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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Habitação Indígena no Alto Xingu.

ISBN ou ISSN: 

Não encontrado.

Autor(es): 

SÁ, Cristina; CORRÊA, Eduardo

Referência bibliográfica: 

SÁ, Cristina; CORRÊA, Eduardo. Habitação Indígena no Alto Xingu. In: SILVEIRA, Ênio. Revista Encontros com a Civilização Brasileira, nº 12. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1979. p.129 – 142.

Eixos de análise abordados: 
Território e etnicidade
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Cristina Cunha da Costa e Sá graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ, 1970), onde também se especializou em Arqueologia (Museu Nacional-UFRJ, 1980). Possui Mestrado em Estruturas Ambientais Urbanas (FAU-USP, 1982) e Doutorado em Arquitetura, na área de concentração em Estruturas Ambientais Urbanas (FAU-USP, 1988). É professora aposentada da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde atuou na área de elaboração de projetos e coordenou atividades de ensino, pesquisa e extensão. Atuou também como pesquisadora da área de História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo, focalizando as relações entre Espaço, Cultura e Sociedade, principalmente no âmbito da arquitetura popular, tendo realizado levantamentos de campo em áreas indígenas, assentamentos de pescadores, favelas e áreas urbanas de baixa-renda.
Não foram encontradas informações sobre Eduardo Henrique Bacellar Corrêa, fotógrafo das atividades de campo.
 
Informações obtidas em: https://www.escavador.com/sobre/1731323/cristina-cunha-da-costa-e-sa

Sumário obra: 

Não se aplica.
 

Resumo : 

