Rio de Janeiro: Avenir, 1984.
Dinah Guimaraens nasceu em Belo Horizonte, em 1953. É professora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU e Coordenadora CAPES-Cofecub n. 752/12 A Estética Transcultural na Universidade Latino-Americana; Professora Adjunta III e Chefe do Departamento de Arquitetura - TAR (junho de 2013 a junho de 2015) da Escola de Arquitetura e Urbanismo - EAU da Universidade Federal Fluminense - UFF. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula - USU (1978), com extensão universitária em Semiótica Visual pelo professor Umberto Eco (1979). Publicou, juntamente com Lauro Cavalcanti, livros sobre arquitetura vernacular como Arquitetura Kitsch Suburbana e Rural (1979, 2006) e Arquitetura de Motéis Cariocas: Espaço e Organização Social (1980, 2007). Outro livro de destaque é Museu de Artes e Origens: Mapa das Culturas Vivas Guaranis (2003). Possui mestrado em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS- Museu Nacional - UFRJ (1992), mestrado em História Antiga e Medieval pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais - IFCS - UFRJ (1992), doutorado em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS - Museu Nacional - UFRJ (1998), e pós-doutorado em Antropologia pela University of New Mexico (1999). Técnica em museus desde 1983 e membro do ICOM (Conselho Internacional de Museus) da UNESCO. Arquiteta e antropóloga do Instituto Nacional do Folclore - INF - Museu Edison Carneiro; Instituto Nacional de Fotografia - INFOTO e Projeto Convergência Cultural da então FUNARTE. Chefe do Centro de Documentação - CEDOC e da Biblioteca de Artes da FUNARTE e Vice-Diretora do Museu Nacional de Belas Artes - IPHAN- MINC.
Lauro Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro, em 1954. É arquiteto, antropólogo e escritor. Escreveu vários livros sobre arquitetura, estética e sociedade e organizou diversas coletâneas sobre o assunto. É conselheiro da Casa Lucio Costa e da Fundação Oscar Niemeyer. Membro do conselho editorial do Iphan, é também diretor do Paço Imperial e professor da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi/Uerj). Possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1979), mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1987) e doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1993). Atualmente é técnico em preservação cultural iv do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Teoria da Arquitetura, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura moderna, arquitetura, brasil, artes plásticas e arte.
A obra é composta por um conjunto de textos dos dois autores e esta é a sua primeira edição. Informações extraídas da própria obra e da Plataforma Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2261328991405752
http://lattes.cnpq.br/8455994720243644
Moradia e camadas médias: íntimo, social e serviço (Lauro Cavalcanti)
O construir na favela de Santa Marta (Dinah Guimaraens / Lauro Cavalcanti)
Signos do sagrado: arquitetura e religiões (Dinah Guimaraens / Lauro Cavalcanti)
Quem casa, quer casa: pau-a-pique em Vargem Grande (Dinah Guimaraens / Lauro Cavalcanti)
Moradia e identidade étnica (Dinah Guimaraens / Lauro Cavalcanti)
Terra do abandono: espaço e loucura (Dinah Guimaraens)
Compõem o livro seis textos produzidos entre 1981 e 1984, em que os autores usam como fio condutor o exame da relação do morador com o espaço residencial. O primeiro texto, intitulado “Moradia e camadas médias: íntimo, social e serviço”, objetiva analisar, sob a perspectiva antropológica, a organização espacial interna desses ambientes, apresentando como referência para o estudo as moradias cariocas de classe média, localizadas na zona sul e norte. Para tanto, o autor reflete sobre o atual modelo de residência que, desde o Modernismo, vem se mostrando marcado por uma valorização da privatização dos espaços. Após essa reflexão, dada no âmbito mundial do circuito formal de produção, se discute o caso brasileiro, que apresenta peculiaridade no setor de serviço, no qual se soma à imagem de ambiente evitado a de espaço denegrido. Aborda-se, individualmente, o setor social, íntimo e o de serviço, e, apesar de não fazer parte da organização espacial interna, também são feitas considerações a respeito da portaria dos edifícios, uma vez que, em nosso contexto, ela se apresenta como um demarcador social. O segundo