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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

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Nova Esperança

ISBN ou ISSN: 

Não se aplica.

Autor(es): 

Ana Carolina Amaral Martins

Referência bibliográfica: 

MARTINS, Ana Carolina Amaral. Morar na favela: estudo das representações sociais da moradia nas favelas Nova Esperança e Vila Pereira da Silva. 2007. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de janeiro.
 

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Ana Carolina Amaral Martins possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004) e mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela mesma universidade (2006). Atuou na realização de projetos de arquitetura residencial e comercial. Atualmente, trabalha com pesquisa na área de arquitetura na UFRJ, com foco nos temas de habitação de interesse social, favelas e representações sociais. Em 2005, recebeu Menção Honrosa no Concurso Nacional de Anteprojetos de Habitação de Interesse Social, promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas (SINDUSCON- AM) e pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).
Informações obtidas em: https://www.escavador.com/sobre/2048907/ana-carolina-amaral-martins

Sumário obra: 

INTRODUÇÃO

  1. AS FAVELAS CARIOCAS: REPRESENTAÇÕES E POLÍTICAS
  2. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
  3. ESTUDOS DE CASO
  4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PROJETUAIS
  5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  6. ANEXOS

 

Resumo : 

Nesta dissertação, a autora, apoiada na “Teoria das Representações Sociais”, busca compreender a representação da moradia pelos moradores de duas favelas cariocas e a maneira pela qual eles concretizam este ideal dentro dos limites existentes. Por meio do entendimento dessa representação coletiva de moradia, a autora visa um direcionamento mais eficaz e coerente para os projetos empreendidos por políticas de habitação coletiva. Para Martins, é preciso entender o que é o “morar bem” para os moradores das favelas, pois, apenas através da satisfação de seus anseios e necessidades poder-se-á obter sucesso na resolução dos problemas de habitação. Martins inicia a dissertação com um breve histórico dos assentamentos informais no Rio de Janeiro, das políticas públicas de habitação e da representação da favela no imaginário coletivo. A dissertação é ricamente ilustrada com plantas-baixas, gráficos e tabelas. As favelas cariocas selecionadas são “Nova Esperança” e “Vila Pereira da Silva”. Ambas ocupam uma área pequena, possuem um número similar de famílias, cerca de 500, e há pouca presença do tráfico de drogas. A Nova Esperança é uma favela de ocupação recente, década de 1990, e localiza-se na Gardênia Azul, bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A favela é facilmente acessada por meios de transporte e pelo traçado viário, tendo a avenida Ayrton Sena como um de seus limites. Até o momento de realização da pesquisa de campo, a favela ainda não havia sido urbanizada: suas ruas eram de terra, a distribuição de energia era inconstante e o sistema de esgoto havia sido uma obra realizada pelos próprios moradores. Quase todas as casas eram de alvenaria e a implantação se deu em um terreno plano e sem árvores. A Vila Pereira da Silva, conhecida como “Pereirão”, é uma favela cujo processo de ocupação iniciou-se na década de 1930. Localiza-se no bairro das Laranjeiras e faz limite com o bairro de Santa Teresa. A proximidade com esses bairros a dividiu em duas áreas cujas ocupações possuíam características físicas distintas: a área próxima a Laranjeiras possuía casas menores, acabamentos piores e um número maior de moradores recentes; já a área próxima à Santa Teresa possuía casas maiores, com acabamento melhor e um maior número de moradores antigos. Até julho de 2006, o Pereirão já havia passado pelo programa Bairrinho da Prefeitura do Rio de Janeiro. A favela se localiza em área de aclive, o que permite melhores condições de ventilação dentro das casas. Na pesquisa de campo, foram realizados questionários que solicitavam a associação de palavras de livre evocação relacionadas à palavra indutora “moradia” e perguntas abertas sobre o que é morar com conforto, segurança e tranquilidade. Traçou-se o perfil socioeconômico dos entrevistados e realizou-se o levantamento cadastral de edificações, quando autorizado. Por meio da associação de palavras, buscou-se definir qual era o núcleo central da representação social da moradia e que ideias compunham o seu sistema periférico. O núcleo