O livro faz parte da Coleção Cadernos de Memória - Mestres Artífices que também integra mais dois volumes sobre Minas Gerais e Pernambuco. Resulta do desenvolvimento do Projeto Mestres e Artífices da Construção Tradicional, realizado em parceria entre o Iphan, o Programa Monumenta e a UNESCO. O volume está divido em apresentação, textos sobre a importância do registro do saber-fazer ligado à construção tradicional e sobre os mestres artífices e, posteriormente, capítulos que identificam as regiões do estado de Santa Catarina que possuem características semelhantes no que diz respeito à construção tradicional. Por fim, são apresentadas as conclusões da pesquisa, referências bibliográficas e o cadastro dos mestres e artífices identificados. As regiões são definidas a partir de características ligadas à imigração e aos tipos de técnicas encontradas. Assim, a obra apresenta dois capítulos relativos às regiões do Sul Catarinense e do Vale do Itajaí, um capítulo sobre o que se denomina de “arquitetura austro-brasileira” e outro sobre o Planalto Norte. No primeiro texto, Leonardo Barci Castriota ressalta a importância da preservação do patrimônio imaterial, fazendo um breve apanhado histórico acerca do processo de valorização deste tema, com enfoque no registro das técnicas construtivas tradicionais através dos inventários de referências culturais. Em seguida, Margareth de Castro Afeche Pimenta desenvolve ricamente o conceito e o processo de formação dos mestres artífices e apresenta também estruturação da pesquisa para sua identificação em Santa Catarina, desde a formação das equipes de pesquisadores, análise histórica das imigrações, desenvolvimento das técnicas tradicionais na atualidade, concluindo com considerações sobre o rico contexto cultural do estado, decorrente das atividades migratórias ao longo da sua história. A obra segue com um capítulo sobre as atividades dos mestres artífices na região de imigração italiana no sul catarinense, enfatizando a carpintaria, marcenaria, cantaria e ferraria, com depoimentos dos
artesãos acerca do processo de aprendizado, materiais utilizados e relatos cotidianos. Com organização semelhante, o capítulo sobre o Vale do Itajaí focaliza os ofícios da carpintaria, marcenaria, cantaria, pintura e olaria dos imigrantes alemães, destacando, entre outros temas, a carpintaria para confecção de estruturas em enxaimel e as técnicas de restauro em pintura e madeira. O capítulo sobre a “arquitetura austro-brasileira” aborda os ofícios da construção e a carpintaria marcados pelas características tirolesas, com enfoque na cidade de Treze Tílias, onde há influência também dos imigrantes italianos que ali residem. É interessante destacar que nesta localidade muitos mestres têm origem italiana, mas executam a arquitetura austríaca. No capitulo reservado ao Planalto Norte, também com foco na construção e carpintaria, mostra-se uma região marcada pela miscigenação entre etnias europeias e caboclas, o que se revela nas várias tradições construtivas existentes. É importante destacar que em todos os capítulos há relatos que vão além da catalogação dos mestres e das técnicas construtivas, como as relações interpessoais entre mestres e aprendizes e destes com a comunidade local, além de fatos históricos e festividades, como a festa da cumeeira, e aspectos culturais fundamentais para um pleno entendimento da obra. O livro é fartamente ilustrado com fotografias.