texto, “O construir na favela de Santa Marta”, se destina a entender o que constitui essa realização. São abordadas informações gerais acerca do bairro, como o abastecimento de água, a capitação de esgoto, o fornecimento de energia, sendo os grandes focos de análise: as relações existentes na favela entre materialidade e tempo; materialidade e posse da terra; materialidade e linguagem arquitetônica; a contínua ocupação e o aproveitamento das potencialidades dos espaços ao longo das fases da obra; quem são os construtores e quais os seus papéis; as etapas construtivas e o grau de solicitação da comunidade sobre esses especialistas, assim como os significados sociais determinados por essa solicitação. Além disso, abordam o sistema de construção em mutirão e como a configuração da casa pode estar vinculada às batidas policiais, que são recorrentes no bairro. O terceiro texto, “Signos do sagrado: arquitetura e religião”, objetiva analisar como a religiosidade se expressa e influi na organização do espaço residencial. Segundo os autores, essas manifestações diferem conforme a crença professada, abordando no texto aquelas vinculadas à religião católica, à umbanda e à religião evangélica. Esse estudo lança mão de exemplos de construção popular, colhidos do livro “Arquitetura Kitsch Suburbana e Rural”, e do trabalho de pesquisa arquitetônica realizado na favela de Santa Marta, na zona sul carioca. Busca-se entender o modo como essas religiões separam o espaço ritualístico da moradia, assim como identificar essas manifestações religiosas nas habitações, e se a maneira como elas se evidenciam apresenta alguma relação com seu grau de aceitação social. O quarto texto, “Quem casa, quer casa: Pau-a-pique em Vargem Grande”, busca fazer um registro da técnica de construir em pau-a-pique nessa localidade, uma vez que há uma ameaça concreta de extinção por causa da expansão imobiliária em áreas vizinhas. Na região de Vargem Grande, a residência não é encarada como um bem a ser herdado, mas sim o pau-a-pique, o qual é transmitido de geração para geração, estando sua aplicação diretamente ligada aos ciclos da vida. Quanto à sua execução, são abordadas os seguintes elementos: fachada; cômodos; distribuição interna; materiais; localização e seleção do terreno; mutirão; e etapas construtivas. O quinto texto, “Moradia e identidade étnica”, procura analisar as possíveis relações entre grupos étnicos e as representações sobre a aparência de suas moradias. Para isso, toma-se como base um breve estudo de caso realizado numa pequena praia situada próxima à cidade de Angra dos Reis, onde estão localizadas em torno de sete casas, bem próximas umas das outras, como também algumas moradias de imigrantes analisadas no livro “Arquitetura Kitsch Suburbana e Rural”. Os autores concluem que cada etnia elabora sua noção de casa em contraposição à suposta aparência da casa de outros grupos étnicos, apresentando um “consenso no dissenso”. O sexto e último texto, “Terra do abandono: o espaço da loucura na Colônia Juliano Moreira”, se destina a analisar esse complexo hospitalar, que se localiza na cidade do Rio de Janeiro. O texto introduz dados acerca da ocupação tanto predial quanto humana do espaço, explica o modelo de funcionamento proposto para o hospital-colônia, sua finalidade, em que foi inspirado, e os pré-requisitos que deveriam ser atendidos no projeto. Além de abordar os aspectos relacionados à sua abertura e funcionamento (e, posteriormente, à desativação), a autora trata da apropriação do espaço pelos pacientes, enxergando-a como uma tentativa de resgate da memória individual, uma vez que esse sistema social anula suas identidades, assemelhando-se, segundo ela, aos campos de concentração. Essa apropriação é feita através de intervenções no ambiente da Colônia e nos chamados “corpos-casa”, caracterizados pelo armazenamento de objetos no próprio corpo, no interior das roupas e trouxas dos pacientes. Outro aspecto relevante do texto refere-se ao conceito de sujeira, que vem agregado à ideia de poluição social representada pela loucura, e que se encontra presente no hospital psiquiátrico através da nítida preocupação com a higiene corporal e com a limpeza dos domicílios. Os seis textos são, de modo geral, bem curtos e todos eles acompanhados de imagens.
Estudante bolsista: Camila Contreras Novaes
Marcia Sant’Anna