Biblioteca da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia – UFBA
Referência bibliográfica:
ARAÚJO, Geraldo Bezerra. Recomendações para Melhoria Tecnológica da Vedação Vertical em Técnica Mista em Habitação de Interesse Social: Um Estudo de Caso no Bairro de Alegre em São Sebastião do Passé. Dissertação de Mestrado – Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana, Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2007.
Eixos de análise abordados:
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra:
Geraldo Bezerra Araújo possui Graduação em Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal da Bahia (1974), e Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana pela Universidade Federal da Bahia (2007), atuando principalmente nos seguintes temas: técnica mista, bambu, taipa e habitação popular. Possui especialização em Geoprocessamento pela Universidade Federal da Bahia (1997).
A dissertação busca resgatar as construções em terra crua, em especial as que utilizam técnica mista de madeira e argamassa de barro, como o pau a pique – também denominado de taipa de mão ou taipa de sopapo –, desenvolvendo pesquisa sobre o uso dessa técnica em países como Japão, Equador, Paraguai, Portugal e Brasil, mostrando exemplos de construções centenárias e demonstrando o desempenho, a segurança, a durabilidade e o potencial de criação de ambientes saudáveis que a técnica proporciona. São também estudados e analisados os principais elementos que compõem a vedação vertical nesta técnica – como a estrutura, o entramado e o solo –, bem como apresentadas as recomendações de diversos pesquisadores sobre a melhor forma de executar e proteger as construções que a utilizam. O caso estudado é bairro de Alegre, em São Sebastião do Passé, Bahia, onde foram pesquisadas 24 habitações. Os dados levantados na pesquisa propiciaram a análise e o diagnóstico que embasam as recomendações para a melhoria tecnológica desse tipo de vedação vertical com vistas ao seu uso em habitações de interesse social. Foram avaliados ainda, os principais materiais usados, o tempo de construção das habitações e as patologias surgidas nestas construções. O autor descreve ainda como as construções de Alegre foram executadas, sendo em seguida discutidos e avaliados os elementos contidos nessa investigação. O autor não aborda a técnica mista como uma técnica do passado. Aborda-a como técnica construtiva em vigência e utilizada pelos próprios moradores para construir suas casas. Pontua também os erros mais recorrentes cometidos nessas construções e a ausência de procedimentos importantes que prejudicam a vida útil desse tipo de habitação. Por fim, faz recomendações para o aperfeiçoamento desta técnica tradicional como a plicação de pintura a base de cal e o uso da telha cerâmica fabricada artesanalmente.
Vasconcellos, Sylvio de. Arquitetura no Brasil - Sistemas construtivos. Revisão e notas: Suzy de Mello. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1979.
Eixos de análise abordados:
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Sylvio de Vasconcellos (1916-1979) era arquiteto e autor de inúmeros estudos, artigos e obras bibliográficas sobre o Barroco Mineiro e a formação dos primeiros povoados em Minas Gerais. Foi Professor Titular da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais e Chefe da Coordenadoria Regional do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no mesmo estado.
Sumário obra:
Cap 1 – Estrutura
Cap 2 – Vedações
Cap 3 – Pisos
Cap 4 – Forros
Cap 5 – Vãos
Cap 6 – Coberturas
Cap 7 – Escadas
Cap 8 – Armários
Cap 9 – Pinturas
Referências Bibliográficas
Resumo :
O livro trata dos sistemas construtivos tradicionais com ênfase nas edificações históricas de Minas Gerais, sem, no entanto desprezar as outras regiões do país. Com ilustrações e fotografias, descreve as técnicas construtivas de cada etapa da construção, em linguagem bastante acessível, identificando e denominando todos os seus elementos constitutivos. O capitulo 1 trata das estruturas das construções desde os alicerces e fundações até as paredes, informando que estas podem ser simples vedações ou também ter função estrutural. O autor explica e detalha os processos de execução de paredes estruturais, feitas em diversas técnicas tradicionais de construção, tais como: taipa de pilão (com alicerce também em taipa de pilão) e alvenarias de pedra, de adobes e de tijolos, além de também descrever a construção de estruturas autônomas, principalmente as estruturas de madeira, detalhando modos de encaixe, dimensões, tratamento e nomenclatura das peças de acordo com a função. No capítulo 2, o autor trata das vedações, sendo