A obra registra a heterogeneidade cultural do território brasileiro como consequência da sua diversificada natureza, dos diferentes processos de ocupação e das diferentes etnias que configuraram sua população. Para demonstrar esta diversidade cultural, o autor trabalha com a relação entre a arte popular e erudita, vista nas suas diversas representações: literatura, artes plásticas, dança, música, teatro e arquitetura. A primeira discussão apresentada no livro pontua as diferenças entre os conceitos de popular e vernacular. Segundo o autor, o termo vernáculo é mal empregado quando aplicado à arquitetura e defende que a expressão mais correta para se referir ao saber do povo m sua relação com a construção é o termoarquitetura popular – aquela que é própria do povo e por ele realizada. Ressalta ainda que esta é a terminologia corrente nas mais diversas línguas, com destaque para os países ibéricos. A partir desta conceituação, a obra passa a apresentar tópicos específicos sobre a arquitetura popular brasileira, destacando suas características, importância, técnicas e materiais construtivos utilizados. Quanto às características desta arquitetura o autor destaca: 1) a simplicidade – que seria resultante da utilização dos materiais fornecidos pelo meio ambiente, da relação direta com a natureza e das limitações econômicas dos construtores; 2) a adaptabilidade – característica que tem origem na arquitetura produzida pelos imigrantes que ocuparam o território brasileiro; e 3) a criatividade – presente tanto na imaginação formal como no emprego de materiais construtivos. O fenômeno da construção popular é entendido como a relação direta entre o material, a técnica empregada e a forma plástica, sendo ainda decorrente do respeito às tradições culturais do grupo, o que, para o autor não constituiria um traço limitador da criatividade, mas que expressaria o espírito conservador de cada grupo. Baseado nessas reflexões, o autor analisa os diferentes espaços construídos no Brasil - as tocas, as casas da caatinga, as moradias nas regiões do litoral, as casas das areias e coqueiros, as casas dos mangues e pântanos, as casas flutuantes, as moradias no interior das florestas, as casas no campo e as favelas urbanas. Tendo como base a composição étnica da sociedade brasileira, o autor busca identificar as principais contribuições dos indígenas e africanos, além das contribuições ibéricas e das influências romanas, germânicas, açorianas e islâmicas, como também a influência dos imigrantes mais recentes, em especial os holandeses, alemães, italianos, poloneses e japoneses na produção da arquitetura brasileira. O capitulo VII é dedicado aos materiais e técnicas construtivas utilizadas na arquitetura brasileira e nele Weimer destaca três tipologias construtivas: as construções de materiais orgânicos; as construções de terra e as construções com materiais industriais. As construções de materiais orgânicos são separadas em três tipos: a) construções que utilizam folhas e fibras nas vedações de paredes e telhados; b) construções que utilizam a madeira na estrutura e nas vedações; c) construções que utilizam materiais singulares, tais como couro de boi e cavalo, além de esterco. As construções em terra apresentam diferentes técnicas construtivas como a taipa de pilão, taipa de mão, taipa de sebe, taipa de sopapo, adobe, cerâmica, construções com terra natural e construções em torrões. As três últimas técnicas são mais raras de ser encontradas na contemporaneidade, porém foram muito utilizadas no período do Brasil Colônia. Na categoria das construções em terra o autor destaca ainda o uso deste material associado ao uso da pedra. Por fim, são apresentados os materiais industriais, com destaque para o uso das telhas de folha de flandres, mais conhecidas como telhas de zinco, que chegaram ao Brasil por volta da Primeira Guerra Mundial, das telhas de papel alcatroado, das telhas de argamassa armada e, mais recentemente, das telhas de cimento amianto. O autor faz também referências especiais às casas dos cidadãos ilustres, às construções populares de influência erudita, à arquitetura vinculada dos ciclos econômicos históricos, como os engenhos de açúcar e, finalmente, trata da integração da arquitetura com a paisagem. O livro e fartamente ilustrado com desenhos do autor.