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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Taipa de Mão

ISBN ou ISSN: 

1984-4506

Autor(es): 

Luís Saia

Referência bibliográfica: 

Saia, L. (2014). Origens da casa brasileira. Risco - Revista De Pesquisa Em Arquitetura E Urbanismo (Online), (18-19), 170-176. https://doi.org/10.11606/issn.1984-4506.v0i18-19p170-176

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Luís Saia (1911-1975) nasceu em São Carlos, São Paulo, e formou-se na Escola Politécnica de São Paulo em 1948. Trabalhou no IPHAN e tem, entre suas obras principais, A Casa Bandeirista (uma interpretação), de 1955, e Morada Paulista, de 1971.

Sumário obra: 

Não se aplica.

Resumo : 

Luís Saia apresenta nesse texto uma trajetória da casa brasileira com ilustrações extraídas da obra de Gilberto Freyre. Aponta que, nos primeiros séculos da colônia, a arquitetura brasileira seria sobretudo rural, desenvolvendo-se nesse meio com independência da metrópole. Os assentamentos litorâneos, por outro lado, tinham feição africana na moradia da escravaria, em casas humildes, de adobe e poucas partes de alvenaria, ao passo que as obras maiores eram de pedra trazida da Europa. Na arquitetura rural, houve a interpenetração da cultura e experiência dos portugueses, negros e indígenas na localização da casa-grande e da senzala e, principalmente, na estrutura das paredes de taipa de mão. Essa técnica espalhava-se por todo o Brasil nas casas-grandes e nas senzalas, nas vilas e é usada até hoje, quase que exclusivamente, nas casas dos caboclos. Mais ao Norte se manifestou a capacidade do indígena de usar os materiais à disposição na construção das choças dos seringueiros e dos mocambos. No Sul e no litoral vigorou a experiência portuguesa nas aglomerações semiurbanas, com necessidade de construções mais residentes. Sem uma tradição nativa anterior de moradias sólidas, empregaram-se os conhecimentos portugueses na sua estrutura plástica externa, com adaptações às condições mesológicas; no tratamento das peças; na orientação da planta, incorporando-se elementos da arquitetura oriental como os largos beirais, alpendres, pórticos, balcões, janelas rendadas, entre outros. A casa do trabalhador rural retrata a marcha tortuosa da escravidão na senzala, como moradia coletiva, para a liberdade relativa do caboclo em sua cabana, com sua família, sua criação, seu cavalo, assim descentralizando-se e espraiando-se pelo mato. Na formação do Brasil, duas figuras teriam sido importantes segundo Saia. O senhor de engenho, aglutinando os negros ao seu redor, e o padre, aproximando-se dos indígenas. Como a senzala em relação à casa-grande, o aldeamento dos indígenas agrupou-se em torno dos colégios, instalando-se nos altos. Embora nas suas linhas mantivesse a sobriedade da arquitetura clássica e de seus materiais, com paredes lisas, interrompidas pelas várias janelas, largos beirais e salas espaçosas, empregavam a mesma técnica da arquitetura rural, ou seja, a trama de galhos retos preenchida com a argila plástica. Esse padrão se repetiu quando o colono se interiorizou na penetração dos sertões, na expansão pastoril dos planaltos, na conquista das minas, dispersando-se a população mameluca e mestiça numa grande mobilidade pelo território, mas sem elaborar-se um estilo arquitetônico apurado nesse processo. Assim, o interior fixou os traços largos da habitação rural brasileira. Em contraparte, o mar engendrou a cidade, que cresceu de importância ao longo do tempo. No quarto século, cidades maiores, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, eram quase todas construídas pelo obreiro que vinha da metrópole, dando conta de necessidade de maior solidez, para funções de defesa. Fruto de um urbanismo instintivo, copiava, quando possível a experiência europeia. Mas ficou a marca do negro e do indígena na técnica de construção, na pequena habitação, no morro, tornando urbano o modelo da casa do caboclo, caracterizado pela sua forma de construção, disposição, cobertura, planta, resultando numa casa baixa, com largo beiral, janelas baixas e abertas. Houve, entretanto, um parêntese nas cidades de Minas, com o surgimento de soluções originais que faziam uma síntese do litoral com o interior.

Data do Preeenchimento: 
quarta-feira, 19 Agosto, 2020 - 16:00
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
domingo, 23 Março, 2025 - 16:00
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

Observação: 

Publicada originalmente na Revista Panorama – Coletânea Mensal do Pensamento Novo. Ano I, São Paulo, Março de 1936, número 3.

