VAZ, Lilian Fessler. Contribuição ao Estudo da Produção e Transformação do Espaço da Habitação Popular - As Habitações Coletivas no Rio Antigo. Dissertação de Mestrado em Ciências (Planejamento e Urbanismo Regional) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1985.
Eixos de análise abordados:
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Dados sobre o autor(es) e obra:
Lílian Fessler Vaz possui graduação no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ (1967), mestrado em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ (1985), doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela USP (1994) e pós-doutorado na Fondation Maison des sciences de l’ homme (MSH), de Paris (2002). Atualmente é professora colaboradora voluntária do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo PROURB/FAU/UFRJ, consultora do CNPq, da CAPES e de outras instituições. Foi coordenadora do PROURB (gestão 2008-2009 e 1998-2000), membro da diretoria da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional - ANPUR (gestão 2011-2013 e 1998-1999), da comissão editorial da Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais da ANPUR, coordenadora de convênios CAPES/DAAD e ProCultura CAPES/MinC e membro de convênios internacionais CAPES/COFECUB e CAPES/DAAD. Tem experiência na área de Planejamento Urbano, Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Cultura Urbana, Habitação e História da Cidade e do Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: urbanismo, história urbana, cultura urbana, habitação e Rio de Janeiro.
A autora investiga o espaço da habitação popular na cidade do Rio de Janeiro, no século XIX, num período de transição econômica e social marcado pela intensificação da divisão social do trabalho, o que gerou transformações profundas no espaço arquitetônico e urbano. A pesquisa tem como objeto a habitação popular coletiva, ou cortiço, que é analisado quanto à sua arquitetura, significados, conteúdos, evolução e determinações incidentes. O cortiço é abordado como tema da história do Rio de Janeiro, assinalando-se o desprezo com que foi tratado pela história da arquitetura. Uma das intenções deste estudo é resgatar as características desta habitação popular, para além das que foram apontadas pelos médicos e sanitaristas. Para tanto, foram investigados aspectos comumente não abordados da moradia popular e sua estreita ligação com as transformações urbanas. A dissertação descreve o contexto histórico do Rio, o funcionamento da cidade, como espaços foram surgindo e como as habitações foram se modificando e propiciando transformações no sentido do habitar, em termos formais, funcionais, técnicos e estéticos. Antes de analisar o cortiço, a autora aborda as várias tipologias existentes de habitação popular: térreas e sobrados, habitações coletivas, estalagens, casas de cômodos e a “avenida” de casas enfileiradas. Descreve o uso, a permanência, a disposição dos espaços e as mudanças que foram ocorrendo nessas habitações populares tradicionais e mostra em desenhos como era o seu uso. O surgimento das habitações coletivas é descrito e aponta-se que a tipologia assume vários nomes, correspondendo a diferentes formas arquitetônicas, sendo o mais comum o cortiço, que também é visto como símbolo do século XIX. Textos da época que conceituam o cortiço são mencionados e são feitas comparações entre o cortiço e a senzala, pontuando-se suas diferenças. São ainda ressaltadas as semelhanças e diferenças entre estalagem e cortiço e detalhado o surgimento de outras denominações e modalidades ou variações de habitações coletivas, como a casa de cômodos e a “avenida”. Segundo a autora, para se estudar as habitações coletivas que existiam no Rio de Janeiro, é preciso considerar o próprio nome dado à habitação, que indica, por um lado, o grupamento de moradores e, por outro, o uso coletivo de uma série de equipamentos. O cortiço, a estalagem, a casa de cômodos e as“avenidas” podem também ser vistos como resistências às transformações em curso, especialmente à especialização funcional da área central de negócios do Rio de Janeiro e à segregação social no espaço.
COSTA, Ana de Lourdes Ribeiro da. Ekabó!:trabalho escravo, condições de moradia e reordenamento urbano em Salvador no século XIX. Dissertação de Mestrado. Mestrado em Arquitetura e Urbanismo - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1989.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Ana de Lourdes Ribeiro da Costa (1961-2009) graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (1983), fez mestrado em Arquitetura e Urbanismo (1989) e especialização em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos - CECRE (1984) pela Universidade Federal da Bahia e doutorado em Teoría e Historia de la Arquitectura pela Universitat Politècnica de Catalunya-Barcelona-Espanha (2003). Foi professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da mesma universidade. Sua experiência na área de Arquitetura e Urbanismo enfatizou a História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo principalmente nos seguintes temas: cidade colonial brasileira; escravos urbanos; história urbana.
Informações obtidas em: Plataforma Lattes e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na UFBA.
Sumário obra:
Introdução
1. O ESCRAVO NA ECONOMIA E SOCIEDADE DA CIDADE DO SALVADOR NO SÉCULO XIX
2. O MUNDO DO TRABALHO ESCRAVO
3. PRESENÇA ESCRAVA NAS FREGUESIAS
4. CONDIÇÕES DE MORADIA DO TRABALHADOR ESCRAVO
Conclusões
Fontes e bibliografia
Resumo :
O objetivo da dissertação é estudar as condições de moradia dos trabalhadores escravos em Salvador no século XIX a partir de suas relações de trabalho Pretende ainda compreender como a forma de habitar influi na organização espacial da cidade. O estudo prioriza, principalmente, o intervalo entre 1835 e 1872 devido à intensa atividade escrava urbana existente no período e à realização do censo de 1855 e do primeiro censo oficial abrangendo todo o país em 1872. A obra é dividida em quatro capítulos. O primeiro busca a compreensão do contexto socioeconômico no qual escravo está inserido e como influencia a vida deste. O segundo descreve a organização geral do trabalho escravo no meio urbano. O terceiro analisa dez freguesias urbanas, enfatizando sua ocupação negra e a predominância de escravos e libertos, buscando o entendimento de como as relações de trabalho influíram na configuração do espaço urbano. O quarto capítulo é a parte que mais interessa ao estudo da arquitetura popular, uma vez que apresenta as formas e condições de moradia dos escravos no meio urbano, relacionadas ao senhor ou não, descrevendo, por meio de relatos de viajantes, de plantas simplificadas e de informações dos censos realizados, as tipologias e, principalmente, os sobrados mais centrais nos quais os escravos geralmente residiam com seus senhores. A autora demonstra por que razões a maneira de habitar no meio urbano diferenciava-se da senzala rural, enfatizando o dinamismo gerado por nova realidade socioeconômica. Dentro da cidade, nas áreas mais periféricas, havia roças de subsistência, criação de animais e atividade de pesca, de onde muitos negros libertos tiravam o sustento, permitindo que alternassem suas atividades rurais com comerciais ligadas ao “ganho”. Relaciona-se também a forma de habitar dos escravos com as necessidades que a vida urbana impunha aos senhores, o que teria permitido que muitos escravos habitassem fora das suas propriedades, seja por serem “alugados” por terceiros, sejam por morarem por conta própria. A autora finaliza este capítulo abordando as condições de salubridade das habitações urbanas e dos arredores.