central é composto pelas ideias mais consolidadas e compartilhadas socialmente, e que, portanto, são mais estáveis ao longo do tempo e constituem as prioridades daquele grupo. Já o sistema periférico é composto pelas influências do contexto e da experiência cotidiana na construção do conceito de morar bem, mas com ideias mais variáveis e mais rapidamente modificáveis. Em Vila Nova Esperança, as palavras “saneamento” e “tranquilidade” compõem o núcleo central, enquanto as palavras “lazer”, “lugar”, “alimentação”, “conforto”, “comunidade”, “transporte” e “trabalho” compõem o sistema periférico. O saneamento deficiente era fonte de inúmeras queixas, já a tranquilidade, associada à não-violência e ausência do tráfico de drogas, é uma qualidade que atrai moradores para o local. Portanto, nessa favela, o “morar bem” está mais associado a questões externas à própria moradia. Em Vila Pereira da Silva, a palavra “conforto” compõe, isoladamente, o núcleo central, enquanto no sistema periférico encontram-se as palavras “família”, “saneamento”, “lazer”, “dinheiro”, “luz”, “construção”, “vizinhança”, “alimentação” e “limpeza”. É importante notar que como o “Pereirão” já era uma favela mais consolidada e possuía infraestrutura urbana, as prioridades para os moradores eram diferentes das de Nova Esperança. Foi também realizado com os moradores um teste de seleção de imagens, onde deveriam escolher as três que mais tinham a ver com “morar bem” e as três que não. Foram solicitadas justificativas das imagens escolhidas, a fim de se obter informações mais precisas. Em ambas as favelas, que elegeram as mesmas imagens como as mais representativas do “morar bem”, apreendeu-se que esse conceito envolve morar em uma casa com telhado de duas águas, isolada no terreno, inserida em um entorno agradável (cercada pela natureza) e tranquilo, confortável e bonita. Quanto à escolha das imagens menos representativas do “morar bem”, notou-se uma repulsa pela ideia de morar em apartamentos e por elementos que lembrem a “favela”, de modo geral. Em cada um dos casos, a imagem eleita como menos representativa do “morar bem” foi a imagem da própria favela analisada. Foram também escolhidas imagens de conjuntos premiados, elaborados por arquitetos, nas quais a semelhança com a estética da favela não era agradável aos moradores. Além disso, a própria representação da “favela”, presente no imaginário da sociedade como lugar de violência, desorganização, aglomeração de pessoas, e a condição de aclive (no caso do Pereirão), causam rejeição em grande parte dos entrevistados. A análise das plantas-baixas das residências foi essencial para o entendimento de como os moradores buscavam concretizar, dentro dos limites possíveis, elementos constituintes do “morar bem”, o que tornou possível notar suas prioridades. Martins analisa plantas-baixas de diferentes residências, desde as muito pequenas até as relativamente grandes, e observa que, em ambas as favelas, é comum a presença de um cômodo multifuncional (geralmente “sala”, em Nova Esperança, e “quarto” em Vila Pereira da Silva) e também a escassez de divisórias internas, cabendo aos móveis realizar esta separação de funções. Além disso, é muito raro encontrar espaços destinados unicamente à circulação, o que faz com que os próprios cômodos exerçam essa função, havendo perda de área útil. A compartimentação dos cômodos, a quantidade adequada de fenestrações e a presença de varandas e quintais são elementos que, quando existentes, revelam uma tentativa de concretização do ideal de “morar bem”. Ao analisar as residências, Martins observou que, embora essa concretização esteja muito aquém do que é idealizado, existem aproximações que podem ser verificadas quando a casa é unifamiliar, possui mais privacidade, tem contato com a natureza por meio de um quintal e apresenta espaços generosos, internos ou externos. A autora pondera que muitos projetos de habitação de interesse social não abrangem estes elementos, o que pode causar sua não aceitação e um consequente retorno às favelas de origem. Desta forma, conclui-se que é imprescindível conhecer os moradores para os quais os projetos serão destinados e entender seus desejos e necessidades, a fim de que os projetos sejam adequados e eficazes a longo prazo e que contribuam para a melhoria da questão da habitação no Brasil.

Data do Preeenchimento: 
sexta-feira, 1 Março, 2019 - 09:30
Pesquisador Responsável: 

Natália Cristina Ribeiro Bessa

Data da revisão: 
segunda-feira, 20 Maio, 2019 - 17:30
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

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