que estas algumas vezes desempenham também, ainda que parcialmente, função estrutural. Explica a execução de diferentes tipos de vedações - pau a pique, tijolos, estuque e tabiques - e de estruturas mistas. Identifica, denomina e caracteriza as diferentes partes que constituem os sistemas de vedação, destacando também os elementos decorativos que os compõem, como, por exemplo, as platibandas e frontões, entre outros. Com relação aos pisos (capítulo 3), o autor descreve exemplos utilizados em diversas épocas e conjunturas, como os feitos em terra batida, em lajotas (de barro, cerâmicas e hidráulicas), em tabuado (com os diferentes tipos de encaixe), além daqueles executados com lajeados, seixos rolados, mármore, parquet e tacos, explicando os usos, a execução, os diferentes tipos de material e as dimensões das peças de cada um deles. O capitulo 4, trata dos diferentes tipos de forro, com bastante ênfase nos de madeira. O autor detalha e classifica os forros de acordo com as formas, os encaixes e uniões das peças de madeira. Trata ainda dos forros executados com outros materiais como tijoleira e gesso. No capítulo 5, referente aos vãos, estuda as diversas aberturas como: portas, janelas, seteiras e óculos, definindo e denominando as partes que os compõem, assim como as esquadrias e outros elementos utilizados para as suas vedações, detalhando os tipos de encaixe, as tipologias e as ferragens utilizadas. No estudo das coberturas (capitulo 6), o autor analisa diferentes tipos de tesouras e as sambladuras que podem ser feitas para a união das peças de madeira, os esforços a que cada peça está submetida, o entelhamento e as soluções usadas como acabamento das telhas e beirais. As escadas (capitulo 7) são estudadas a partir dos diferentes tipos encontrados na arquitetura, analisando-se os materiais usados na construção, a forma como se desenvolvem, o número de lances e o direcionamento que as caracterizam. Assim como ocorre nos outros capítulos, o autor identifica, nomeia e exemplifica as peças e elementos componentes das escadas. Por fim, o livro traz ainda dois pequenos capítulos: um sobre armários fixos (capitulo 8), muito utilizados na arquitetura colonial para guarda de mantimentos e louças, normalmente feitos nos rebaixos das paredes ou nos desvãos das escadas; e outro (capitulo 9) dedicado às pinturas das edificações e dos seus elementos constitutivos, especialmente a pintura dos forros, onde descreve, além das técnicas empregadas, os materiais (orgânicos e minerais) usados como base para as tintas. O livro é bastante ilustrado com fotografias e desenhos, o que facilita a compreensão dos temas tratados.
FARIA, Juliana Prestes Ribeiro de e REZENDE, Marco Antônio Penido de. “Um olhar retrospectivo: o discurso dos viajantes sobre a arquitetura de terra em Minas Gerais”. In: Terra Brasil: Congresso de Arquitetura e Construção com Terra Crua, n. 3, 2010. Campo Grande, Campo Grande, 2010, 19 p.
Eixos de análise abordados:
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Juliana Prestes Ribeiro de Faria possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina (2005) e mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011), realizado sob orientação de Marco Antônio Penido Rezende. É Analista de Gestão, Proteção e Restauro junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG). Em 2007, recebeu o prêmio de Jovem Empreendedora do Banco do Brasil.
Informação obtida na obra em exame.
Marco Antônio Penido de Rezende possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1987), é Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1998) e Doutor em Construção Civil (Politécnica/USP, 2003). Realizou Pós-Doutorado no Programa Preservação Histórica da Universidade de Oregon, EUA (2010). Tem realizado pesquisas, atividades de ensino, extensão e publicações nas áreas de: técnicas retrospectivas, história das técnicas construtivas, técnicas construtivas antigas e vernaculares, arquitetura de terra, sustentabilidade, conservação e patologia das construções, restauração e revitalização arquitetônica e urbana, inovação tecnológica na produção de arquitetura, interfaces tecnologia x arquitetura, história das técnicas. É Professor Associado Escola de Arquitetura da UFMG e um dos criadores do Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e do Curso de Especialização em Sistemas Tecnológicos e Sustentablidade aplicados ao Ambiente Construído desta universidade.
O artigo em exame foi apresentado em Terra Brasil: III Congresso de Arquitetura e Construção com Terra Crua, realizado em 2010, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, mas não há informação se foi publicado em anais.
