COSTA, Ana de Lourdes Ribeiro da. Ekabó!:trabalho escravo, condições de moradia e reordenamento urbano em Salvador no século XIX. Dissertação de Mestrado. Mestrado em Arquitetura e Urbanismo - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1989.
Eixos de análise abordados:
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra:
Ana de Lourdes Ribeiro da Costa (1961-2009) graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (1983), fez mestrado em Arquitetura e Urbanismo (1989) e especialização em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos - CECRE (1984) pela Universidade Federal da Bahia e doutorado em Teoría e Historia de la Arquitectura pela Universitat Politècnica de Catalunya-Barcelona-Espanha (2003). Foi professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da mesma universidade. Sua experiência na área de Arquitetura e Urbanismo enfatizou a História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo principalmente nos seguintes temas: cidade colonial brasileira; escravos urbanos; história urbana.
Informações obtidas em: Plataforma Lattes e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na UFBA.
Sumário obra:
Introdução
1. O ESCRAVO NA ECONOMIA E SOCIEDADE DA CIDADE DO SALVADOR NO SÉCULO XIX
2. O MUNDO DO TRABALHO ESCRAVO
3. PRESENÇA ESCRAVA NAS FREGUESIAS
4. CONDIÇÕES DE MORADIA DO TRABALHADOR ESCRAVO
Conclusões
Fontes e bibliografia
Resumo :
O objetivo da dissertação é estudar as condições de moradia dos trabalhadores escravos em Salvador no século XIX a partir de suas relações de trabalho Pretende ainda compreender como a forma de habitar influi na organização espacial da cidade. O estudo prioriza, principalmente, o intervalo entre 1835 e 1872 devido à intensa atividade escrava urbana existente no período e à realização do censo de 1855 e do primeiro censo oficial abrangendo todo o país em 1872. A obra é dividida em quatro capítulos. O primeiro busca a compreensão do contexto socioeconômico no qual escravo está inserido e como influencia a vida deste. O segundo descreve a organização geral do trabalho escravo no meio urbano. O terceiro analisa dez freguesias urbanas, enfatizando sua ocupação negra e a predominância de escravos e libertos, buscando o entendimento de como as relações de trabalho influíram na configuração do espaço urbano. O quarto capítulo é a parte que mais interessa ao estudo da arquitetura popular, uma vez que apresenta as formas e condições de moradia dos escravos no meio urbano, relacionadas ao senhor ou não, descrevendo, por meio de relatos de viajantes, de plantas simplificadas e de informações dos censos realizados, as tipologias e, principalmente, os sobrados mais centrais nos quais os escravos geralmente residiam com seus senhores. A autora demonstra por que razões a maneira de habitar no meio urbano diferenciava-se da senzala rural, enfatizando o dinamismo gerado por nova realidade socioeconômica. Dentro da cidade, nas áreas mais periféricas, havia roças de subsistência, criação de animais e atividade de pesca, de onde muitos negros libertos tiravam o sustento, permitindo que alternassem suas atividades rurais com comerciais ligadas ao “ganho”. Relaciona-se também a forma de habitar dos escravos com as necessidades que a vida urbana impunha aos senhores, o que teria permitido que muitos escravos habitassem fora das suas propriedades, seja por serem “alugados” por terceiros, sejam por morarem por conta própria. A autora finaliza este capítulo abordando as condições de salubridade das habitações urbanas e dos arredores.