ISBN ou ISSN: 

85-99542-02-8

Autor(es): 

Antonio Luiz Dias de Andrade

Onde encontrar: 

Bibliotecas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Referência bibliográfica: 

ANDRADE,Antonio Luiz Dias de. "Aldeia de Carapicuiba". In: MORI,V.H.,SOUZA, M.C.S., BASTOS, R.L e GALLO, H. (orgs) Patrimônio: Atualizando o Debate. São Paulo: 9ª SR/IPHAN, 2006, p. 24-32.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Antonio Luiz Dias de Andrade (1948-1997) formou-se em Arquitetura na FAU-USP onde também realizou os cursos de mestrado e doutorado e atuou como professor a partir de 1976. Dirigiu a Superintendência do IPHAN em São Paulo de 1978 a 1994, atuando também no período como Conselheiro do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico Arquitetônico e Turístico de São Paulo – Condephaat. Pesquisador da arquitetura e das técnicas construtivas, especializou-se em restauração e conservação do patrimônio edificado, tendo realizado vários projetos e obras neste campo, além de publicado trabalhos relativos à preservação do patrimônio cultural e à arquitetura vernacular do Vale do Paraíba. Este artigo é uma reedição. 
Sumário obra: 

Não se aplica

Resumo : 
O estudo dialoga com antiga pesquisa realizada por Luis Saia, em 1938, sobre a Aldeia de Carapicuíba, localidade tombada pelo IPHAN que pertencente ao município de mesmo nome localizado na região metropolitana de São Paulo. Trata-se de estudo arquitetônico de caráter tipológico que contém também uma abordagem histórica e de cunho etnográfico, neste último aspecto, influenciada pelo estudo de Pierre Bourdieu sobre a casa Cabila e pelos de Carlos Lemos relativos ao uso social dos espaços na arquitetura tradicional brasileira. Contém ainda interessante documentação gráfica e fotográfica sobre a arquitetura popular produzida no local. O estudo objetiva mostrar como transformações econômicas, sociais e culturais impactam o espaço arquitetônico e urbano, podendo ser “lidas” através dos traços e estratos que deixam nesses espaços. A Aldeia de Carapicuíba foi escolhida como objeto de estudo por ser o único exemplo de aldeamento jesuítico que manteve por mais tempo padrões pré-estabelecidos de organização social e por existirem dados acessíveis relativos à natureza das atividades aí desenvolvidas. O autor inicia o texto descrevendo a implantação espacial e a situação atual do assentamento, ressaltando a permanência do partido jesuítico baseado na grande praça central circundada por habitações – o terreiro –, tendo em um dos lados, em posição de destaque, a capela. Descreve também as novas ocupações em torno deste núcleo, tanto no que toca às atividades produtivas como habitacionais. Assinala que embora as habitações sejam externamente semelhantes, dois tipos distintos de organização interna prevalecem a despeito da adoção comum da estrutura independente de madeira com vedações de taipa ou pau-a-pique: um que denomina de “erudito” e que identifica como decorrente de uma interpretação popular da casa típica do século XIX, organizada ao longo de um corredor central com distribuição clara de funções; e outro que caracteriza como simples justaposição de cômodos, sem evidência de “plano racional” de organização. Outros traços comuns das casas do terreiro seriam o partido que se acomoda à declividade do terreno e as coberturas em duas águas com cumeeira paralela à testada do lote. O autor comenta ainda o uso dos quintais como locais de serviço domésticos, preparação de alimentos, pequenos cultivos e criação de animais. Sobre as casas de construção mais recente, localizadas em loteamentos próximos do núcleo inicial, ressalta o padrão de implantação distinto do tradicional e caracterizado por cortes no terreno; a organização interna que tem como traço distintivo a sobreposição de funções; e o emprego de sistemas construtivos e materiais de construção variados como alvenaria de tijolos, blocos de concreto, folhas de zinco, placas de fibrocimento e lajes pré-moldadas. Por fim, são descritos os dois tipos de casas isoladas existentes em torno do núcleo central: as casas menores e mais antigas que não diferem das existentes no terreiro da aldeia e as casas maiores construídas mais recentemente em lotes maiores para lazer e recreio. O estudo conclui que a partir de um agenciamento padrão mais antigo, os espaços internos das habitações foram sendo reorganizados conforme as novas ordens sociais que surgem, as diferenças culturais e as disponibilidades econômicas. 
Data do Preeenchimento: 
quinta-feira, 6 Março, 2014 - 13:00
Pesquisador Responsável: 

Marcia Sant’Anna

Data da revisão: 
sábado, 30 Agosto, 2014 - 13:00
Responsável pela Revisão: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Observação: 

Bibliografia indicada:

BOURDIEU, Pierre. La Maison Kabile ou Le Monde Renversé. In: Echanges et communications – Mélanges offerts à C. Lévi-Strauss l’occasion de son 60e nniversaire.

Paris/La Haye: Mouton, 1970, p. 739-758. 
 
LEMOS, Carlos. Pesquisas sobre habitação popular – 1964-1965. São Paulo: FAU/USP, 1976.

SAIA, Luis. Aldeia de Carapicuíba – original datilografado, 1938.

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