Não consta.
Fernando García Mercadal
MERCADAL, Fernando García. La casa popular en españa. Madrid: Epasa-calpe, 1930. 90p.
Fernando García Mercadal (Zaragoza, 1896-1985) foi um arquiteto e urbanista espanhol. Em 1926, recebeu aulas de urbanismo de Hermann Jansen e, em 1929, trabalhou com Secundino Zuazo. Na década de 1930, durante a Segunda República Espanhola, formou o Grupo de Artistas y Técnicos Españoles Para la Arquitectura Contemporánea (GATEPAC), junto com Josep Lluís Sert, Josep Torres Clavé e Antoni Bonet Castellana.
Informações obtidas em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Garc%C3%ADa_Mercadal
As cabanas da Espanha
As covas habitadas
As habitações da Espanha chuvosa
O celeiro
A casa de montanha
A casa Basca
A casa Navarra
A casa Altoaragonesa
A moradia popular nos Monegros
A casa Aranesa
A quinta Catalã
A casa mediterrânea
A casa de adobe de Valência
A quinta Levantina
A casa popular Andaluz
A quinta Andaluz
A casa popular Extremenha
A casa Castelhana
Os moinhos da Mancha
A casa Pinariega de Soria
Outras construções rurais
A obra advoga que a casa reflete a maneira de ser das pessoas, as suas relações interpessoais, sendo ainda reflexo do meio no qual se insere. O clima, os materiais disponíveis e, principalmente, a estrutura social impactam e influenciam a disposição da planta e da sua estrutura íntima. Assim sendo, as edificações espanholas apresentam, em cada região do país, uma fisionomia muito particular, fruto da experiência de muitos séculos e do vínculo com o seu povo e com o lugar. Essas edificações tradicionais formam a chamada “arquitetura rural espanhola”, composta pela habitação familiar e pelas demais construções de uso campestre, como bodegas, celeiros, armazéns e moinhos. O livro avalia que os estudos sobre arquitetura popular na Espanha ainda encontram dificuldades diante de uma geografia complexa e da presença de diferentes povos em seu território. A obra está organizada em uma série de capítulos sucintos que tratam das diversas e diferentes habitações populares do país. A arquitetura basca, por exemplo, é definida como uma arquitetura racionalista e de uma beleza singular expressa por sua estrutura. A casa de campo, com as suas terras de cultivo e instalações, constitui a mais genuína representação da arquitetura rural da região basca. Sua planta, decorrente do clima e das necessidades agrícolas, é aglomerada, sem pátio, destinando-se ao pavimento térreo o quarto de ferramentas e a cozinha patriarcal, centro da vida familiar. Já o pavimento superior da casa basca é composto pelos dormitórios e pela sala, cabendo ao último andar abrigar o loft. A habitação dos bascos é de alvenaria de pedra e entramados de madeira, com cobertura de pouca inclinação e, se vista de longe, parece um tanto achatada. Segundo o autor, não foi qualquer pretensão estética ou preocupação escolástica e, muito menos, algum estilo o que inspirou o aldeão basco em suas construções. Teriam buscado inspiração no próprio bem-estar humano, no uso adequado dos materiais do solo e dos sistemas construtivos deles derivados. A construção popular da região de Navarra é também apresentada como notável neste estudo. Navarra apresenta uma grande variedade de climas, o que afeta as suas construções populares, mas é a tradição o princípio fundamental da construção no seio desse povo agricultor. A casa serve, exclusivamente, como moradia e expõe os seus elementos construtivos, destacando a sua materialidade. As residências navarras não apresentam luxo e poucos ou raros são os elementos de decoração. O predomínio de linhas retilíneas é visível e os materiais construtivos de preferência são a madeira, a pedra e a terra. A madeira é utilizada na estrutura de cobertura, já a pedra e a terra são usadas na alvenaria e na vedação da cobertura. A região de Navarra é dividida em duas áreas distintas, a montanhosa e as regiões próximas a rios e mares, chamada Ribeira. Nas montanhas, de clima úmido, predomina a atividade pastoril e, na Ribeira, de clima seco, a agricultura. As casas nas montanhas são isoladas, possuem uma forma cúbica, muros de alvenaria exposta e esquinas e guarnições de portas (geralmente em arco) e janelas em silhar. As lareiras são grandes, devido ao clima, e a cobertura pode ter uma ou quatro vertentes, prevalecendo o uso da telha curva de argila cozida. A maior parte das casas navarras possui três andares (com o térreo), apresentam varandas e possuem poucas janelas pequenas. Amante da solidez, o navarro preferiu sempre a pedra a qualquer outro material de construção, contudo, nas regiões próximas a rios e mares a pedra não abunda e o emprego do tijolo, do adobe e da taipa é mais frequente. Todas as casas navarras têm uma ou várias chaminés, cônicas ou cilíndricas, de planta quadrada ou retangular, e, a depender do lugar, é assentada no centro da cozinha ou arrimada a uma parede (mais comum). Quando pintam as casas, os navarros preferem usar a cor branca e, para isso, utilizam a cal, com exceção das aberturas que são pintadas de verde. Outro exemplo a ser destacado é a quinta catalã. A quinta catalã é uma humilde habitação nas montanhas destinada, essencialmente, à lavoura. O tipo tradicional dessa residência remonta à casa romana caracterizada pela massa paralelepípeda, com um telhado de duas águas que forma dois amplos frontões nas fachadas. A fachada principal da quinta catalã é composta por uma porta no meio e três janelas, colocadas em simetria clássica. Uma quinta mais simples tem planta retangular e está dividida por três corredores. No corredor central fica o vestíbulo, que serve para fins agrícolas, tendo ao fundo a escada, já no corredor do lado esquerdo, têm-se os celeiros e bodegas, e é no último corredor do lado direito que se instala a cozinha, a sala de jantar e o forno. A construção catalã é de pedra, edificada em alvenaria ou silhar. A dependência principal da casa é a cozinha, com uma grande variedade de utensílios em cobre e em ferro e poucos móveis. Mais um exemplo citado é a casa castelhana. A residência dos aldeões castelhanos também é bastante humilde e de pequenas dimensões. Os principais materiais usados por esse povo são o adobe e o tijolo e, por isso, as casas, que se estreitam em ruas sinuosas, podem ser de longe confundidas com a própria terra que as rodeia. O castelhano teme a solidão e, portanto, constrói as suas casas sempre agrupadas. As casas desse povo são abertas e limitadas por pequenos espaços na rua. O homem castelhano não é exigente e nem ostentador, valoriza somente os seus bens móveis, aquilo que pode carregar consigo, e, por isso, dificilmente se encontrará em sua casa algo além daquilo que lhe é, realmente, necessário.
Lais Souto Novaes
Daniel J. Mellado Paz