Neste capítulo, Cristina Sá trata da habitação tradicional de povos indígenas localizados no Alto Xingu. Os grupos que habitam a área são: Kamayurá, Aweti, Waurá, Mehinaco, Yawalapiti, Kuikuro, Kalapalo, Nahukwa-Matipu, Trumai e Txikão. Exceto quanto aos Txikão, há uma certa homogeneidade cultural, o que proporciona um grau de solidariedade nas relações intertribais. As principais diferenças entre estes povos são a língua e a especialização artesanal. Durante a visita de campo da autora (julho e agosto de 1978), cada grupo ocupava uma única aldeia autônoma e quatro foram visitadas: duas aldeias Aruak (Yawalapati e Mehinaco), uma Karib (Kalapalo) e uma Tupi (Kamayurá). A aldeia altoxinguana é formada por um círculo de casas voltadas para um pátio em cujo centro estão localizadas as sepulturas (delimitadas por uma cerca baixa) e, em lugar próximo, a casa das flautas (ou casa dos homens), espaço tradicional estritamente proibido às mulheres. Em frente à esta casa, há um grande tronco descascado, local reservado à socialização masculina. O pátio, o acesso principal da aldeia, os locais de banho e alguns caminhos externos (que vão para os roçados ou para outras aldeias) são considerados espaços públicos, que podem ser desfrutados por todos os membros do grupo. Já os caminhos internos, sejam os radiais que levam ao pátio ou os periféricos que interligam as casas, sofrem uma relativa distinção por gênero: os primeiros são preferencialmente masculinos e os segundos, femininos. Sá divide as áreas públicas em dois tipos: um corresponde aos espaços onde é imperativa a interação entre os indivíduos (o pátio, o acesso principal e a área de banho principal), e o outro corresponde aos espaços onde os membros da aldeia podem gozar de suas individualidades sem serem importunados e sem a exigência da socialização (áreas de banho secundárias e caminhos secundários externos). Já as áreas consideradas privativas são aquelas exclusivas do grupo doméstico, como a casa, parte do terreno adjacente e caminhos que a ela conduzem. A casa tradicional é antropomorfizada, ou seja, é constituída por elementos análogos às partes de um corpo humano ou animal: os pilares correspondem às pernas, a cumeeira corresponde ao alto da cabeça, a fachada principal constitui o peito e a fachada oposta corresponde às costas,  os pelos são as palhas da cobertura e as varas horizontais onde são amarradas correspondem às costelas. A casa também possui “brincos” (pedaços de tronco de árvores com raízes) que desempenham uma função unicamente estética. Quando uma nova aldeia é construída, a velha é destruída, e a nova ocupação se inicia pela construção de uma única casa onde habitarão todos os membros do grupo até que as demais casas sejam construídas. Essa primeira edificação é a maior e a mais bem-acabada, e todos os homens da aldeia participam de sua construção que, dura cerca de seis meses. As demais casas são construídas apenas pelos homens do grupo doméstico que irá habitá-la e apresentam algumas diferenças em relação ao modelo primordial, como uma estrutura simplificada, modelos diferentes de cobertura e paredes e planta-baixa retangular como nas casas “neobrasileiras”. Sá descreve a ordem do processo construtivo da maior casa tradicional de uma aldeia Yawalapiti, conforme foi observado em campo. O processo se inicia pelo corte e transporte para a aldeia da madeira e dos cipós que serão utilizados na construção, evento que ocorre na estação das chuvas, em janeiro. A construção se inicia pelo levante dos cinco pilares principais, alinhados com o eixo longitudinal da falsa elipse que configura a planta, de maneira que os dois de maior diâmetro (50cm) fiquem próximos das extremidades longitudinais e os outros três (de menor diâmetro) fiquem no centro ou próximos a ele. Estes pilares possuem 10 metros de altura, porém dois metros ficam enterrados. Depois, são colocados os mourões que delimitam o perímetro da planta baixa. Em seguida, é feita a amarração dos pilares (um pouco abaixo de seu topo) com duas vigas (exceto nas casas de estrutura simplificada, onde existe apenas uma viga superior). O resto da estrutura vertical é amarrado nas vigas e, logo depois, são feitas as amarrações horizontais, começando pelo topo dos mourões. No topo dos pilares (o “alto da cabeça da casa”) é colocada a cumeeira. Em seguida, são adicionados os “dentes” (“prolongamento superior da estrutura vertical que se projeta para frente”, conforme descrição da autora) e os “brincos” da casa. Varas verticais que vão até cumeeira são colocadas por trás da estrutura vertical pré-existente e, sobre elas, são amarradas varas horizontais (as “costelas da casa”). Quatro duplas de pilares em “x” são colocadas perpendicularmente ao eixo longitudinal da casa para fazer o contraventamento. Por fim, já no mês de junho, a palha (correspondente aos “pelos da casa”) é amarrada nas “costelas”. O espaço interno é dividido em setores social, de  serviço e íntimo e é bem escuro, o que faz com que, durante a estação seca, pequenas aberturas sejam feitas (mediante a retirada de palha), de maneira a iluminar a execução dos trabalhos. A casa possui duas entradas dispostas no eixo-menor da falsa elipse. Uma volta-se para o pátio e corresponde ao setor social (e masculino) da casa, onde são recebidos os visitantes e são realizadas as danças rituais. A outra volta-se para o lado externo da aldeia e corresponde ao setor de serviço (e feminino) da casa, onde se localiza a cozinha. O depósito de alimentos fica sobre um jirau, junto aos três pilares intermediários, no centro da casa. O setor íntimo se localiza nos semicírculos que encerram o plano longitudinal e é onde o grupo doméstico dorme em redes que, por sua vez, se apoiam no pilar mais robusto e nos mourões perimetrais. Embora setorizada, a casa não apresenta divisões internas, exceto quando nela habitam adolescentes em reclusão, quando criam-se divisórias na área a eles destinada com cobertores, madeira ou palha. Sá apresenta uma tabela comparativa entre os grupos pesquisados, com informações sobre a dimensão, planta-baixa e “estilo” das casas encontradas, além da presença ou não de determinados tipos de construção e suas quantidades nas aldeias pesquisadas. Em seguida, a autora trata das atualizações feitas em diferentes escalas: a dos objetos (por exemplo, a substituição de portas de palha por portas de madeira ou de chapas onduladas); a da forma e dos materiais (como a planta-baixa retangular e o uso de barro no preenchimento das paredes); e a do espaço coletivo, com a inserção de novos elementos (balizas para jogos de futebol colocadas no pátio tradicional). Por fim, a autora descreve as construções “neobrasileiras” presentes na sede administrativa do Parque do Xingu (Posto Leonardo Villas Boas) e critica sua inadequação ao contexto cultural local. O texto é ilustrado com desenhos esquemáticos, plantas-baixas e fotografias.

Data do Preeenchimento: 
quinta-feira, 2 Abril, 2020 - 22:45
Pesquisador Responsável: 

Natália Cristina Ribeiro Bessa

Data da revisão: 
terça-feira, 14 Abril, 2020 - 22:45
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant'Anna