O autor realiza nesta obra um estudo da história da técnica no Brasil. Explica porque não o fez baseando-se na História das Invenções, como ocorreu na Europa, devido à falta de um critério explícito para caracterizar que invenções seriam relevantes para o desenvolvimento técnico da humanidade, além do fato de que, no Brasil, não ocorreram “grandes invenções”. O estudo da técnica passa a ser estudado então por meio da análise da produção de bens tangíveis e intangíveis. Para tanto, Katinsky agrupa as técnicas de produção em três grupos interdependentes: técnicas de ocupação territorial ou relativas à organização dos assentamentos humanos; técnicas de produção para a troca – comércio interno em uma comunidade ou intercomunidades – e tecnologia strictu sensu, ou seja, técnicas de representação ou imagens que uma comunidade adota para compreender seu universo. Com relação às técnicas de ocupação territorial, informa que elas podem ser entendidas como um leque que compreende técnicas de implantação no sítio, técnicas de transportes, técnicas construtivas, técnicas de saúde e educação e, finalmente, técnicas de segurança e defesa. Para cada uma delas o autor comenta como se desenvolveram e, no caso especifico das técnicas construtivas que constituem um objeto de maior interesse para o presente guia, o autor comenta sua origem nas tradições ibéricas, descrevendo superficialmente as técnicas construtivas utilizadas em cada região do Brasil e justificando seu uso pela facilidade de acesso a determinados materiais. Descreve também como foram feitos os primeiros sistemas de abastecimento de água, isto é, os aguadeiros e chafarizes. Com relação às técnicas de troca, o autor descreve a produção de bens, tanto para o mercado local como mundial, partindo dos principais produtos do período coloniais: o açúcar, o ouro e a farinha de mandioca. Informa também sobre uma incipiente indústria da construção naval que não prosperou. No campo da tecnologia o autor se refere à intensa produção de ideias que foram materializadas através de tratados, em especial, os religiosos e militares. Chama a atenção para o tratado de Antonil, Cultura e Opulência do Brasil, por suas informações sobre drogas e minas, e para o Tratado de Arquitetura, de Frei Bernardo de São Bento, entre outros documentos manuscritos e impressos. O livro contém algumas ilustrações e apresenta bibliografia dividida por assunto, de acordo com as técnicas que o autor descrimina no texto.