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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

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ARQUITETURAS DE TERRA DO QUILOMBO SALAMINA PUTUMUJU: O Valor da Terra em Esquecimento

ISBN ou ISSN: 

2318-4035

Autor(es): 

Fábio Macêdo Velame

Onde encontrar: 
Referência bibliográfica: 

VELAME, Fábio M. ARQUITETURAS DE TERRA DO QUILOMBO SALAMINA PUTUMUJU: O Valor da Terra em Esquecimento. In: Anais do IX ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, 4, 2013, Salvador, Bahia.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Fábio Velame possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia - UFBA (2003), Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU-UFBA e Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pelo mesmo programa. Atualmente é Professor Adjunto III da Faculdade de Arquitetura da UFBA. Têm experiência na área de Arquitetura e Urbanismo com ênfase em Cidades Africanas, Arquiteturas e Urbanismo Africano, Racismo e Cidade, Arquiteturas de Povos e Comunidades Tradicionais e Arquiteturas de Grupos Étnico-Raciais: Arquiteturas Afro-brasileiras - Habitação Escrava, Remanescentes de Quilombos, Terreiros de Candomblé, Afoxés, Blocos Afro, Maracatus, Congadas, Marujadas; Aldeias Indígenas; Comunidades de Fundos e Fechos de Pasto; Povos Ciganos; Ribeirinhos; Comunidades Extrativistas; Colônias de Pescadores e Marisqueiros e Gerazeiros.
 
Informações disponíveis: http://lattes.cnpq.br/0386406510741414

Sumário obra: 

Não se aplica.

Resumo : 

O artigo apresenta as principais características e tradições da comunidade quilombola de Salamina Putumuju, a maior em extensão territorial do município de Maragojipe, na Bahia, com 52 famílias divididas em seis localidades: Tororó, Ponta do Ferreiro, Olaria, Dunda, Piripau e Forte Salamina. Em relação ao contexto histórico dessa região, o autor relata que, além dos índios que viviam da roça, da pesca e da caça, havia os colonizadores portugueses que investiram na cana de açúcar, dando origem aos primeiros engenhos da região, destacando-se o Engenho Novo. Posteriormente, esse engenho foi transformado na Fazenda Charqueada Salamina, em que se desenvolveu a criação de gado. Alguns quilombolas remanescentes do período do engenho permaneceram trabalhando na fazenda, submetidos a práticas escravistas abusivas e violentas. A arquitetura de terra também é uma das características mantida pela comunidade, feita de taipa de mão ou sopapo, uma técnica tradicional do período colonial que se caracteriza por ter elementos estruturais em madeira e paredes formadas por uma trama de madeira preenchida com barro lançado à mão. Segundo Velame, essa é uma comunidade que condensa na sua constituição os valores de respeito à natureza, à ancestralidade e ao parentesco. Para os moradores, a natureza é sagrada, como um habitat de entidades divinas, e a arquitetura quilombola torna-se parte dela. Com relação à ancestralidade, segundo o autor, a arquitetura conserva a memória do ancestral fundador da casa através da conservação da maneira de fazer, dos ensinamentos, do uso da taipa de mão, do conhecimento dos melhores locais para se retirar o barro e encontrar as madeiras mais resistentes para a construção. Já as relações de parentesco se fortalecem quando pessoas de uma mesma família se unem em prol da conservação da sua casa no quilombo. Em relação aos elementos estruturais, as casas possuem pilares, também chamados de forquilhas, que rodeiam toda a construção. As vigas são denominadas de travessas que realizam o fechamento superior da casa, auxiliando na sustentação dos elementos da cobertura e na amarração dos pilares. Para estes, utiliza-se a madeira resistente e duradoura. Já os elementos presentes nas esquadrias, nas tramas do telhado e na estrutura de vedação são feitos de madeiras claras e pouco resistentes. A trama de vedação e as forquilhas são fixadas no chão entre 50 cm e um metro de profundidade, sempre rodeadas por conchas de ostras ricas em cálcio que endurecem a madeira e a sua estabilidade no solo. Para facilitar a manutenção da taipa de mão, foram adotadas nas casas elementos como varandas laterais e frontais, que protegem as paredes contra as intempéries, além do uso de argamassa e pinturas a base de cal para protegê-las contra insetos. O piso é elevado para evitar a umidade nas paredes. O autor conclui que todo esse patrimônio está em risco devido às políticas públicas de habitação de cunho homogeneizante, como o programa Minha Casa Minha Vida, que trazem modelos de moradias pré-estabelecidos, que não têm relação com as tradições locais, e não incluem propostas para o entorno, como urbanização e saneamento. Outro risco diz respeito à ética e estética dos cultos Neopentecostais, que reduziram drasticamente as manifestações culturais afro-brasileiras nessa comunidade, além de associarem a arquitetura de terra a um símbolo dessa cultura “pagã”, fazendo com que muitos fiéis quilombolas optem por casas em alvenaria de tijolos como forma de se aproximarem da religião. A diminuição das madeiras de lei, em virtude do desmatamento, faz com que a madeira encontrada atualmente nas matas seja pouco resistente, reduzindo a durabilidade das casas de taipa e motivando os quilombolas a utilizarem outro material em suas construções. Sendo assim, segundo o autor, os valores que constituem essa comunidade não têm sido suficientes para a manutenção das suas tradições, diante das dificuldades enfrentadas atualmente, o que tem causado o rompimento das relações de parentesco e com os antepassados, além do afastamento das técnicas e saberes tradicionais. Com isso, o resultado é o enfraquecimento da identidade quilombola.

Data do Preeenchimento: 
terça-feira, 14 Janeiro, 2020 - 15:30
Pesquisador Responsável: 

Melissa Torres de Amorim

Data da revisão: 
terça-feira, 11 Fevereiro, 2020 - 15:30
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant’Anna