A partir de relatos de seis viajantes estrangeiros que percorreram o estado de Minas Gerais durante o século XIX, os autores analisam as diferentes percepções que cada viajante teve diante da arquitetura mineira e das técnicas construtivas que utilizam terra crua como o pau a pique e o adobe. Os autores consideram esses relatos indispensáveis para a reconstrução da história dessa técnica. Naquele período, a Europa tinha um ponto de vista etnocêntrico com relação às demais culturas, tanto nas questões atinentes ao meio físico como nas econômicas, religiosas e sociais. Esse olhar pôde ser compreendido através dos viajantes pesquisados, cujos depoimentos são carregados de comparações com o universo europeu. Os relatos revelam que os estrangeiros possuíam valores distorcidos a respeito da volumetria, da forma e, principalmente, da estética e da técnica construtiva das edificações mineiras. As construções em terra crua aparente, por exemplo, eram desvalorizadas. Da mesma forma, os elementos utilizados para proteção das edificações nos períodos chuvosos, também eram descritos de maneira preconceituosa, avaliando-se negativamente sua resistência diante das condições climáticas. Nessa fase, a Europa já fazia uso do tijolo cozido e do ferro, que eram materiais novos e considerados superiores aos naturais. Por fim, os autores observam que os relatos permitiram ter uma visão dos conceitos negativos que os estrangeiros tinham em relação à arquitetura de terra em Minas Gerais, baseados não na qualidade dos materiais e na execução da técnica, mas na visão que o europeu tinha de progresso naquele momento.
FARIA, Juliana Prestes Ribeiro de. Influência africana na arquitetura de terra de Minas Gerais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG. Belo Horizonte, 2011.
ISBN ou ISSN:
052156422 0
Autor(es):
Leonardo Bittencourt
Onde encontrar:
Biblioteca da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Referência bibliográfica:
BITTENCOURT, Leonardo. “Santa Rita Island (Brazil)”. In: OLIVER, Paul (edit). Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World. Cambridge - UK: Cambridge University Press, 1997, p. 1.633-1.634.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra:
Leonardo Salazar Bittencourt possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (1977) e doutorado em Environment and Energy Studies - Architectural Association Graduate School (1993). Atualmente é professor da Universidade Federal de Alagoas, atuando nos cursos de mestrado e doutorado em Arquitetura e Urbanismo. Tem experiência em consultoria, projetos e pesquisas na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em sustentabilidade Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: conforto ambiental, sustentabilidade do espaço construído, arquitetura bioclimática, eficiência energética em edificações e projeto de arquitetura.
A Ilha de Santa Rita [Marechal Deodoro, Alagoas] fica na costa nordeste do Brasil e, segundo o autor, é habitada por descendentes de índios, negros e portugueses. As principais atividades do lugar são a pesca, a agricultura e o comércio de produtos agrícolas. Mais recentemente, surgiu também o turismo. O assentamento na ilha é formado de casas ao longo dos caminhos próximos aos cursos d’água, sem qualquer planejamento, formando ruas sinuosas. As casas são construídas entre as árvores, sem qualquer geometria pré-concebida. Há muitos espaços externos comunais para trabalho e lazer que funcionam como extensões das casas. O tamanho das casas varia conforme o tamanho das famílias e a sala de estar está sempre voltada para a rua, não importa a direção do sol. Há também dormitórios sem janelas, o que o autor atribui à tradição portuguesa das alcovas. Segundo ele, os habitantes dizem que é por razão de segurança ou para manter as moças jovens virgens. A cozinha fica no fundo e serve também de sala de jantar. As instalações sanitárias ficam do lado de fora, a cerca de 10 m da casa. A estrutura é de madeira com esteios fincados diretamente no solo e as paredes são de taipa de sopapo, eventualmente revestidas com argamassa e caiadas, especialmente nas fachadas principais. As divisões internas são em meias paredes, o que proporciona o cruzamento de ventilação e iluminação, a qual também é obtida pela abertura deixada na empena no telhado. O piso é de chão batido ou cimentado e as janelas são de folhas cegas de madeira. A construção dessas casas pode envolver também os vizinhos. As coberturas são em duas ou quatro águas (tacaniça) e compõem-se de estrutura de madeira coberta com camadas de palha de coqueiro seca. Este tipo de telhado dura cinco anos, mas a reposição é fácil devido à abundância de coqueiros. O verbete é ilustrado com fotografia de uma casa da ilha.